Os manauaras estão mais endividadas e menos inadimplentes. É o que aponta a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), regionalizada pela Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomercio-AM).
Os dados identificam aumento de endividamento de 12,1% e queda de 6,6% de inadimplência de famílias em Manaus, referente ao mês de janeiro de 2020, em comparativo com o mesmo período do ano passado.
Conforme dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da CNC, em janeiro de 2019, o número de famílias manauara endividadas era de 67,9 %, e em janeiro de 2020, de 80%, ou seja, o crescimento de endividados foi de 12,1%.
Já as famílias inadimplentes, em janeiro de 2020, são 26,6% e em janeiro do ano passado eram 33,2%, ou seja, a queda é de 6,6%.
Vilões
Ainda segundo o estudo, que entrevistou 500 famílias, o campeão de endividamento é o cartão de crédito, seguido de carnês, crédito pessoal, crédito consignado, financiamento de carro, financiamento de casa, cheque especial e cheque pré-datado.
Os dados também apontam que 66,5% das famílias não estão com dívidas em atraso, ou seja, estão adimplentes, e 33,2% estão com dívidas atrasadas.
A pesquisa também aponta que 13,3% dos consumidores não terão condições de quitar as dívidas.
“Cartão de crédito foi o responsável pelo endividamento, diz Fecomercio-AM”
O presidente da Fecomercio-AM, Aderson Frota, disse ao Amazonas1 que a pequena redução de juros, em média, de 30% para 8% contribuiu para o aumento do consumo no cartão de crédito, agregado às compras de final de ano.
“Estamos vivendo um período de recuperação da economia. O próprio governo e o Banco Central intervieram, junto aos bancos para que as taxas de juros diminuíssem. Houve uma melhoria no acesso ao crédito, mas o responsável pelo crescimento do endividamento pessoal foram as compras de final de ano”, disse Frota.
O presidente da entidade ainda destacou que as taxas de juros do cheque especial e cartão de crédito beiram 310% ao ano, o que prejudica a economia e o consumidor de um modo geral.
“Isso é uma taxa proibitiva e o governo tem sido constantemente cobrado para intervir nos estabelecimentos de crédito, mas, lamentavelmente, ainda não surtiu o efeito que a economia espera, porque não temos concorrência nos bancos. A demanda é superior a oferta. Precisamos continuar acompanhando para que essa taxa desça a um patamar real, onde fechamos um ano com 4,5% de inflação e isso não justifica uma taxa Selic tão baixa”, concluiu Aderson.
Economia cresce
Segundo o assessor econômico da Fecomércio-AM, José Fernando Pereira da Silva, os números apontam que a economia se recupera lentamente e a queda na inadimplência é o seu principal indicador.
“A pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor realizada pela CNC, registra dados muito importantes para a economia do Amazonas. Em primeiro lugar, embora o nível de endividamento tenha aumentado em todo o estado, chegando há 80% dos entrevistados, por outro lado a inadimplência caiu para 26%”, explicou Silva.
O economista ainda disse que o endividamento é considerado, do ponto de vista da atividade comercial, como normal e que é totalmente diferente da inadimplência.
“Foram pessoas que fizeram crediário, que utilizaram a compra de bens duráveis. Endividamento é totalmente diferente da inadimplência. A inadimplência retira o consumidor do paraíso do consumo e ele fica negativado. Já o endividado, não. Está com seu cadastro positivado e tem acesso ao mercado consumidor”, disse.
Cenário nacional
Já no país, o percentual de famílias com dívidas diminuiu, em janeiro de 2020, para 65,3%, após ter alcançado o maior patamar da série histórica (65,6%) em dezembro.
Houve alta, porém, na comparação com janeiro do ano passado, quando o indicador alcançou 60,1%.
De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apesar de o endividamento permanecer em um patamar elevado, a queda nos indicadores de atraso e inadimplência reforçou que as dívidas têm sido compatíveis com a renda das famílias.
“As melhores condições do crédito têm permitido a ampliação desse mercado ao consumidor, que vem tendo mais segurança para comprar por conta da melhora recente do mercado de trabalho, confirmada pelos últimos indicadores econômicos”, afirma.
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