
Fotos: Divulgação / arquivo pessoal
Manaus (AM) – Os dias são sempre muito agitados, e cada momento é um alerta para quem é mãe atípica. Na rua, fora do conforto de casa, sempre um risco de sofrer o preconceito da sociedade.
Enquanto isso, muitas mulheres tentam equilibrar a vida pessoal, profissional, e o medo de não conseguir ser uma boa mãe para o filho que precisa de cuidados especiais. Essa é a rotina de boa parte das “mães atípicas” – mulheres que têm filhos com alguma deficiência física ou intelectual.
O preconceito é real
Rosilene Vitória, mãe do Isaac da Natividade, de 16 anos, relata que já passou por situações de preconceito devido à condição do filho autista.
“Eu já passei por situações assim, infelizmente o preconceito é real, mesmo diante de muitas informações sobre o autismo através das mídias, muitas pessoas ainda desconhecem. Os autistas possuem comportamentos chamados “estereotipias” que são movimentos repetitivos como bater palmas, se balançar, girar objetos, pular ou repetir frases. Em muitos momentos, meu filho faz esse tipo de ação, então é visível o espanto das pessoas ao ver tal situação. Percebo um olhar de (dó), de estranhamento, é triste; mas tento não ligar”, declarou Vitória.

Rosilene Vitória (Foto: arquivo pessoal)
O sonho
Vitória compartilha que seu maior sonho é desenvolver ainda mais a autonomia de Isaac.
“Meu maior sonho é garantir que ele tenha independência e autonomia dentro do que for possível. Quem sabe trabalhar, mesmo que seja no negócio da família. Pra mim, esse é o verdadeiro impacto da inclusão, proporcionar dignidade humana para que ele possa viver de forma leve e feliz.”
Sensação de impotência
Cássia Garcês é mãe do Kaleb Garcês, de 12 anos, diagnosticado com autismo. Ela conta que nos momentos de indiferença da sociedade com relação ao filho autista, o sentimento que vem à cabeça é de impotência.
“Já teve esse tipo de situação; bom não tem muito o que fazer, fica um sentimento de impotência por conta de que não posso mudar a maneira de pensar das pessoas. Já fui barraqueira, hoje, eu sou ‘de boa’ nessas questões”, afirmou.
O desejo
“Eu quero cada vez mais ver meu filho se desenvolver, crescer, e melhorar cada vez mais sua autonomia”, disse Garcês.

Cássia Garcês (Foto: arquivo pessoal)
Maternidade atípica, formas diferentes de vivenciar
Apesar das semelhanças, a maternidade atípica é vivida de formas diferentes. Para as mamães, cada filho é único, e no caso da Karolina Araújo, que tem dois filhos diagnosticados com autismo, cada um é único mesmo. Samuel Jeferson, 5, é mais tranquilo; já Benjamim Francisco, 3, segundo a mãe, “não para quieto”, mas independente, são os dois amores da Karolina.
Os desafios de uma mãe atípicas são muitos, por exemplo, uma simples ida ao médico pode se tornar um momento da dor do preconceito.
“Às vezes, pelo jeito que os médicos olham pra eles no SPA, teve uma médica no Pronto-Socorro do São Raimundo que mandava eu sentar o Samuel pra ele não ir para trás dela, aí aquilo me estressou muito com aquela médica. Às vezes, me sinto triste em relação a isso”, disse.
Exclusão Social
“Não me convidaram mais pra nenhuma festa de aniversário, eu vi que me excluíram pela condição dos meus filhos”, declarou Araújo.
O sonho
“Quero que eles falem, assim deixar eles perguntarem e responder como nós, e que eles cresçam obedientes, sábios; tenham seus trabalhos, estudos e andem sempre no caminho de Deus”, revelou Karolina.

Karolina Araújo (Foto: arquivo pessoal)
Preconceito na pele
Foi isso que aconteceu recentemente com uma mãe atípica aqui em Manaus, Joyce Durans, que sentiu o preconceito na pele. Ela compartilhou um vídeo em suas redes sociais relatando profunda indignação por sofrer preconceito por parte de uma motorista por aplicativo no dia 10 de março.
Vídeo na íntegra:
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