Manaus, 30 de abril de 2024
×
Manaus, 30 de abril de 2024

Cenário

Cientistas afirmam que Enem deveria ser adiado no AM e alertam para riscos

Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, o ideal seria adiar a prova por, ao menos, mais quatro semanas

Cientistas afirmam que Enem deveria ser adiado no AM e alertam para riscos

(Foto: Andre Porto/UOL/Folhapres)

Mais de 160 mil pessoas, no Amazonas, devem realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nessa terça-feira (23) e quarta-feira (24). Mas diante do atual quadro epidemiológico do estado, cientistas alertam para os riscos da proliferação do coronavírus e afirmam que esse ainda não é o momento adequado para a aplicação das provas.

Segundo o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, o ideal seria adiar a prova por, ao menos, mais quatro semanas. Ele afirma que ainda há forte circulação viral, principalmente da variante P.1 – que possui maior transmissibilidade – e os hospitais ainda estão sobrecarregados.

Orellana diz que os protocolos não garantem segurança: “Insistir na tese de que protocolos serão seguidos é falho, pois na prática, eles não são cumpridos e, mesmo se fossem, há o deslocamento casa-local de prova-casa e o inevitável contato com dezenas de contatos cruzados”, explicou.

Saiba mais: Wilson confirma realização do Enem no AM na próxima semana e adoção de ponto facultativo

O epidemiologista enfatiza que o comércio ambulante na porta das escolas, comum durante os dias de provas do Enem, e a agitação das vendas em geral são mais um fator que pode ocasionar o aumento do número de casos de covid-19.

Para o biólogo e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, a situação em Manaus ainda é delicada e o afrouxamento das medidas restritivas é perigoso.

“É importante dizer que não houve recrudescimento da pandemia. É evidente que o Enem pode propiciar aglomerações e isso deveria ser postergado para um momento que Manaus, de fato, estivesse fora da crise”, afirmou.

O biólogo foi o responsável pelo estudo que previu a segunda onda de covid-19 no Amazonas e, recentemente, apresentou na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) uma nova pesquisa que aponta para uma terceira onda da pandemia. Ele defende que, diante dos riscos, as perdas podem ser ainda maiores.

Leia também: Cientista refuta David Almeida e explica estudo que prevê 3° onda de covid-19 em Manaus

“Pesando entre atrasar um ano, uma vida escolar, e colocar a família em risco, os danos psicológicos e materiais da perda de um ente querido ou de um arrimo da família são insuperáveis pra [sic]  esses jovens. Então, isso tende a afetá-los muito mais, com consequências, talvez, por toda a vida”, concluiu.

Sem alternativas

Segundo o Governo do Amazonas, caso as provas não fossem aplicadas nesta semana, mais de 200 mil candidatos poderiam ficar sem realizar o Enem, que corresponde a edição de 2020.

“Essa medida é para garantir que os alunos tenham acesso ao nível superior, ao ensino superior. Nós fomos informados que, se se prorrogasse mais uma vez, neste ano não seria mais possível a realização dessa atividade, e muitos alunos estariam penalizados. Então, é importante que haja um esforço de todos e que evitem, ao máximo, estar nas ruas na terça e quarta-feira, principalmente no horário entre 11h e 13h, que é o momento em que os candidatos estarão se locomovendo para as salas de aula”, enfatizou o governador.

Para a estudante Ketlen Smith, 23, que vai participar do exame, mesmo com os riscos, esse é o momento certo para realizar as provas. “O covid ainda está em alto risco, mas não devemos esperar que passe para fazer a prova, porque se dependermos da situação vamos perder a oportunidade. Se todos colaborarem em tomar todo cuidado possível, respeitando uns aos outros, usando máscara e álcool em gel, acredito que pode não ter aumento de doença”, disse.