Manaus, 24 de abril de 2024
×
Manaus, 24 de abril de 2024

Política

Políticos do AM seguem ‘escola Bolsonaro’ e tentam ‘mitar’ nas redes sociais

Presença dos políticos nas plataformas digitais tem sido ainda mais constante desde 2018, trazendo contato mais direto com as bases eleitorais

Políticos do AM seguem ‘escola Bolsonaro’ e tentam ‘mitar’ nas redes sociais

Amom, Omar e Arthur são os mais ativos nas redes sociais. Foto: Reprodução

MANAUS, AM – As eleições de 2018 trouxeram uma grande surpresa para os políticos mais experientes e agências de comunicação. Sem recursos astronômicos investidos em comunicação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o vencedor das eleições daquele ano usando apenas as redes sociais e o apelo popular.

Bolsonaro gastou menos de R$ 1 milhão em recursos para comunicação, enquanto Fernando Haddad (PT), que ficou em segundo lugar, gastou mais de R$ 6 milhões, segundo o site Divulgação de Candidaturas e Contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até hoje, o presidente usa as mídias para se comunicar com o país, e até mesmo anuncia decisões nelas antes de torná-las oficiais.

Leia mais: Bolsonaro vai às redes sociais e diz que em breve voltará: ‘ainda temos muito a fazer’

O uso das redes sociais pra fins políticos já era conhecido antes mesmo da eleição do presidente. No entanto, a eleição de Bolsonaro trouxe ainda mais destaque às plataformas, que passaram a ser instrumentos de comunicação direta entre o político e o povo. Não à toa, diversos políticos têm seguido o exemplo de Bolsonaro e usam as redes para se comunicar com o seu público.

bolsonaro
Foto reprodução Instagram

Proximidade com o público

Embora o Facebook tenha sido a rede mais usada no período das eleições, as atenções se voltaram para o Twitter, que possibilita uma interação mais direta com os seguidores e leitores. Não à toa, políticos como o senador Omar Aziz (PSD), o vereador Amom Mandel (sem partido) e até mesmo o ex-prefeito Arthur Neto (PSDB) têm usado a rede social para se manter em comunicação com os seguidores.

O professor Dr. Israel Rocha, que é coordenador do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Amazonas, aponta que existem dois fatores que tornam as redes sociais positivas e negativas para os políticos no contato com os eleitores. Segundo ele, se antes o contato com os políticos era por intermediários nas bases eleitorais, com a presença nas redes sociais, o contato se torna permanente.

“É positivo, porque o eleitorado pode acompanhar a agenda programática dos políticos. Mas é negativo também, porque este acompanhamento pode se tornar uma forma de controle em excesso, uma espécie de ‘cancelamento’ sempre latente”, enfatizou.

As aparições

O ex-prefeito de Manaus, inclusive, tem tido uma presença ativa nas redes sociais, nas quais se posiciona constantemente sobre temas que envolvem a Amazônia, sustentabilidade e política. Além disso, Arthur também fala sobre as possíveis candidaturas do PSDB à Presidência da República. Um dos exemplos é um tuíte do dia 20 de julho, em que ele fala sobre as características das candidaturas.

Já Amom Mandel, o vereador mais jovem da Câmara Municipal de Manaus (CMM), trata do seu cotidiano na Câmara, mas, ao mesmo tempo, interage com os seguidores com temas mais atuais da internet. Seja como for, a estratégia tem dado certo, e Amom tem conseguido mais seguidores jovens.

Quem também passou a usar o Twitter de forma mais intensa foi o senador Omar Aziz (PSD-AM). Presidente da CPI da Pandemia no Senado, Aziz percebeu que o Twitter “é onde as coisas acontecem”, e logo no início dos trabalhos, criou uma conta na rede social. Lá, Omar posta comentários, responde seguidores e até mesmo manda indiretas para adversários políticos.

Proximidade

A proximidade com o eleitor, principalmente para quem realmente votou naquele político, é a chave para gerar a interação. Nesse sentido, o eleitor tem o direito e o dever de cobrar do político o seu trabalho, principalmente nas redes sociais, conforme Israel Rocha.

O docente da Faculdade de Informação e Comunicação da UFAM (FIC) também aponta que há o aspecto da ampliação da transparência, quando parte do eleitorado passa a exigir princípios morais no uso dos recursos públicos e no controle da agenda ideológica. Este, por exemplo, é o caso de Renan Calheiros e Jair Bolsonaro, cuja agenda e cotidiano são observados e até controlados pelas redes sociais.

O professor, entretanto, alerta que as plataformas digitais não substituem os protestos nas ruas, e não podem ser comparadas a elas, em quesito de dinâmica política. “A internet tem uma diferença, que é o uso dos robôs, algoritmos, coisas que influenciam a dinâmica política. Os tuitaços, se observarmos, poderiam produzir o mesmo efeito das ruas, e não é o que acontece. Então, o peso das ruas ainda conta na agenda política, por mais que ela seja pautada por organizações e partidos políticos”, salientou.

Acompanhe em tempo real por meio das nossas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter.