Manaus, 23 de abril de 2024
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Manaus, 23 de abril de 2024

Cidades

Espera por um leito pode demorar até 7 horas em maternidades estaduais

Caso aconteceu neste final de semana, no Instituto da Mulher, em uma grávida prestes a dar a luz teve que ficar sentada esperando uma vaga. Ela já vinha de outra maternidade

Espera por um leito pode demorar até 7 horas em maternidades estaduais

Ellen Santana chegou no sábado para ter bebê, mas teve que esperar para conseguir um leito (Foto: Divulgação)

Com leitos ocupados, pacientes com gravidez de alto risco e prestes a terem bebê relatam disputa para conseguir uma vaga de internação, falta de material e atendimentos improvisados nas maternidades Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL), na zona Centro-Sul, e Dona Nazira Daou, na Cidade Nova, zona Norte da capital.

O Amazonas1 recebeu várias denúncias sobre o péssimo atendimento dessas maternidades e, foi averiguar a situação in loco. Durante a coleta de informações, uma jovem de 16 anos, grávida de 2 meses, que preferiu ter sua identidade preservada, relatou à equipe de reportagem que saiu nesta segunda-feira, 11, acompanhada de sua  mãe, da comunidade Cacau Pirêra, em Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus) onde moram, para realizar um exame no Instituto da Mulher. Ela relata que não estar bem e com o risco de sofrer um aborto a qualquer momento.

“Ela foi atendida e no resultado saiu que ela estava com aborto retido, me falaram que ela iria precisar ficar internada, mas por falta de leito, não teria como. Pediram pra retornar em três dias, pois o bebê poderia está vivo ou não, mas nós moramos longe, viemos de táxi pra cá e vamos precisar retornar, acaba sendo um custo a mais”, lamentou a mãe da jovem, preocupada com a situação e o risco que mãe e bebê correm.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e questionou sobre a não oferta de leito para a jovem grávida com aborto retido e com risco à sua saúde. Em nota, a assessoria de imprensa do órgão informou que, “para esses casos essa orientação é protocolar, não estando relacionada à falta de leito”. “Isso porque a quantidade de restos de um aborto de dois meses é ínfima e três dias depois pode ser que esses restos já tenham sido absorvidos pelo organismo, não havendo necessidade de se fazer procedimento.”

Ainda nota, a Susam ressalta que “o médico orienta a paciente a retornar nesse prazo e, se for observado que os restos ainda estão no organismo, ela é internada para realizar o procedimento, geralmente a Aspiração Manual Intra Uterina (AMIU)”. “Caso contrário, segue-se o curso natural da vida. Então, o procedimento dela foi puramente protocolar. Ela receberia essa orientação em qualquer maternidade”, reforça.

Sufoco para conseguir um leito

Acompanhando sua sobrinha prestes a ter bebê, a professora Eliane Américo relatou sufoco na tentativa de conseguir uma vaga na maternidade Dona Nazira Daou, neste final de semana. Ao chegarem ao local foram orientadas a procurarem outra maternidade pois lá não havia leitos disponíveis.

Na busca de uma maternidade para que a sobrinha pudesse ter o bebê, as duas seguiram para o Instituto da Mulher, onde também não tinha leito, mesmo com a guia de internação para uma cirurgia cesariana.

“Conseguimos internação para cesariana, o bebê dela estava com mais de 4 kg  e ela não tinha passagem para parto normal como o médico informou. Minha sobrinha ficou sendo medicada em uma cadeira junto com outra grávida, os pés dela incharam muito e só depois de 7 horas de espera é que conseguiram um leito”, disse Eliane.

A sobrinha Ellen Santana chegou no sábado, 9, no Instituto da Mulher e só na madrugada desta segunda-feira, 11, foi operada e teve seu bebê.

Depois de sete horas esperando, Ellen Santana conseguiu um leito para poder fazer sua cesariana (Foto: Divulgação)

O Amazonas1 questionou a Susam sobre a oferta de leitos disponibilizados por estas duas maternidades, a média de partos realizados  e curetagens realizadas nos últimos dois meses, mas informaram que precisariam de tempo para levantarem essa informações.

Atraso de salários

A negligência na saúde pública por parte do Estado tem sido tema de discursos e críticas do meio político, seja na Câmara Municipal de Manaus (CMM) seja na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Na tarde desta segunda, 11, por exemplo, uma publicação em sua rede social no Facebook, o vereador Marcelo Serafim (PSB) denunciava a falta de técnicos de enfermagem no Instituto da Mulher e os riscos que isso acarretaria aos recém-nascidos, principalmente os prematuros.

No post com mais de 600 compartilhamentos àquele momento, o parlamentar informava a ausência destes profissionais e afirmava que esses terceirizados, da empresa Coopeam, estariam sem receber seus salários. A empresa teria assumido esse contrato em setembro deste ano, mas até então, não havia pago esses funcionários.

Em reação à publicação do vereador, a Susam respondeu no mesmo post “a informação divulgada em redes sociais pelo vereador Marcelo Serafim não procede”.

“O plantão diurno no Instituto da Mulher Dona Lindu ocorreu dentro da normalidade e contou com a presença de 56 técnicos de enfermagem, dos 60 escalados. Até as 17h tinham sido feitos 94 atendimentos ambulatoriais. Tinham sido feitos 10 partos – 5 normais e 5 Cesárias; 2 curetagem; 2 cirurgias ginecológicas e 20 altas realizadas no período. Portanto, um plantão considerado tranquilo pela direção da unidade e pelos profissionais, sem registro de intercorrências no atendimento.”

 

 

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