
(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
Manaus (AM) – As divergências políticas em Manaus refletem o embate nacional sobre a influência das big techs e o papel do Supremo Tribunal Federal (STF). De um lado, o vereador Coronel Rosses (PL) refuta a tese de manipulação das gigantes da tecnologia, argumentando que estas promovem a liberdade de expressão e desafiam antigas estruturas de poder. Por outro lado, o ex-candidato a vereador Delegado João Tayah (PT) sustenta que as big techs, ao lado de figuras como Elon Musk e Donald Trump, atuam para proteger interesses financeiros, beneficiando indiretamente Jair Bolsonaro (PL).
Nesse contexto, em uma entrevista concedida ao blog da Daniela Lima, do G1 Notícias, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram ter identificado uma articulação coordenada envolvendo figuras como o presidente dos EUA, Donald Trump, o empresário Elon Musk e grandes empresas de tecnologia. Segundo os magistrados, o objetivo dessa suposta articulação seria enfraquecer o ministro Alexandre de Moraes e comprometer a credibilidade do julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Suposta articulação internacional
Parlamentares, no entanto, divergem dessa avaliação. O vereador de Manaus, Coronel Rosses, crítico de Alexandre de Moraes e opositor do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contesta a ideia de manipulação. Para ele, as big techs estariam, na verdade, ampliando a liberdade de expressão.
“Não enxergo ações patrocinadas pelas big techs. O que vejo com clareza é um avanço tecnológico que, certamente, traz mais liberdade ao cidadão e, por outro lado, amedronta aqueles que estavam acostumados a manipular a opinião pública e agora não têm mais esse êxito na disseminação de falsas narrativas”, afirmou Rosses ao Portal AM1.
Novato na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Rosses integra a terceira maior bancada da Casa Legislativa. Em suas redes sociais, críticas às ações do governo Lula são frequentes e figuram entre os principais temas de suas publicações.
Em relação a Alexandre de Moraes, a crítica mais recente de Rosses se refere ao pedido do ministro a Procuradoria-Geral da República para fiscalizar o passaporte do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Questionado pelo Portal AM1 sobre possíveis influências das big techs em uma suposta tentativa de enfraquecer Moraes, Rosses enfatizou a necessidade de um julgamento isento.
“O que o Brasil espera é um julgamento imparcial, em que o direito ao contraditório e à ampla defesa sejam respeitados”, declarou.
Soberania nacional e atuação dos poderes
Quem também comentou sobre o assunto ao Portal AM1 foi o ex-candidato a vereador de Manaus, Delegado João Tayah (PT), que tentou concorrer a uma das 41 cadeiras na CMM. O mesmo questionamento foi realizado a Tayah: existe uma tentativa de enfraquecer Moraes por meio de influências de big techs?
Em resposta, Tayah alegou que essas influências acabam beneficiando Jair Bolsonaro de forma “reflexa”. Para ele, Bolsonaro não teria “importância alguma, nem para o governo Trump, nem para os grandes magnatas da tecnologia, como Elon Musk”, disse ao Portal AM1.
Para Tayah, os interesses protegidos nessas manobras seriam os de Elon Musk, Donald Trump e das próprias grandes empresas de tecnologia.
“Eu enxergo as ações judiciais iniciadas nos Estados Unidos mais como manobras para proteger os interesses financeiros das ‘big techs’ no mercado internacional. Beneficia Jair Bolsonaro de maneira reflexa, embora ele não tenha importância alguma, nem para o governo Trump, nem para os grandes magnatas da tecnologia, como Elon Musk.”
Além disso, Tayah frisou a importância da soberania nacional do território brasileiro e afirmou que os poderes republicanos estariam no caminho certo. Segundo ele, em relação à autonomia brasileira, tanto o STF quanto o Executivo Federal estariam acertando.
“Os poderes republicanos brasileiros estão no caminho certo. Já emitiram posições e tiveram condutas compatíveis com a independência e a soberania do território brasileiro. As decisões judiciais em países estrangeiros não possuem jurisdição para serem aplicadas no Brasil. E nenhum país tem poder para interferir na autonomia dos nossos poderes. E neste aspecto, tanto o STF quanto o Executivo Federal estão acertando”, disse Tayah ao AM1.
Nota do STJ
Na última semana de fevereiro, no dia 28, os ministros do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) divulgaram uma nota em defesa do ministro Alexandre de Moraes, após críticas do Departamento de Estado norte-americano. O órgão havia emitido um alerta afirmando que “bloquear acesso à informação” ou impor multas a empresas dos EUA seria “incompatível com liberdade de expressão”.
“Nenhum juiz brasileiro julga sozinho um litígio, por menor que seja, sem que da sua decisão caiba pelo menos um recurso para órgão colegiado, no mesmo tribunal ou em tribunal superior. Essa é a maior garantia que os cidadãos e as empresas brasileiras e estrangeiros têm de que a lei, sem arbitrariedade ou privilégio, valerá igualmente para todos”, afirmaram os ministros em nota.
A manifestação ocorreu após a suspensão da rede social Rumble. A decisão foi tomada após o ministro constatar que a empresa não possuía representante no Brasil. Conforme documentos constantes nos autos, os advogados da empresa renunciaram ao mandato e novos representantes não foram indicados.
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