Manaus, 9 de fevereiro de 2025
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Manaus, 9 de fevereiro de 2025

Economia

Novo salário mínimo: como o reajuste afeta as famílias brasileiras

O valor impacta diretamente a base de remuneração de trabalhadores, servidores públicos, aposentados e outros beneficiários do INSS.

Novo salário mínimo: como o reajuste afeta as famílias brasileiras

(Fotos: Reprodução/Freepik/Acervo pessoal/Redes sociais)

Brasília (DF) – O ano novo chegou e, com ele, o aumento de 7,5% do salário mínimo. A partir de fevereiro, 59 milhões de pessoas devem receber R$ 1.518 ao mês se trabalharem com carteira assinada.

O valor impacta diretamente a base de remuneração de trabalhadores, servidores públicos, aposentados e outros beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 19 milhões de aposentados e pensionistas dependem deste salário.

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Professor de economia da UNB, César Bergo (Foto: Acervo pessoal)

Para o economista Cesar Bergo, o impacto é importante, pois melhora a renda do trabalhador e potencial de consumo, aumentando a movimentação econômica do país.

 “A movimentação vai estar favorecendo o ambiente de negócio, embora um salário mínimo não seja suficiente, ele ajuda bastante”, disse o especialista ao Portal AM1.

Bergo ainda destacou que a conta do governo deve ser impactada pelo aumento dos benefícios pagos com base no salário mínimo.

“O reajuste afeta diretamente as contas públicas, com o pagamento das aposentadorias e pensões”, pontuou.

Não é suficiente

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Evilardo Lima – auxiliar de serviços gerais (Foto: Acervo Pessoal)

Para o auxiliar em serviços gerais Evilardo Lima, o aumento concedido pelo governo Lula não favorece o trabalhador. O cearense destacou ao Portal AM1 que, atualmente, precisa fazer serviços como pintor para complementar a renda, visto que o salário mínimo não é o suficiente para quitar as contas.

“R$ 106 é um desrespeito com o trabalhador, não tem como sobreviver com este salário se a gente não tiver outro tipo de renda, principalmente quem paga aluguel; isso é uma vergonha!”, criticou Lima.

Valdete Santos atua como copeira no Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), localizado na Esplanada, em Brasília. Aos 48 anos, a moradora de Águas Lindas de Goiás viaja 50 quilômetros, cinco dias por semana, para chegar ao trabalho e receber um salário mínimo.

Para ela, o aumento “não vai fazer tanta diferença assim, porque temos os descontos no salário e acaba que ficamos na mesma. Eu tenho uma renda extra, que é um bazar”, afirmou a copeira.

Mas além do salário, Valdete recebe o vale-alimentação, que segundo ela, equilibra a situação financeira.

Kelly Maria de 40 anos, também trabalha como copeira, mas para ela a mudança “não faz diferença”. Com dois filhos pequenos, um de 9 anos, e outro de ano e cinco meses, o salário é dividido em três partes: compras de supermercado; auxílio para a pessoa que cuida das crianças; e cuidados pessoais.

Benefício do INSS

Segundo o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Barros Jr., um grupo que deve se beneficiar com o aumento salarial são os aposentados.

“Aposentado tá na conta do INSS, que está na conta do governo federal. Então quando o governo faz este tipo de ajuste, ele tem um custo grande por causa das aposentadorias associadas ao salário mínimo”, disse o especialista.

Francisca Ferreira faz parte deste grupo. Ela depende do auxílio-doença e reclamou ao Portal AM1 sobre o aumento dos preços nos supermercados e farmácias. Aos 70 anos, precisa tomar algumas medicações frequentes para dor, pois possui um problema na coluna e o custo dos remédios não é menos de R$ 300 ao mês.

A moradora de Luziânia, Goiás, ainda cuida da mãe de 88 anos, que também depende de remédios para memória, ossos e outros. R$ 800 do salário da aposentada são destinados para essa compra.

“Este aumento é uma vergonha, não ajuda em nada, a carne aumentou demais, se for viver baseado no salário mínimo é possível até passar fome”, disse Francisca à reportagem.

Para ela, a mudança deveria ser de pelo menos R$ 300 para dar poder de compra aos brasileiros.

A aposentada destacou que, hoje, não pode fazer nenhuma atividade para complementar a renda por conta da saúde e divide o salário entre as compras de supermercado, contas de água, luz, internet e os remédios.

Valor da cesta básica

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(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Em nota técnica, o Dieese apresentou o custo médio de uma cesta básica adquirida em São Paulo. O valor estimado foi de R$ 850 para janeiro de 2025, ou seja, atualmente, com todo o salário, é possível adquirir 1,79 em cesta básica.

A cesta citada no estudo é composta por apenas 13 itens descritos no decreto 399/1938:

  • Leite;
  • açúcar;
  • feijão;
  • arroz;
  • farinha de trigo;
  • batata;
  • tomate;
  • pão;
  • café;
  • banana;
  • óleo;
  • manteiga; e
  • carne.

Com a reforma tributária, aprovada pelo Congresso Nacional em 2024, a lista aumentou; porém, apesar do corte do imposto dos produtos, os trabalhadores vão precisar minimizar os gastos se quiserem fazer uma boa compra.

 

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