Manaus, 9 de fevereiro de 2025
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Saúde

MS contesta artigo científico com análise inadequada sobre a covid-19

Artigo publicado pela Revista Frontiers in Medicine não utiliza banco de dados apropriado, gerando conclusão equivocada sobre a vacinação contra a doença.

MS contesta artigo científico com análise inadequada sobre a covid-19

(Fotos: Divulgação / Semsa)

Brasília (DF) – Após publicação na revista científica Frontiers in Medicine, no dia 17 de dezembro, do artigo “Avaliação do risco de mortalidade pós-COVID em casos classificados como síndrome respiratória aguda grave no Brasil: um estudo longitudinal de médio e longo prazo”, o Ministério da Saúde realizou uma avaliação sobre o estudo e constatou que os dados utilizados foram analisados de forma inadequada, causando uma conclusão equivocada.

Em suas análises, as autoras do estudo alegam que “o efeito protetor da imunização contra a covid-19 foi observado até um ano após os primeiros sintomas.

Após um ano, o efeito foi revertido, mostrando um risco aumentado de morte para os vacinados”; sugerindo que os óbitos estivessem relacionados às vacinas COVID-19.

pesquisadoras analisaram dados de notificação de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) classificados como covid-19 do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica (SIVEP), no período entre 2020 e 2023.

Para o Ministério da Saúde, o estudo realizado não permite tais conclusões ou generalizações. Ele possui diversas limitações e erros sistemáticos que não foram considerados pelas autoras.

Por exemplo, a base de dados utilizada não é apropriada para a análise de eficácia e segurança das vacinas para óbitos após um quadro de SRAG, uma vez que seu propósito é a notificação destes casos agudos até o seu desfecho direto (alta hospitalar ou óbito).

A base de dados oficial para o registro de óbitos é o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), que utiliza declarações de óbitos e realiza a codificação das causas de morte de forma sistemática.

Vale destacar ainda, que o estudo utiliza uma amostra reduzida, de cerca de 5 mil registros em mais de 700 mil óbitos ocorridos no período analisado. O trabalho não faz um detalhamento sobre a caracterização da amostra e não apresenta justificativas claras para as exclusões realizadas, o que compromete a transparência e a interpretação dos resultados.

Ainda, a análise incluiu apenas pessoas que sobreviveram à fase aguda da covid-19 por pelo menos três meses, excluindo os indivíduos que faleceram antes do período de observação. Ela também desconsiderou que a vasta maioria dos casos selecionados faleceu em decorrência do quadro de SRAG por covid-19, pela natureza do banco SIVEP-Gripe.

Isso favorece a permanência de pessoas vacinadas na amostragem, já que a vacina é eficaz na prevenção de mortes pela doença. Por outro lado, os casos notificados no SIVEP para SRAG por covid-19 representam uma população mais vulnerável (pessoas idosas e com comorbidades) que estão sujeitas a pior prognóstico, complicações e mortes, por diversos motivos.

Além disso, é reconhecido que a duração da imunidade conferida contra a covid-19 é temporária, demandando reforços periódicos para assegurar a proteção contra formas graves da doença, especialmente em pessoas mais vulneráveis.

Ainda assim, pesquisa revelou que o risco de óbito era mais elevado entre aqueles que haviam recebido apenas uma dose da vacina, em comparação com aqueles que tomaram três ou mais doses, evidenciando que o esquema vacinal completo desempenhou um papel crucial no desfecho.

Contudo, as autoras ignoraram esse fato e as demais evidências disponíveis na literatura que comprovaram a eficácia e a segurança das vacinas COVID-19, além da inadequação do dado utilizado para avaliar óbitos após a recuperação de um quadro de síndrome respiratória aguda.

Outro equívoco do estudo é inferir que eventos adversos graves, como miocardite e síndrome de trombose com trombocitopenia, supostamente relacionados à vacinação, poderiam ter aumentado o risco de óbitos em médio e longo prazo das pessoas vacinadas.

Diversos estudos publicados na literatura reafirmam a segurança da vacinação em massa contra a covid-19. Eventos adversos graves são raros e, quando ocorrem, geralmente são em poucos dias após a vacinação e possuem melhor prognóstico do que as complicações relacionadas à infecção pelo SARS-CoV-2.

Os resultados do monitoramento da segurança da vacina comprovam que os benefícios superam os riscos da imunização no Brasil e em todo o mundo.

Para o Ministério da Saúde, a interpretação de causalidade direta do estudo é inadequada devido às limitações metodológicas. A amostra utilizada é limitada e compromete a representatividade dos resultados.

Isso ocorre porque o estudo ignora as limitações do SIVEP, um sistema projetado para vigilância epidemiológica da SRAG, que foi utilizado como fonte de dados para os objetivos específicos do estudo científico proposto.

(*) Com informações da assessoria 

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