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Esportes

Camisa 9 da Venezuela sofreu com racismo e foi goleador na Inglaterra

Com 11 gols e sete assistências no último Campeonato Inglês, o centroavante venezuelano participou diretamente do mesmo número de gols que Roberto Firmino

Camisa 9 da Venezuela sofreu com racismo e foi goleador na Inglaterra

Foram 11 gols em 32 jogos na última edição da Premier League, sua primeira com a camisa do Newcastle. Porém, o gol mais importante de Salomón Rondón na atual temporada aconteceu há pouco mais de uma semana, nos Estados Unidos.

No melhor estilo “camisa 9 rompedor”, o venezuelano recebeu lançamento longo na grande área, cortou o marcador e bateu forte de perna esquerda para fechar a vitória por 3 a 0 sobre os americanos, em amistoso preparatório para a Copa América.

Salomón Rondón. (Foto: Divulgação)

Foi o segundo de Rondón no jogo, uma dobradinha que o levou ao topo da lista de artilheiros históricos da seleção da Venezuela com 24 gols, ultrapassando Juan Arango, aposentado da equipe nacional desde 2015, com 23.

É justamente com ele, Salomón Rondón, que o Brasil deverá ficar esperto nesta terça-feira (18), em Salvador.

Com 11 gols e sete assistências no último Campeonato Inglês, o centroavante venezuelano participou diretamente do mesmo número de gols que Roberto Firmino, titular do técnico Tite e que anotou 12 vezes, além de seis assistências, na campanha de vice-campeão com o Liverpool.

Ainda contabilizando bolas na rede e passes para gol, Rondón foi mais decisivo de forma direta do que Richarlison, o artilheiro brasileiro na Premier League com 13 gols, mas dono de só uma assistência.

Aos 29 anos, o atacante já tem mais de uma década atuando na Europa. Revelado em 2006 pelo Aragua, da Venezuela, passou por Las Palmas e Málaga, no futebol espanhol, e por Rubin Kazan e Zenit, no futebol russo.

Na Rússia, o atleta foi vítima de racismo por parte dos próprios torcedores do Zenit. No fim de 2012, o principal grupo organizado do clube lançou um manifesto exigindo que a equipe fosse formada somente por jogadores brancos e heterossexuais.

“Havia alguns torcedores que gritavam ‘macaco’ para mim. Era difícil não escutá-los. Mas eu não queria dar a eles a importância que eles buscavam. Sou muito feliz com minha cor, muito orgulhoso. E para mim é melhor, não me queimo no sol”, disse Rondón em entrevista ao Guardian, em 2016.

O venezuelano está há quatro anos na Inglaterra, onde vestiu as camisas do West Bromwich e do Newcastle, este último por empréstimo e depois de seguir o conselho de um ex-atacante do clube, o colombiano Faustino Asprilla, que garantiu ao colega que Newcastle seria uma boa cidade para viver com a família.

Uma tranquilidade que Rondón, por outro lado, não consegue em seu próprio país, mergulhado em uma crise econômica, política e social.

“É um momento difícil para o povo venezuelano. A única coisa que faz eles esquecerem dos problemas é o futebol. É uma distração”, diz o atacante, que não retornou a Caracas nas últimas férias por medo de virar alvo da violência exacerbada pela crise.

“É difícil, todo mundo me reconhece. Melhor trazer minha mãe e meu pai para cá [Inglaterra] do que eu ir”, revela o camisa 23, que utiliza o número em homenagem ao ídolo Michael Jordan.

Na Venezuela, o futebol briga com o basquete pelo posto de segundo esporte mais popular do país. Na primeira colocação -e com alguma distância- está o beisebol.

Na adolescência, dividindo o tempo entre os campos e as quadras, o atacante chegou a cogitar a troca do futebol pelo basquete, mas fez mesmo a escolha pelas chuteiras.

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Hoje, Salomón Rondón é a figura venezuelana mais importante do futebol mundial. E ele crê que pode utilizar esse alcance para minimizar o sofrimento em seu país.

“Minha responsabilidade é fazer o povo da Venezuela orgulhoso. Quando jogamos pela seleção nacional, tentamos fazer com que eles esqueçam as coisas ruins, nem que seja por 90 minutos”, completa.

 

(*) Com informações da Folhapress