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Economia

Monotrilho não é a melhor opção para Manaus, diz especialista em transporte

Para o especialista em transportes, Geraldo Alves, o plano do monotrilho pode ser substituído pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

Monotrilho não é a melhor opção para Manaus, diz especialista em transporte

Imagem da Obra da Linha 17 Ouro do monotrilho na avenida Jornalista Roberto Marinho em São Paulo (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Manaus (AM) – Questões que envolvem o setor de mobilidade urbana em Manaus estão sendo levantadas por pré-candidatos à prefeitura. Na última segunda-feira (8), durante uma live, a pré-candidata e presidente do Diretório Municipal do Partido Novo, Maria do Carmo Seffair, apresentou um plano de construção do monotrilho que interligaria a zona Leste ao Centro da capital amazonense.

Entretanto, o professor aposentado do departamento de Geografia do Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e especialista em Engenharia de Transportes, Geraldo Alves, disse que, apesar de ser uma ideia interessante para contribuir com as questões de mobilidade urbana na cidade, existem modais mais econômicos e oportunos para serem instalados.

“É bom que a gente recupere essa memória: um dos aspectos que foi levado em conta para inviabilizar e embargar a implantação do monotrilho em Manaus foi, além do custo de implantação, o custo de manutenção. Os estudos mostraram que o preço da tarifa ficaria muito alto e o usuário não conseguiria bancar. Portanto, teria que ser um sistema subsidiado eternamente. Então, além do custo de implantação, precisamos pensar no custo de manutenção, que é muito alto no caso do monotrilho”, explana o especialista e engenheiro de transportes.

Copa do Mundo de 2014

Geraldo Alves se referiu às situações quando o monotrilho foi proposto na época da Copa do Mundo de 2014. O modal foi apresentado como um dos investimentos para melhorar a recepção e mobilidade urbana das cidades que receberiam os jogos da copa.

Nas propostas, além da construção do monotrilho, a implantação do BRT, interligando a zona Leste ao Centro, estaria na lista entre as obras que poderiam beneficiar o município de Manaus. Porém, o projeto não avançou e apenas as obras da Arena da Amazônia e do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes foram entregues.

Ainda em 2015, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) apresentou um plano de mobilidade, que descrevia os investimentos previstos para a implementação dos corredores BRT na cidade. Na época, os valores eram de R$ 744 milhões.

 

(Foto: Reprodução/IMMU)

Para o especialista em transportes, Geraldo Alves, o plano do monotrilho pode ser substituído pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

“Existem modais mais eficazes, mais eficientes e mais harmonizados com a paisagem urbana. Eles exigem menos investimento tanto para construir quanto para manter. Estou me referindo, por exemplo, a um veículo leve sobre trilhos, ou VLT, que foi implantado no Rio de Janeiro. Está funcionando muito bem naquela área central. Dá uma resposta boa e é bastante harmonizado com a paisagem urbana”, sugere Alves.

Segundo Alves, o VLT teria mais chances de ser acolhido pela população por suas semelhanças com o metrô. E ressalta, ainda, que o metrô, por ter um custo de implantação mais alto, seria viável apenas para grandes demandas — o que, até o momento, não é o caso de Manaus.

“A população abraça, porque é praticamente um metrô de superfície. A diferença para o metrô é que, como ele está isolado, pode desenvolver alta velocidade. No entanto, por ser enterrado, tem um custo de implantação e de manutenção mais alto, sendo viável apenas para grandes demandas. Não é o caso de Manaus, que tem uma demanda muito recente. Então, a gente poderia pensar em um veículo leve sobre trilhos”, reforça o especialista.

BRT x VLT

Os dois modais podem causar confusão devido à semelhança nas nomenclaturas. O Bus Rapid Transit (BRT) é um meio de transporte que implica sistema de ônibus rápido, que se utiliza de uma caneleta exclusiva para circular pelas vias. Sua implementação tem um custo inferior aos trens e trilhos, além de dispor de uma capacidade elevada de pessoas para o transporte.

O Veículo Leve em Trilhos (VLT) é um sistema de menor impacto na estrutura urbana, podendo compartilhar espaço na rua com os carros e as pessoas.

Maria do Carmo e o monotrilho

Na live da última segunda-feira (8), a pré-candidata Maria do Carmo conversou com o engenheiro civil especialista em Custo, Orçamento e Planejamento, Robson Ferreira, momento em que foi apresentado o projeto do monotrilho. Ao Portal AM1, por meio da assessoria, a pré-candidata Maria do Carmo disse que os custos orçamentários ficariam entre R$ 4 a 5 bilhões. E a base de aproximação de custos advém de investimentos realizados no monotrilho de São Paulo.

 

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