Manaus, 23 de maio de 2024
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Manaus, 23 de maio de 2024

Brasil

Pesquisa mostra taxa de infecção de cães e gatos por covid-19

Resultados da pesquisa, desenvolvida no Rio de Janeiro, servirão para mostrar como cães e gatos podem reagir à infecção por covid-19

Pesquisa mostra taxa de infecção de cães e gatos por covid-19

RIO DE JANEIRO, RJ – Um total de 311 animais domésticos foram avaliados para verificar infecção por covid-19. Os resultados servirão para monitorar e mostrar como cães e gatos podem reagir à infecção por covid-19. Dos animais avaliados, mais de 20 testaram positivo para a doença.

A pesquisa foi conduzida por pesquisadores do Hospital Naval Marcílio Dias, da Fundação Oswaldo Cruz e da Clínica Rio Vet. “Também queremos saber quais mutações foram necessárias para a passagem do vírus entre as espécies”, informou à Agência Brasil a veterinária Luciana Myashiro, da Rio Vet, responsável técnica pelo projeto.

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Em primeiro lugar, dos 311 animais, 251 eram cães e 60 eram gatos, todos da região de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Do total, 26 animais (19 cachorros e 6 gatos) estavam infectados pelo vírus da covid-19 e apresentavam sintomas gripais. Entretanto, a maioria estava assintomática.

Segundo a bióloga virologista do Hospital Naval, primeiro-tenente Shana Barroso, a técnica usada na análise foi a RT-qPCR. Os resultados preliminares, que mostram uma taxa de infecção dos animais pelo SARS-CoV-2 maior do que as relatadas em trabalhos já publicados, podem contribuir de forma relevante para o entendimento da infecção de cães e gatos pelo vírus, afirmam os pesquisadores.

Investigação da infecção

O estudo completo prevê a investigação de cães e gatos domésticos infectados por SARS-CoV-2. Além disso, a pesquisa também verifica a presença de anticorpos contra o vírus e se estes são capazes de neutralizar o vírus. “Faremos também o sequenciamento do material genético viral encontrado nos animais para avaliar possíveis mutações ou a presença de variantes”.

Por fim, será feita a detecção de anticorpos IgM e IgG, que são reagentes positivo e negativo, respectivamente. Os tutores serão indagados sobre histórico de covid-19 em pessoas que tenham contato próximo aos animais.

O município de São João de Meriti foi escolhido para dar partida à pesquisa por ser a terceira cidade com a maior densidade populacional do Brasil, segundo Luciana. “Estima-se que [o município] tenha 85 mil animais. Além disso, estávamos em busca de uma clínica [em] que os profissionais abraçassem a pesquisa e acreditassem na sua importância e que tivesse credibilidade no mercado”.

O teste molecular para detecção do novo vírus é oferecido aos tutores que levam os cães e gatos para consulta ou atualização do calendário de vacinação. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido de que a pesquisa foi previamente aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) do Hospital Naval Marcílio Dias, o material é coletado para análise, majoritariamente via swab retal.

Transmissão da covid-19

Luciana disse que o número de casos positivos encontrados pela pesquisa é alto, quando comparado ao de estudos similares já publicados em revistas internacionais. A veterinária destacou, entretanto, que todas as pesquisas publicadas até hoje mostram chances praticamente nulas de transmissão do vírus de animais domésticos para humanos.

“Até agora, não temos conhecimento de evidências científicas de que os animais domésticos poderiam se tornar reservatórios do SARS-Cov-2. Também não há comprovação de que a doença possa causar morte nos animais”, salienta.

A pesquisa foi uma das selecionadas pela chamada emergencial da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e recebeu aporte financeiro de R$ 250 mil. Como resultado, o estudo da infecção por covid-19 em cães e gatos será ampliado para mais quatro regiões do estado.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), animais domésticos não transmitem a covid-19 para seus donos. No entanto, estes são capazes de transmiti-la aos animais que, de uma forma geral, têm um bom desfecho. Estudos da literatura, inclusive, já identificaram o SARS-CoV-2 em tigres e leões de zoológicos, informaram os pesquisadores.

(*) Com informações da Agência Brasil.