Manaus (AM) – Novo grupo de indígenas em isolamento voluntário identificados em 2023 por uma equipe da Comissão Pastoral da Terra (CPT) durante levantamento sobre comunidades ribeirinhas nas proximidades do rio Uatumã, no município de Itapiranga, interior do Amazonas, segue sem proteção da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) após um ano.
Na ocasião, os pesquisadores constataram que o grupo não constava da base da Funai, que lista 114 registros de indígenas isolados no país em três qualificações principais: informação em qualificação, referência em estudo e referência confirmada.
Segundo os moradores da região, existe a possibilidade de outras famílias ainda não avistadas também habitarem o local.
Embora o registro no igarapé já tenha sido incorporado à base da Funai, a preocupação agora gira em torno do futuro e da segurança dos isolados.
O ponto na floresta em que os indígenas foram vistos é uma área de manejo explorada por uma empresa madeireira, a Mil Madeiras, e está a cerca de 30 km dos limites de blocos de uma empresa de óleo e gás, a Eneva.
Segundo a publicação da Agência Pública, até o momento, contudo, a Funai não publicou portaria de restrição de uso nem montou uma base de monitoramento para prevenir eventuais ataques aos isolados. A presença dos indígenas poderia contrariar interesses econômicos na região.
“O risco é grande. Os isolados estão dentro da área explorada por uma madeireira e de uma área conhecida como Grilagem Paulista e perto de atividades de blocos de extração de gás. É uma área muito extensa do município. A área é muito vulnerável para os isolados e por isso cuidamos de informar ao Estado sobre a situação”, disse, sob reserva, um ativista da CPT.
Ainda segundo o ativista, o Ministério Público Federal (MPF) e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) tentam, de alguma forma, fazer com que a Funai se manifeste sobre a proteção dos isolados, mas ainda não há medidas.
Segundo a agência, a Eneva colocou em dúvida a presença de isolados na região e disse que “não há comprovação de indígenas isolados em área próxima às atividades” da empresa.
Evidências
Já a Funai informou que há “indicativos da provável presença do povo indígena isolado na localidade”, mas não indicou que irá publicar uma portaria de restrição de uso ou montar uma base de proteção etnoambiental na região.
“Informa-se que a Fundação dará prosseguimento às atividades na região, de modo a aferir pela necessidade de estabelecimento de restrição de acesso a seguir qualificando a presença de indígenas isolados no baixo rio Uatumã”, disse o órgão em nota.
A Funai também admitiu ao MPF que, mesmo sem conseguir visualizar a presença dos indígenas, “a possibilidade de confirmação é alta”.
O Portal AM1 entrou em contato com a assessoria da Funai para saber a respeito do andamento do caso envolvendo os isolados no Amazonas e as medidas que o órgão adotou para a proteção, caso confirmada, desses indígenas, mas até o momento da publicação desta matéria não obteve resposta.
(*) Com informações da Agência Pública.
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