Manaus, 18 de abril de 2024
×
Manaus, 18 de abril de 2024

Mundo

Saiba qual foi a atitude do príncipe Philip que mudou a imagem da família real

O gesto não é menor e condiz com o papel de Philip, um homem conservador nos costumes, mas que levou a sério o objetivo de modernizar a imagem da família real junto à sociedade britânica

Saiba qual foi a atitude do príncipe Philip que mudou a imagem da família real

(Foto: Brazil Photo Press/Folhapress)

LONDRES , UK – No dia do funeral da princesa Diana, em setembro de 1997, a família real britânica viveu uma saia-justa. Quem acompanharia o caixão na tradicional caminhada até a Abadia de Westminster?

O irmão de Diana, Charles Spencer, queria ir sozinho. Conselheiros da família real insistiram na presença de Charles, embora ambos estivessem divorciados, e dos filhos do casal, William e Harry.

Afinal, a coroa passava por mau momento diante da população, ao hesitar em mostrar empatia, num primeiro momento, pela trágica morte da mãe de um futuro monarca. Era necessário maior engajamento.

(Foto: Reprodução/ Youtube/ Discovery Brasil)

O problema é que William, o filho mais velho e atualmente segundo na linha de sucessão, não queria ir. Ele, então com 15 anos, e seu irmão mais novo, Harry, com 12 anos à época, estavam muito abalados. Mas se os filhos de Diana não acompanhassem o caixão, a imagem da família se desgastaria ainda mais.

O príncipe Philip, morto nesta sexta-feira (9), aos 99 anos, disse então ao neto: “Se eu andar ao seu lado, você vai?”. A sugestão convenceu o pequeno príncipe e possibilitou que os irmãos caminhassem ao lado do caixão da mãe, comovendo o mundo e praticamente refundando a imagem da família real.

O gesto não é menor e condiz com o papel de Philip, um homem conservador nos costumes, mas que levou a sério o objetivo de modernizar a imagem da família real junto à sociedade britânica.

(Foto: Brazil Photo Press/Folhapress)

Além de convencer William naquele dia, Philip deu dinamismo ao Palácio de Buckingham, revendo tarefas de cada funcionário e conectando a realeza ao mundo exterior. Dizem que ele mesmo atendia o telefone quando ligavam para o palácio e fazia compras de novos móveis –e até de uma máquina de lavar.

Esbelto, alto, esportista desde pequeno, encantou a jovem Elizabeth, que declarou que não se casaria com nenhum outro homem se não fosse com ele. Philip adorava iates, carros e esportes luxuosos.

Já no palácio, Philip fez questão de demonstrar que não estaria à sombra de Elizabeth nem seria um coadjuvante, embora tivesse prometido, desde o primeiro dia, ser seu súdito mais fiel. Sua opinião fazia diferença nos assuntos familiares, como nas decisões sobre a educação e o casamento dos filhos.

Saiba mais: Morre aos 99 anos o príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth

Nem sempre teve sucesso, como no episódio em que estimulou os familiares a deixarem uma equipe da BBC filmar o dia a dia palaciano, em 1969. O documentário, que buscava mostrar a contribuição dos membros da família à sociedade, acabou soando esnobe e teve efeito contrário. Após ser visto por mais de 30 milhões de pessoas, foi banido pela própria rainha e, desde 1977, nunca mais foi exibido.

Conhecido por gafes, Philip era um dos alvos preferidos de republicanos, que viam no “outsider” uma figura desencaixada de seu tempo. Comentários sexistas e racistas eram comuns e hoje podem ser vistos em compilações de declarações do príncipe no YouTube. Ele mesmo fazia graça disso.

“Sei tudo sobre liberdade de expressão porque levo socos na boca frequentemente por falar”, afirmou o príncipe uma vez a um grupo de estudantes, rindo. Numa visita à Austrália, perguntou a um líder de um povo originário se eles “ainda atiram flechas uns nos outros”.
Polêmico no comportamento e fiel às suas funções e dedicado à família real, Philip se despede de um mundo que viu se transformar em quase um século.

 

*Com informações da Folhapress