Manaus, 18 de abril de 2024
×
Manaus, 18 de abril de 2024

Cidades

‘Com essa pandemia, é impossível termos aulas presenciais’, diz pedagoga da rede pública

As aulas presenciais só devem retornar no Amazonas, após a vacinação dos profissionais de educação, defende a pedagoga

‘Com essa pandemia, é impossível termos aulas presenciais’, diz pedagoga da rede pública

Foto: Herick Pereira/Secom

O início do ano no Amazonas está sendo marcado pela explosão de casos e mortes pelo novo coronavírus, além da crise de falta de oxigênio na capital e em alguns municípios do Estado, que vem fazendo muitos pacientes falecerem sem ar. O começo de ano também traz à tona o retorno escolar e a seguinte questão: é ou não o momento de voltar às aulas? Se sim, de que forma?

A Secretaria Municipal de Saúde (Semed) já aprovou, ainda em dezembro do ano passado, o calendário escolar de 2021. O documento, porém, só foi publicado na última quarta-feira (20). Conforme a publicação no Diário Oficial de Manaus, as aulas retornam no dia 18 de fevereiro.

Em nota enviada ao Portal AM1, a Semed apontou que ainda não foi definido o formato das aulas, ou seja, se serão presenciais, remotas ou híbridas. Já a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) afirmou que ainda não definiu o calendário escolar deste ano, em razão da pandemia de covid-19.

Já na rede de ensino particular, a vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe) afirmou que a orientação é que as aulas retornem apenas em formato 100% on-line.

Mas, de acordo com a pedagoga da rede pública, Socorro Aquino, não há condições de retomar as aulas presenciais neste momento em que a cidade de Manaus vive a segunda onda da pandemia de coronavírus.

Leia mais: Calendário escolar da rede municipal é aprovado e aulas retornam dia 18 de fevereiro

“Acredito que se for de forma remota, será um retorno positivo. Agora, se for presencial, nem pensar. Com essa pandemia, é impossível começarem as aulas presenciais. A pandemia em Manaus está matando muita gente, então, todo cuidado é pouco!”, alertou.

Tendo em vista que Manaus e o Amazonas já receberam 500 mil doses de vacinas contra covid-19, a pedagoga defende que o ideal é as aulas presenciais voltarem quando todos já estiverem vacinados. “As aulas presenciais deverão ser feitas depois que todo mundo tomar a primeira e segunda dose da vacina”.

Isso porque, segundo Socorro Aquino, muitos professores da rede pública de ensino são do grupo de risco, são portadores de comorbidades e são, também, idosos. E ela afirma, ainda, que caso as aulas não sejam remotas, os professores não vão aceitar retornar.

Leia mais: Amazonas retoma distribuição da vacina AstraZeneca após nova decisão da Justiça Federal

“Até porque nós, como professores, não vamos aceitar. Porque há muitos professores doentes, tem muitos professores que não têm condições, que são do grupo de risco. Tem de haver um planejamento, então tem que esperar para ver como fica. E o calendário é flexível, né. Você pode mudar ele conforme as condições da pandemia”, afirmou Socorro.

Aulas remotas

Além de pedagoga no Colégio da Polícia Militar V, Socorro Aquino também é professora na Escola Municipal Doutor Geraldo Pinheiro e pode perceber que o ensino na modalidade remota pode ser positivo ou negativo, dependendo da realidade de cada aluno.

“Bem, isso é muito relativo. Porque essas aulas em casa, por uma parte, 50% foi positivo. Acredito que não houve retrocesso. Porém, na área onde eu estou, que é área vermelha, onde não há saneamento básico, as estruturas familiares são bem distorcidas e tem a questão da pobreza, tem pais que não tem condições de ter internet para receber essas aulas em casa. Então, é complicado.”, disse Socorro.

De acordo com a professora e pedagoga, os docentes das escolas municipais pretendem elaborar um plano de ação voltado para essas dificuldades e esse atraso de quem não conseguiu acompanhar as aulas e conteúdos durante o período de aulas em casa.

Até essa segunda-feira (25), o Amazonas registrou 1.222 novos casos de covid-19, em um dia, totalizando 250.935 pessoas com a doença; número de óbitos já é de 7.232.