Visita de Moro ao Compaj é marcada por protestos de familiares de presos

Família alega que internos estão sendo maltratados – foto: Josemar Antunes

Familiares de detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) realizaram um protesto durante a visita do ministro da Justiça, Sérgio Moro, nesta segunda-feira, 10, em frente à unidade prisional que fica localizada no KM-8, da BR-174.

Com apelos ao ministro, diversos cartazes foram expostos por mulheres que aguardam a liberação para visitar seus maridos e outros familiares. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) suspendeu as visitas em todas as unidades prisionais, por tempo indeterminado.

Os presos estariam sofrendo opressão nos presídios após o episódio sangrento com 55 mortos, ocorridos nos dias 26 e 27 de maio. Nara Nelson, 24, afirmou que os internos estão em situação precária.

“Eles não podem nem agradecer a comida, que ainda vem azeda, porque se abrirem a boca levam porrada e spray de pimenta. Cortaram a água, pra matar a sede, eles bebem da chuva ou do bueiro que tem no vaso sanitário”, disse a autônoma, que espera a liberação para visitar o marido, que cumpre pena no Compaj após ser recapturado.

Sérgio Moro saiu do presídio sem falar com a imprensa ou a população. Ele seguiu para sede da Polícia Federal, no bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste, onde se reuniu com o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Silva Saraiva. O ministro determinou que a PF investigasse o massacre que terminou com 55 mortos, em três presídios.

Após a reunião, o ministro também não deu declarações e seguiu para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.

Seap

A Secretária de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) se manifestou sobre a declaração dos familiares dos detentos. “Não refletem a realidade”, afirma a pasta. Confira a nota completa:

Semana passada, tivemos a visita da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, onde os mesmos visitaram as unidades prisionais COMPAJ e IPAT e nenhuma das afirmações feitas foram comprovadas.

Em momento como esse todas as atenções estão voltadas ao sistema prisional, estando o mesmo aberto para visita de qualquer órgão ou autoridade do Estado ou da União a fim de verificar a realidade intramuros, em todas as visitas nada do afirmado pelas famílias se pôde observar.

As visitas continuam canceladas nas unidades onde tiveram os acontecimentos nos dias 26 e 27 de maio do ano corrente. A medida tem prazo de 30 dias a contar do dia do evento! Essas medidas se mostram necessárias ao controle e pacificação do sistema prisional, inclusive para proteção aos internos e aos seus familiares, com objetivo de restabelecer a ordem e devolver estabilidade a todo o sistema.