Manaus, 30 de abril de 2024
×
Manaus, 30 de abril de 2024

Cidades

Pequenos isolados: o impacto do confinamento na vida das crianças

A pandemia já dura mais de um ano, e, nesse tempo, a liberdade de ir e vir e o convívio social, se tornaram muito limitados, inclusive para os pequenos.

Pequenos isolados: o impacto do confinamento na vida das crianças

Foto reprodução Freepik

MANAUS – A pandemia do novo coronavírus já dura mais de um ano, e, nesse tempo, a liberdade de ir e vir, o convívio social e o estilo de vida rotineiro,  tornaram-se muito limitados, inclusive para a criançada. Mesmo assim, são medidas necessárias para a contenção e para amenizar os impactos causados pela doença.

Segundo a psicóloga Samara de Sá, a solidão e outras alterações de comportamento se tornaram um problema entre os pequenos. O que levantou uma preocupação: a saúde mental das crianças durante a pandemia. “A maior mudança de comportamento é a retração do convívio social e até da própria família. É nesse momento que os pais precisam ficar bem atentos”, afirmou.

Para Rosi Carvalho, 32, a mudança é visível em sua filha, a pequena Júlia de 6 anos. A saudade dos amigos do colégio e da professora é expressada em todas as aulas virtuais pela pequena. “Toda vez que ela entra na aula on-line, ela diz que sente saudade das amigas e da professora e que não vê a hora de voltar a correr na quadra da escola”, disse a mãe em entrevista ao Portal Amazonas 1.

Se os adultos já têm tal preocupação, o que dizer sobre o impacto causado nos pequenos, pois, na melhor fase da vida, passam a viver uma infância diferente da que vivemos. Sem brincadeiras de rua, passeios em família, as cores da natureza se limitaram as cores das paredes de seus quartos. E, nessa situação, o cuidado  com a saúde mental deve ser redobrado.

Ainda de acordo com a psicóloga, a mudança repentina do estilo de vida, deve sim ser um ponto de atenção dos pais. “Quando falamos a respeito das crianças, diferentes reações são causadas. Entre elas estão: alteração do sono e do apetite, irritabilidade, medo, solidão, dificuldade de concentração e outros aspectos. Lembrando que esses sinais são considerados “normais”, todavia, caso os referidos sintomas ocorram a longo prazo, é necessário a procura de um profissional, a fim de avaliar e ajudar da forma mais adequada”, disse a especialista.

Algumas dessas alterações aconteceram com as duas filhas da psicóloga Michele Lima, que ficaram mais entediadas e irritadas. “Em dias de maior irritabilidade, elas demoram para dormir e a mais velha, que tem 5 anos, não parava de querer comer, acredito que seja pela falta da rotina”, disse a mãe.

De acordo com a Samara, um dos comportamentos mais nocivos referente à saúde mental, é a retração no convívio com os demais membros da família, querer se excluir do mundo real pode se tornar uma válvula de escape da criança, porém, pode vir a ser um agravante no futuro.

Rotina

A psicóloga reforça atitudes dos pais, que podem ajudar em casa. “Para que os responsáveis entendam o que a criança está passando, precisam estimular a comunicação até mesmo pra [sic] explicar o cenário atual. É importante que se crie uma rotina entre atividades educacionais e de lazer. E não podemos esquecer que saúde mental e física andam juntas”, disse Samara.

Michele, a mãe das meninas, explicou que planejou uma rotina para as filhas não ficarem tão impactadas pelo isolamento social. “No início, foi bem difícil, mas conseguimos efetivar horários para comer e dormir”.

Aprendizado

O processo de aprendizagem precisou ser adaptado, das lousas e quadros negros para a tela de computadores e celulares, tal processo merece a atenção e zelo por parte dos pais. “Eles são responsáveis diretos pelo engajamento dos filhos nessa nova forma de estudos”, ressaltou Delma Rocha, pedagoga e professora do ensino infantil.

“Muitos pais não têm a paciência necessária para auxiliar os filhos, querem jogar a responsabilidade apenas para os professores. Claro que nós temos que estar disponíveis quanto profissionais da educação. Porém, os pais precisam caminhar lado a lado com os filhos para o melhor aproveitamento”, continuou Delma.

Segundo ela, o impacto da falta de atividades coletivas, que influenciam diretamente na formação da criança no colégio, precisa ser reforçada pelos pais em casa, visto que foram substituídas por atividades individuais. “De preferência, os pais devem assistir às aulas junto dos filhos, por exemplo”.

Em um momento quase que de trevas, uma pequena dose de luz pode mudar a realidade dos pequeninos e fazer eles passarem pelo isolamento social sem muitos  traumas e saudáveis.