
Foto: Reprodução/ Facebook
Manaus (AM) – A capital do Amazonas, Manaus, e a capital de São Paulo, tem passado por dois problemas em comum nos últimos dias: Falta de infraestrutura diante de fortes chuvas nessas cidades. Embora a distância seja grande entre as duas cidades, os problemas parecem ser semelhantes. O Portal Am1 ouvir especialistas, professores universitários, para entender quais os problemas estas cidades passam e o porque de ainda conviverem com o mesmo problema.
Para o cientista social e político, Carlos Santiago, Manaus e São Paulo compartilham de problemas muito parecidos.
“O comum nas duas cidade ver o crescimento desordenado, principalmente. A população foi sempre crescendo e nunca houve um cuidado para se analisar isso, observando também o meio ambiente.” Reflete Santiago.
Para o antropólogo Pedro Paulo Soares, mais do que um problemas de organização social, as duas cidades estão mostrando com as enchentes fracasso na política.
“Uma resposta tem a ver com um padrão na urbanização brasileira. O processo civilizador das cidades brasileiras, no que diz respeito aos modos, visões de mundo e políticas de Estado, aconteceu em oposição à natureza, principalmente, em oposição à água. Então o que a gente vê hoje, quando as cidades inundam, é o resultado cumulativo de decisões políticas tomadas ao longo do tempo. Que decisões são essas? Aterramento, cobertura e canalização dos rios urbanos. Ausência de políticas de saneamento ambiental adequadas.”
Pobres mais vulneráveis
Para os pesquisadores ouvidos pela reportagem, outro problema em relação as enchentes de São Paulo e Manaus é que ela atinge somente os mais pobres. Essa é a análise do professor Luiz Antônio Nascimento do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
“ O que tem de mais comum, digamos assim, entre as populações do Amazonas, em especial de Manaus e da cidade de São Paulo, é que a chuva ela cai na cidade, cai em toda a cidade, mas tem um tipo específico de gente que sofre as consequências da chuva, são as pessoas pobres, são as pessoas marginalizadas, são as pessoas com o IDH mais baixos na cidade, são as pessoas negligenciadas pelo poder público”, destaca Nascimento.
Pedro Paulo Soares compartilha do mesmo pensamento de Luiz Antônio Nascimento. Apesar de ao ser ver, a população ter parcela de culpa pelo crescimento desenfreado, o poder público não olha pelas pessoas mais vulneráveis em momentos como este. Ele também destaca outros problemas em que ambas as cidades possuem.
“Outros problemas são a impermeabilização do solo com pavimentação e a perda de áreas verdes, o que dificulta a infiltração da água no solo. Veja bem, não é um problema da natureza. Sempre choveu e os rios sempre transbordaram. Lógico que as mudanças climáticas agravam a situação. Mas é sobretudo um problema político, que tem a ver com as políticas de urbanização das cidades brasileiras e com os efeitos da destruição dos nossos ecossistemas no clima global. E dessa vez não foram apenas os bairros mais pobres que inundaram. Em Manaus e em São Paulo o centro também inundou. Sobra pra todo mundo, mas os mais pobres ainda são os que mais sofrem com as mudanças climáticas.”
Chuvas nas cidades
A cidade de São Paulo registrou nesta sexta-feira (24) o terceiro maior volume de chuva desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1961 — foram 125,4 mm acumulados. Os transtornos causados foram diversos.
Já em Manaus choveu pouco mais de 50mm, também segundo o INMET. A expectativa é que ambas as cidades ainda recebam chuvas ao longo deste fim de semana.
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