MANAUS, AM – Escolher os nomes que representarão a sociedade brasileira na cúpula do poder estão entre as tarefas mais importantes e sérias que devem ser exercidas pelos eleitores. Porém, a escolha nem sempre é feita de forma responsável. Especialistas afirmam que a falta de critérios na hora de escolher seus representantes nas urnas abre margem para que o sistema político continue falho.
Devido à decepção com o cenário político, a maioria da população vai às urnas somente pela obrigação imposta pelo Estado. Além disso, a sociedade não possui uma base educacional direcionada para estudos políticos, por isso, a falta de critérios na hora do votar é notória quando “velhos políticos” são escolhidos com discursos falhos e eleitoreiros.
O cientista político e diretor presidente da Action Pesquisas de Mercado, Afrânio Soares, analisa que existem dois tipos de eleitor: o que vota por emoção e o que vota por ideologias políticas.
O eleitor que vai às urnas pela emoção geralmente é movido por alguma benfeitoria que o candidato realizou em seu favor ou de sua família, conforme o especialista.
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“O eleitor que vota por emoção é aquele que gosta do candidato ou candidata por um fator específico. Porque cresceu em um meio onde o candidato é bem visto, porque o eleitor ou sua família foi contemplado por algo marcante que aquele candidato fez enquanto estava com mandato ou o meio em que ele convive é voltado para a base de apoio daquele político. O ponto principal, nesse caso, é a afinidade entre eleitor e candidato”, explicou Soares.
Já os eleitores movidos por ideologias políticas buscam votar em candidatos que possuem discursos de militância e que estejam em partidos políticos de direita, esquerda ou centro.
“Esses eleitores vão analisar os candidatos que defendem bandeiras que mais se assemelham às suas pretensões políticas. O eleitor de esquerda vai votar naquele que defende políticas para minorias, já os eleitores de direita vão votar em políticos que defendem políticas conservadoras e, assim, ocorre o voto ideológico”, analisou o especialista.
A falta de critérios e a falta de estudos, entre outros, na hora de escolher os representantes abrem espaço para que as eleições fiquem polarizadas – caso constante no cenário político do Brasil nos últimos anos, conforme mencionou Afrânio.
“Ambos os eleitores abrem espaço para polarização. As duas ondas, emoção e ideologia, acabam dividindo o eleitorado. Porém, isso não significa que todos os eleitores vão votar dessa forma. Mas as ondas eleitorais sempre induzem o eleitor. Por esse fator, na maioria dos cenários, a corrida se resume a dois candidatos, onde a maioria do eleitorado está concentrando votos”, comentou o especialista.
Voto consciente
Um dos discursos mais comuns em época de eleição é o incentivo do eleitor a um “voto consciente”. No entanto, adotar a votação consciente pode ser mais difícil do que é explicado.
Para o cientista político Carlos Santiago, o fator social influencia diretamente na votação – o que dificulta o eleitor de exercer o “voto consciente”.
“Votar com ética é votar com autonomia, sem interesse de ganhar algo para si ou para os seus amigos e sim pelo interesse coletivo, pensando no bem-estar de todos, sem interesse pessoal. Mas no Brasil de hoje, isso é difícil. O país tem uma parcela significativa de pessoas na pobreza e outra no desemprego. Então, a população do país é refém da desesperança e fica presa na escolha de representantes que vão lhe contemplar direta ou indiretamente”, ressaltou.
Com isso, a necessidade da população acaba sendo usada por políticos que buscam alcançar os mandatos pleiteados.
“A distribuição de rancho, promessas de auxílio e casa própria são ferramentas usadas por políticos para conquistar os votos da população que vive em extrema pobreza e, assim, elegemos péssimos políticos para o sistema de poder”, conclui Santiago.
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