Manaus, 28 de abril de 2025
×
Manaus, 28 de abril de 2025

Economia

Levantamento revela aumento de quase 19% no preço médio de produtos em Manaus

Ao todo, foram analisados 32 produtos, divididos nas categorias: estivas, proteínas, frios e laticínios, hortifruti, além de itens de higiene e limpeza.

Levantamento revela aumento de quase 19% no preço médio de produtos em Manaus

(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Manaus (AM) – O preço médio de produtos em Manaus teve um aumento de 18,9%, segundo levantamento da Perspectiva Mercado & Opinião. O índice supera a inflação acumulada no mesmo período, que foi de 10,7%, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado como referência oficial entre março de 2023 e fevereiro de 2025.

Ao todo, foram analisados 32 produtos, divididos nas categorias: estivas, proteínas, frios e laticínios, hortifruti, além de itens de higiene e limpeza.

Para itens pesáveis – como frutas, legumes, verduras, carnes e presunto -, os preços foram calculados por quilograma (kg), permitindo uma comparação mais precisa ao longo do período avaliado.

Entre os produtos com maior alta, o café em pó (Kimimo) apresentou o maior reajuste: em 2023, custava R$ 6,79, e em 2025, passou a R$ 16,49 – uma elevação de 142,9%.

O segundo maior aumento foi registrado no preço do limão, que subiu de R$ 3,69 para R$ 7,99, representando um crescimento de 116,5%. Confira a seguir a lista completa dos produtos que apresentaram aumento de preço, de acordo com a pesquisa da Perspectiva Mercado & Opinião:

Entre os 32 itens avaliados, a cebola foi o produto com a maior queda de preço, caindo de R$ 9,99 para R$ 4,39 – uma redução de 56,1%. No total, apenas 10 dos 32 produtos analisados apresentaram retração nos preços. Veja abaixo a relação:

E no dia a dia?

A população manauara sente no dia a dia os efeitos da alta nos preços, como relata moradora do bairro Flores, Rebeca Braga, que precisou adaptar o valor do “rancho” mensal. Segundo ela, foi necessário trocar marcas e optar por produtos mais baratos para equilibrar o orçamento familiar.

“Aumentou significativamente o valor do rancho lá de casa. Tivemos que trocar alguns produtos por marcas mais baratas para não pesar tanto, principalmente café, manteiga, feijão e até os pacotes de pão de forma”, explicou Rebeca.

Esse cenário se repete em diversos lares. Muitos consumidores buscam alternativas para contornar o aumento no custo dos produtos de consumo básico. O repórter cinematográfico Roberto Maia contou à reportagem que passou a aproveitar mais os dias de promoção nos supermercados e a reduzir compras de itens “supérfluos”.

“Tenho lidado com o aumento reduzindo a compra de produtos considerados supérfluos. Não tinha o hábito de procurar promoções de alimentos nas redes sociais dos supermercados, mas isso mudou a minha rotina. Antes, não havia essa preocupação com dias e promoções. Simplesmente recebia o pagamento do salário e ia diretamente ao supermercado. Uma compra que fazia em torno de R$ 500,00 rendia mais, e hoje já não é mais assim. Praticamente, para trazer os mesmos itens, temos que gastar mais que o dobro”, relatou Roberto.

O aumento no preço do café, em especial, tem se tornado um dos mais perceptíveis e debatidos pelos consumidores. Mesmo com o impacto no bolso, muitos não abrem mão do produto no dia a dia e buscam alternativas viáveis, como substituir a marca habitual por versões mais acessíveis.

“Em 8 anos de casado, a percepção do aumento foi absurda. O café passou de R$ 7,00 em 2018 para R$ 19,00 atualmente. É praticamente o produto essencial para começar o dia, e sinto um desânimo por ter que trocar a marca habitual por outra”, comentou Roberto.

Rebeca Braga compartilha da mesma opinião: mesmo com os preços em alta, não cogita cortar o café da rotina familiar. Em vez disso, tenta adaptar o consumo.

“Sentimos o impacto imediatamente. Aqui em casa somos três que tomam muito café, então, com o preço subindo, os 4 a 5 pacotes que comprávamos ficaram bem mais caros. Mas nem pensamos em parar — só quem trabalha como CLT sabe que sem café o dia nem começa”, relatou Rebeca.

Rebeca Braga atribui o aumento nos preços, principalmente, à dificuldade de acesso a Manaus. Para ela, o transporte é um dos principais fatores que encarecem os produtos que chegam à mesa dos consumidores.

“Acho que é um conjunto de fatores, mas principalmente porque aqui em Manaus tudo já é mais caro por causa do transporte. As coisas precisam chegar de avião ou de barco, e isso acaba encarecendo ainda mais os produtos”, relatou Rebeca.

Roberto Maia compartilha da mesma percepção. Segundo ele, o fato de o Amazonas não produzir os próprios itens de consumo faz com que os produtos “acabados”, considerados essenciais, cheguem com preços elevados.

“Seja produzindo ou importando, sempre esbarramos na logística complexa da região e na alta dos combustíveis”, completou Roberto.

LEIA MAIS: