
(Fotos: Reprodução/Freepik/Acervo pessoal/Redes sociais)
Brasília (DF) – O ano novo chegou e, com ele, o aumento de 7,5% do salário mínimo. A partir de fevereiro, 59 milhões de pessoas devem receber R$ 1.518 ao mês se trabalharem com carteira assinada.
O valor impacta diretamente a base de remuneração de trabalhadores, servidores públicos, aposentados e outros beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 19 milhões de aposentados e pensionistas dependem deste salário.
Para o economista Cesar Bergo, o impacto é importante, pois melhora a renda do trabalhador e potencial de consumo, aumentando a movimentação econômica do país.
“A movimentação vai estar favorecendo o ambiente de negócio, embora um salário mínimo não seja suficiente, ele ajuda bastante”, disse o especialista ao Portal AM1.
Bergo ainda destacou que a conta do governo deve ser impactada pelo aumento dos benefícios pagos com base no salário mínimo.
“O reajuste afeta diretamente as contas públicas, com o pagamento das aposentadorias e pensões”, pontuou.
Não é suficiente
Para o auxiliar em serviços gerais Evilardo Lima, o aumento concedido pelo governo Lula não favorece o trabalhador. O cearense destacou ao Portal AM1 que, atualmente, precisa fazer serviços como pintor para complementar a renda, visto que o salário mínimo não é o suficiente para quitar as contas.
“R$ 106 é um desrespeito com o trabalhador, não tem como sobreviver com este salário se a gente não tiver outro tipo de renda, principalmente quem paga aluguel; isso é uma vergonha!”, criticou Lima.
Valdete Santos atua como copeira no Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), localizado na Esplanada, em Brasília. Aos 48 anos, a moradora de Águas Lindas de Goiás viaja 50 quilômetros, cinco dias por semana, para chegar ao trabalho e receber um salário mínimo.
Para ela, o aumento “não vai fazer tanta diferença assim, porque temos os descontos no salário e acaba que ficamos na mesma. Eu tenho uma renda extra, que é um bazar”, afirmou a copeira.
Mas além do salário, Valdete recebe o vale-alimentação, que segundo ela, equilibra a situação financeira.
Kelly Maria de 40 anos, também trabalha como copeira, mas para ela a mudança “não faz diferença”. Com dois filhos pequenos, um de 9 anos, e outro de ano e cinco meses, o salário é dividido em três partes: compras de supermercado; auxílio para a pessoa que cuida das crianças; e cuidados pessoais.
Benefício do INSS
Segundo o professor de economia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Barros Jr., um grupo que deve se beneficiar com o aumento salarial são os aposentados.
“Aposentado tá na conta do INSS, que está na conta do governo federal. Então quando o governo faz este tipo de ajuste, ele tem um custo grande por causa das aposentadorias associadas ao salário mínimo”, disse o especialista.
Francisca Ferreira faz parte deste grupo. Ela depende do auxílio-doença e reclamou ao Portal AM1 sobre o aumento dos preços nos supermercados e farmácias. Aos 70 anos, precisa tomar algumas medicações frequentes para dor, pois possui um problema na coluna e o custo dos remédios não é menos de R$ 300 ao mês.
A moradora de Luziânia, Goiás, ainda cuida da mãe de 88 anos, que também depende de remédios para memória, ossos e outros. R$ 800 do salário da aposentada são destinados para essa compra.
“Este aumento é uma vergonha, não ajuda em nada, a carne aumentou demais, se for viver baseado no salário mínimo é possível até passar fome”, disse Francisca à reportagem.
Para ela, a mudança deveria ser de pelo menos R$ 300 para dar poder de compra aos brasileiros.
A aposentada destacou que, hoje, não pode fazer nenhuma atividade para complementar a renda por conta da saúde e divide o salário entre as compras de supermercado, contas de água, luz, internet e os remédios.
Valor da cesta básica
Em nota técnica, o Dieese apresentou o custo médio de uma cesta básica adquirida em São Paulo. O valor estimado foi de R$ 850 para janeiro de 2025, ou seja, atualmente, com todo o salário, é possível adquirir 1,79 em cesta básica.
A cesta citada no estudo é composta por apenas 13 itens descritos no decreto 399/1938:
- Leite;
- açúcar;
- feijão;
- arroz;
- farinha de trigo;
- batata;
- tomate;
- pão;
- café;
- banana;
- óleo;
- manteiga; e
- carne.
Com a reforma tributária, aprovada pelo Congresso Nacional em 2024, a lista aumentou; porém, apesar do corte do imposto dos produtos, os trabalhadores vão precisar minimizar os gastos se quiserem fazer uma boa compra.
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