Manaus, 23 de abril de 2024
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Cidades

Há quatro anos à espera de adoção, criança autista assistida por abrigo ganha nova família

Há quatro anos à espera de adoção, criança autista assistida por abrigo ganha nova família

Duda – como é carinhosamente chamada – foi adotada pelo casal nesta semana e, com a nova família, começa a viver uma nova história. (Foto: Raphael Alves)

Neste início de maio – Mês Nacional da Adoção – o exemplo do casal amazonense José Roberto e Rosalina Rodrigues, ambos com 49 anos e casados há 17, mostra que a sensibilidade traduzida em gesto concreto de amor e cuidado, pode transformar para sempre a vida de crianças como Maria Eduarda. Diagnosticada com autismo, com cinco anos de idade completos dos quais quatro sendo assistida pelo Abrigo Moacyr Alves, localizado na zona Oeste de Manaus, Duda – como é carinhosamente chamada – foi adotada pelo casal nesta semana e, com a nova família, começa a viver uma nova história.

O processo que culminou na adoção de Duda teve a participação determinante de entidades como o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por meio de seu Juizado da Infância e Juventude Cível (JIJC) e sua Coordenadoria da Infância e Juventude (COIJ), o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE) e Defensoria Pública Estadual (DPE). Em regime de parceria, as três instituições viabilizam, semestralmente, as audiências concentradas, visitando todos as unidades acolhedoras da capital amazonense e atuando para desburocratizar a situação processual de crianças e adolescentes que vivem em regime de acolhimento.

Neste mês, estas audiências concentras seguem até o dia 30, com os profissionais da COIJ e JIJC/TJAM, DPE e MPE visitando todas as dez unidades de acolhimento em funcionamento na cidade de Manaus.

Uma nova história

Rosalina Rodrigues – agora mãe adotiva de Duda – afirma que pretende, junto com o esposo e as duas filhas biológicas do casal, uma de 14 e outra de 15 anos, proporcionar a Duda um ambiente de amor e de saudável convívio. “Movidos pelo amor, é o que pretendemos proporcionar todos os dias a ela”, disse.

Rosalina conta que ela e José Roberto tinham, desde a ápoca em que se casaram, há 17 anos, o desejo de adotar uma criança. “Era uma vontade que ficou um tempo adormecida e que agora estamos concretizando. Conhecemos, há muito tempo, o Abrigo Moacyr Alves e voltamos no último ano para realizar uma visita. Visita esta que nos motivou a adotar a Duda, não fazendo distinção sobre as limitações de seu organismo”, afirmou.

Rosalina diz que, com acompanhamento e autorização do JIJC, há seis meses recebeu, juntamente com o esposo, a autorização para levar Maria Eduarda, aos finais de semana, para sua residência. “Há seis meses vivenciamos este processo de adaptação e neste período os laços de afetividade foram fortemente estabelecidos. As pessoas de fora (de nosso ciclo familiar) podem achar que teremos muito trabalho por conta das limitações da Duda, mas não enxergamos dessa forma. Só temos, como família, o sentimento de gratidão e suas limitações se diluem”, disse Rosalina.

Atuação

Titular do Juizado da Infância e Juventude Cível (JIJC) e da Coordenadoria de Infância e Juventude (COIJ-TJAM), a juíza Rebeca de Mendonça de Lima, elogiou a atitude e motivação de Rosalina e José Roberto e destacou que o encaminhamento para a adoção das crianças ou adolescentes em situação de acolhimento, é uma das perspectivas das audiências concentradas.

“Por recomendação do Conselho Nacional de Justiça e sendo esta uma previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente, temos realizado semestralmente as audiências concentradas em todas as entidades acolhedoras em funcionamento na cidade de Manaus. A intenção desse trabalho, realizado em parceria pelos profissionais JIJC, COIJ, MPE, DPE e aqueles que atuam nas entidades acolhedoras, pretendemos dar celeridade aos processos das crianças e adolescentes acolhidos, inclusive, para chegar à nossa finalidade maior que é: ou devolvê-los à família de origem e extensas, ou integrá-los a famílias substitutas. As crianças e adolescentes do Abrigo Moacyr Alves, em especial, são de difícil colocação para adoção e quando isto ocorre, como nesta semana, é motivo de imensa alegria para todos nós”, disse juíza Rebeca de Mendonça.

Conforme cronograma da JIJC, até o dia 30 de maio as audiências concentradas serão realizadas no abrigo O Coração do Pai, Lar Batista Janell Doyle, Abrigo Nascer, Abrigo Moacyr Alves, Aldeias Infantis SOS Brasil, Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica), Abrigo Infantil Monte Salém, O Pequeno Nazareno, Casa Mamãe Margarida e Casa Vhida.

Como ajudar

A diretora do Abrigo Moacyr Alves, Claudete Siarlene ressaltou a contribuição do TJAM e demais entidades que realizam as audiências concentradas para desburocratizar a situação processual dos acolhidos e, ao frisar que a entidade que dirige é mantida por contribuições, divulgou o contato telefônico (92) 3238-2815 para aqueles que queiram, de alguma maneira, contribuir com o trabalho por eles desenvolvidos.

Atendendo, hoje, a 53 pessoas na faixa etária de zero a 38 anos diagnosticadas com deficiência física ou intelectual, o Abrigo Moacyr Alves está localizado na Rua Professora Léa Alencar, nº 1014, bairro Alvorada 1 e é aberto para visitações, diariamente, sem necessidade de agendamento, entre as 8h e 17h.Adoção em números no AMSegundo dados da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJAM, em 2011, foram intermediadas 94 adoções; em 2012, 105; em 2013, 146; em 2014, 124; em 2015, 85 e, no ano passado, 136.