Manaus, 3 de julho de 2025
×
Manaus, 3 de julho de 2025

Cenário

Crise ambiental na fronteira com Benjamin Constant segue sem respostas

Mesmo ciente da gravidade do descarte irregular vindo da cidade peruana, autoridades brasileiras não definiram prazoz para minimizar o problema.

Crise ambiental na fronteira com Benjamin Constant segue sem respostas

Rio Javarizinho parte de Islândia no Peru- Foto: (Prefeitura de Benjamin Constant)

Brasília (DF) – Mesmo após alerta de crise ambiental, o governo federal  ainda não apresentou medidas concretas para conter o lixo descartado em Benjamin Constant, que vem da cidade de Islândia, no Peru.

O caso não é recente, como apontado pela reportagem do Portal AM1 nas últimas semanas, o resíduo é depositado na região a mais de 20 anos, contaminando o rio Javarizinho, e consequentemente animais e a comunidade que reside no município.

O Ministério do Meio Ambiente do Brasil se reuniu com a Pasta do Peru para explicar a situação, e durante a reunião, o órgão afirmou não ter ciência do que estava acontecendo na fronteira e que ações só poderiam ser tomadas após o contato com o Itamaraty.

Segundo a assessoria de Marina Silva, a ministra estava em Londres e não participou do encontro, apenas membros técnicos dos governos e o “pedido de ajuda” não tem data para ser encaminhado ao Ministério de Relações Exteriores.

Em nota, a pasta informou que já existem ações conjuntas para o manejo de resíduos sólidos, e um plano de gestão operado pelo Grupo de Cooperação Ambiental Fronteiriça (GCAF).

Com 8,6 toneladas de descarte irregular,  o problema internacional ainda não tem data para ser resolvido, mas os técnicos devem se reunir no dia 10 de julho para discutir a questão.

Veja nota

” À ocasião, houve a proposta brasileira de construção de um aterro sanitário [ou outra alternativa de destinação compartilhada dos resíduos], em parceria com o Peru, para receber os resíduos provenientes de Islândia, por meio de contrapartidas definidas entre os governos locais, como estratégia para mitigar os impactos à população atingida. O tema está sendo tratado pelos países e houve acordo para que seja incluído na pauta da próxima sessão do GCAF, agendada para 10 de julho.

A cooperação entre os dois países segue promovendo ações conjuntas para o manejo sustentável de resíduos sólidos, a proteção dos recursos hídricos e o fortalecimento da governança ambiental, com foco na melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas e na preservação dos ecossistemas da região,” informou o ministério.

A reportagem entrou em contato com o secretário de Meio Ambiente municipal Francisco Gladson da Silva, para entender se houve algum retorno da Pasta federal sobre o problema.

O gestor informou que até o momento a prefeitura de Benjamin Constant não recebeu nenhuma resposta do ministério de Marina Silva. E o relatório produzindo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) ainda está em processo, mas já apresenta uma diminuição do oxigênio na água.

“O oxigênio da água dissolvido está muito abaixo do que deveria estar, e provavelmente por este motivo houve uma diminuição de espécies de peixes no rio Javarizinho,” disse o secretário.

DPA pede cooperação internacional

A Defensoria Pública do Amazonas (DPA) encaminhou ofícios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro Mauro Vieira e à ministra Marina Silva no dia 18 de junho pedindo a cooperação internacional para resolver a questão do município.

Segundo o documento assinado pelo defensor público geral do Amazonas, Rafael Vinheiro Monteiro Barbosa, a população de Benjamin Constant se encontra em “grave situação de vulnerabilidade ambiental e sanitária provocada pelo país vizinho”.

Bancada do AM já se posicionou?

A bancada do Amazonas ainda não se posicionou sobre a situação no interior. O líder dos parlamentares, senador Omar Aziz (PSD) foi questionado sobre uma possível pressão dos deputados e senadores para tentar resolver o problema no Itamaraty, mas, permanece em silêncio.

LEIA MAIS