Manaus, 30 de abril de 2024
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Política

Frente Nacional de Prefeitos repudia discurso de Bolsonaro em protesto pelo AI-5

A federação ainda afirma que atos como o do presidente impulsionam o ódio na sociedade e leva o país para um cenário “sombrio”.

Frente Nacional de Prefeitos repudia discurso de Bolsonaro em protesto pelo AI-5

Carreata em apoio ao presidente Jair Bolsonaro e contra governadores e prefeitos que mantém o isolamento social e contra o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. Vários pediram um novo AI-5 com fechamento do STF e Congresso. Sérgio Lima/Poder360 19.04.2020

A FNP (Frente Nacional de Prefeitos) divulgou nota nesta segunda-feira, 20, em repudio à participação do presidente Jair Bolsonaro no ato realizado nesse domingo, 19, em Brasília, que pedia o fechamento do Congresso e intervenção militar no Brasil. A federação lamentou o que chamou de “atentado à democracia”.

“O sistema de pesos e contrapesos que sustenta a democracia brasileira foi, mais uma vez, desavergonhadamente testado neste domingo. O presidente da República, Jair Bolsonaro, em mais um despropósito, participou de manifestação que bradava pelo fechamento do Congresso Nacional”, diz a nota.

A federação ainda afirma que atos como os do presidente impulsionam o ódio na sociedade e leva o país para um cenário “sombrio”, o que, para a FNP, “já traz constrangimentos até às forças armadas e ridiculariza o país internacionalmente”.

“Nem mesmo na caserna há lugar para flertar com a ditadura militar, sob pena de o capitão perder seu cargo para um general. O mundo atravessa uma pandemia de proporções ainda não conhecidas. O inimigo é o novo coronavírus. A guerra deve ser contra ele”, afirma.

“É lastimável que, em meio a milhares de velórios trágicos e rápidos, o iminente colapso do sistema de saúde e a incerteza diante da pandemia que apavora, o Brasil siga esse torpe caminho, siga nessa encruzilhada”, diz.

Eis a íntegra da nota:

“FNP lamenta atentado à democracia

O sistema de pesos e contrapesos que sustenta a democracia brasileira foi, mais uma vez, desavergonhadamente testado nesse domingo, 19. O presidente da República, Jair Bolsonaro, em mais um despropósito, participou de manifestação que bradava pelo fechamento do Congresso Nacional.

O presidente da República tem um papel que não pode tergiversar sobre a democracia. Nem mesmo na caserna há lugar para flertar com a ditadura militar, sob pena de o capitão perder seu cargo para um general.

O mundo atravessa uma pandemia de proporções ainda não conhecidas. O inimigo é o novo coronavírus. A guerra deve ser contra ele.

Está na hora de instituir o gabinete da esperança, o gabinete da federação, o gabinete do Brasil, porque o ódio está levando o país para um cenário ainda mais sombrio, que já traz constrangimentos até às forças armadas e ridiculariza o país internacionalmente.

É lastimável que em meio a milhares de velórios trágicos e rápidos, o iminente colapso do sistema de saúde e a incerteza diante da pandemia que apavora, o Brasil siga esse torpe caminho, siga nessa encruzilhada.”

ATO CONTRA O CONGRESSO E SUPREMO

A manifestação pelo fechamento do Legislativo e do Judiciário foi em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, onde Bolsonaro se reuniu com os filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

No ato, os apoiadores do presidente gritavam “Fora, Maia“, em referência ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), carregavam diversas faixas a favor do AI-5 (Ato Institucional 5, decreto emitido na Ditadura Militar que dava ao presidente a prerrogativa de fechar o Congresso e cassar mandatos de políticos; leia aqui a íntegra do texto) e defenderam uma “intervenção militar”.

Em um discurso de 2 minutos e 30 segundos, o presidente disse que foi no ato porque acredita nas reivindicações dos manifestantes. Afirmou que não quer negociar com políticos questões relacionadas à continuidade do isolamento social, decretado nos Estados pelo governadores e prefeitos para evitar a propagação da Covid-19 –doença causada pelo novo coronavírus.

 

(*) Com informações do Poder360