Manaus, 3 de dezembro de 2024
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Manaus, 3 de dezembro de 2024

Cidades

Mais de 92% das mortes por ação policial no AM foram de pessoas negras ou pardas

Os dados de 2023 da Rede de Observatórios da Segurança mostram que Manaus concentra quase metade desses óbitos.

Mais de 92% das mortes por ação policial no AM foram de pessoas negras ou pardas

(Foto: Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil)

Manaus (AM) – O Amazonas registrou, em 2023, índice alarmante de letalidade policial, com 92,6% das vítimas sendo negras ou pardas, conforme o mais recente relatório da Rede de Observatórios da Segurança.

Essa foi a primeira vez que o estado foi incluído no monitoramento da instituição, que examina a violência policial sob a ótica da desigualdade racial.

Segundo a pesquisa, 59 pessoas foram mortas em 2023, sendo a maioria de origem negra. A cidade de Manaus concentrou quase metade das vítimas, todas do sexo masculino.

No entanto, a falta de transparência nos registros chama atenção: mais da metade dos casos (54,2%) não informou a cor ou raça das vítimas, dificultando uma análise mais precisa sobre a situação, segundo o levantamento.

Para os pesquisadores, a falta de uma classificação racial adequada também impacta negativamente a compreensão da realidade da população indígena, concentrada fortemente na região.

“Os mais atingidos pela violência policial são homens jovens de 18 a 29 anos, sendo 92,6% negros (desconsiderando os casos não informados). No entanto, a designação racial é insuficiente para entender a realidade étnico-racial do Amazonas. Dados do Censo 2022 indicaram que 12,5% da população se autodeclara indígena. É preciso compreender que a aplicação padrão de instrumentos de classificação racial invisibiliza essa população, enquadrada como parda em diversas bases de dados. Esse apagamento empobrece o debate público sobre violências e racismo e dificulta a elaboração de políticas públicas”, diz trecho do relatório.

Municípios

O estudo da rede apontou também uma mudança na distribuição geográfica das mortes na capital, Manaus, e nos municípios do interior do estado. Conforme o resultado, em 2022, Manaus era responsável por 61,6% das mortes, enquanto em 2023 o interior do estado passou a concentrar 54,2% dos casos.

O município de Rio Preto da Eva centralizou 15,3% das mortes, o que chamou atenção pelo número elevado de óbitos, isso porque a cidade não está no centro das rotas de tráfico de drogas na região, o que contraria uma das principais justificativas para a violência policial.

“A mudança foi induzida, em grande medida, por eventos no município de Rio Preto da Eva. Com menos de 1% da população do estado, acumulou 15,3% das vítimas. Contrariando a narrativa dominante sobre o Amazonas, o município não está localizado na calha dos grandes rios e, portanto, fica fora da rota do tráfico de drogas.”

Redução

Embora o Amazonas (40,4%), juntamente com os estados do Ceará, Maranhão e Piauí, tenha apresentado redução no número de mortes envolvendo agentes policiais, a iniciativa defende que essa redução seja acompanhada de iniciativas capazes de manter a queda ao longo do tempo.

Rede

A Rede de Observatórios da Segurança é uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) que atua no monitoramento e divulgação de informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos. Segundo os organizadores, o objetivo é produzir dados com rigor metodológico, em parceria com instituições e sociedade civil.

 

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