27 anos de saudade: veja a trajetória e o legado de Ayrton Senna do Brasil

MANAUS, AM – “É a parte de maior velocidade, eles vão atingir aos 330 km por hora… Senna bateu forte… Senna escapou e bateu muito forte!”. Essas foram as palavras ditas por Galvão Bueno no dia 1º de maio de 1994, momento em que o Brasil perdia um de seus grandes atletas: o lendário Ayrton Senna. Já são 27 anos de saudade para os brasileiros, que não esquecem da canção instrumental composta pelo maestro Eduardo Souto Neto, que ficou eternizada nas vitórias desse herói da velocidade.

Ayrton Senna da Silva dividiu o cenário da Fórmula 1 em antes e depois. Ele elevou a definição de herói para além do que imaginamos.

Para o jornalista esportivo Dudu Monteiro de Paula, em entrevista exclusiva ao Amazonas1, Ayrton Senna não como um piloto, mas sim como uma influência, pois sua simplicidade o fazia ser quem era.

“O impacto da morte de Ayrton foi, para muitos, o sentimento de perder alguém da própria família”, disse Dudu.

Ainda emocionado ao relembrar a brilhante carreira do piloto, que foi interrompida em seu auge, o jornalista citou a influência que Ayrton exerce até hoje.

“Ele era marcante simplesmente por ser ele. O Ayrton era igual a nós e que fazia algo de excepcional”, completou o apresentador.

A largada de um sonho

Paulistano, Ayrton nasceu no dia 21 de março de 1960 com a velocidade correndo em suas veias. Aos 4 anos de idade, apresentava uma habilidade incrível com o veículo tipo Kart e, a partir disso, a paixão pelo automobilismo só aumentou.

A partir dos 13 anos já competia oficialmente e, em 1977, Senna sentiu o saboroso gosto da vitória ao ganhar o prêmio sul-americano de Kart. A partir disso, ele decidiu que aquele era o seu lugar.

Com passagens pela Toleman, excelentes campanhas pela Lotus e McLaren, a temporada nunca encerrada ocorreu quando o então tricampeão mundial estava na poderosa Williams.

A corrida nunca finalizada

Durante o GP (Grande Prêmio) de San Marino, Senna acelerou, no que viria a ser sua última corrida. Ao entrar na curva Tamburello, a barra de direção do carro quebrou, o que fez Ayrton perder o controle e sair da curva, colidindo com a parede de proteção.

Ao perceber que iria bater, Senna reduziu a velocidade de 310km/h para quase 200km/h.

Na voz de Galvão Bueno, o Brasil parou e a tensão tomou conta de tudo e todos.

Veja o momento da colisão que tirou a vida de Ayrton Senna:

Não só o país, mas o mundo prendeu a respiração esperando um movimento do piloto dentro do carro. Infelizmente, esse movimento, causado por um espasmo, piorou ainda mais os danos cerebrais causados pelo acidente.

Após 1 minuto e 40, o socorro chegou. Poucas horas depois, a confirmação do óbito foi divulgada para o mundo.

No Brasil, três dias de luto foram anunciados. Milhares de pessoas tomaram as ruas de São Paulo durante o cortejo. O velório durou 22h e foi televisionado para o mundo e contou com homenagem dos maiores pilotos da Fórmula 1.

A lenda transcendeu as pistas

É quase impossível para um brasileiro não ter Senna como referência. O Amazonas teve um representante no automobilismo de alto rendimento.

Em entrevista exclusiva, Antônio Pizzonia, 40, piloto da Fórmula 1 entre 2003 e 2005, falou do impacto causado por Ayrton dentro do mundo das corridas.

“Após sua morte, o impacto na segurança mudou completamente. Quando olhamos a história, nós vemos outras mortes, mas com certeza a perda do Ayrton tomou proporções inimagináveis”, afirmou.

Quando perguntado sobre a influência na sua vida e carreira, Pizzonia afirmou que é quase impossível não se inspirar no piloto do capacete com as cores da bandeira brasileira.

“O Senna foi o maior ídolo que o Brasil já teve. Ninguém vai causar o impacto que ele causou. Ele parou o mundo! Infelizmente, isso ocorreu no auge da sua carreira.”, completou o ex-piloto.

Após 27 anos depois, ninguém esqueceu daquele 1º de maio. Porém, a certeza que temos é que jamais ninguém vai tomar o lugar que apenas Senna ocupa até hoje nos corações dos brasileiros.

O antes e depois de Ayrton Senna

O legado de Senna elevou o nível do esporte. Depois de quase 30 anos, há muitas marcas a serem batidas pelas novas gerações.

Sem dúvidas, o piloto brasileiro pode ser considerado o melhor de todos os tempos.

No currículo, ele tem 65 poles em 10 anos, e o título de “Rei de Mônaco” por ter conquistado a pista de Monte Carlo seis vezes.

Quando chovia, todos os pilotos tinham seu rendimento rebaixado, menos o brasileiro. Por ter encontrado maior dificuldade nesse clima, se dedicou e treinou muito para dominar o carro nas pistas molhadas.

Treze, de 41 vitórias, foram conquistadas no asfalto molhado. No terreno que era considerado imbatível pelos adversários, Senna fazia suas melhores performances.

Mas, sem dúvidas, a maior conquista de Ayrton foi ter transformado a modalidade de perigosa para algo seguro, tanto para os pilotos, quanto para quem aprecia o esporte.

Pistas foram redesenhadas, testes rigorosos foram implementados e novas regras foram impostas para garantir a maior segurança dos profissionais e da plateia.

O acidente foi um dos episódios mais tristes da história do esporte, mas em sua morte, uma revolução no mundo da Fórmula 1 aconteceu.

O maior legado de Senna foi o de fazer o bem sem ver a quem. O Instituto Ayrton Senna foi um dos seus maiores sonhos e beneficia até hoje mais de 1,5 milhão de crianças brasileiras. Tímido, o piloto nunca quis ganhar proveito próprio. A ação só foi divulgada pela família após sua morte.

“A influência de Ayrton Senna ultrapassou o limite do que era o marketing, apenas pela sua simplicidade e o poder de cativar com poucas palavras”, destacou Dudu Monteiro de Paula.

A curva de Tamburello foi o ponto final da vida do atleta, mas o começo do majestoso legado de Ayrton Senna do Brasil.

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