Manaus, 2 de maio de 2024
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Artigos & Opinião

A profusão das lives na internet

Com o isolamento social, causado pela pandemia do novo Coronavírus, as lives ganharam evidência no Brasil e no Mundo, principalmente as lives artísticas, baseadas em shows musicais, e as temáticas, no formato de entrevista ou debate com especialistas sobre determinado assunto. Mas afinal, o que é mesmo live? Tem live todos os dias agora?

Live ou live streaming é uma transmissão de mídia pela internet em tempo real. Esse recurso existe há muito tempo, desde o início da internet pública. A primeira live, a título de exemplo, foi um show da banda Severe Tire Damage, transmitido de Palo Alto, na Califórnia, em 1993, há 27 anos.

Foto: InterWorking LabsPRO

A popularização das transmissões de vídeos ao vivo pela web, entretanto, precisou aguardar alguns anos e passar por outras etapas, como a melhoria nas alternativas de conexão e o aumento no número de usuários. A criação da plataforma de vídeos YouTube, e da Justin.tv, em 2005 foi um passo importante, mas somente a partir de 2011 as lives puderam ganhar outra dimensão na cultura digital, próxima ao que existe hoje. Para viabilizar isso, a Justin.tv se tornou a Twitch TV, a popular plataforma de streaming de jogos digitais, e o YouTube lançou a função Live nos seus vídeos. Isso aconteceu há 9 anos.

 

Desde 2011, pode-se afirmar que todos os dias tem live na internet. As transmissões de vídeo ao vivo, sejam para apresentações artísticas ou de opinião[i], já ultrapassavam 3 bilhões de horas por mês no YouTube e no Facebook (em cada um deles, segundo a Internet Live Stats), por exemplo, antes da Covid-19. Portanto, a expressão Era das Lives em 2020 é prescindível. Esse mainstream, só percebido por muitos agora, já era uma realidade para youtubers e instagrammers, entre outros influenciadores das principais plataformas digitais, pela audiência dos seus seguidores e fãs, há quase uma década. O isolamento social apenas acelerou essa tendência, diversificando o público e o formato das lives.

 

Apesar disso, a profusão das lives não deve ser passageira. A atual crise de saúde pública, isolando parte da população em casa, amplificou esse processo em andamento e o crescimento das transmissões ao vivo, em torno de 20% de acordo com a Viu Hub, deve-se inclusive à necessidade das pessoas de um ponto de encontro para interação, ainda que virtual, neste período de isolamento. O número das visualizações pode definir o marketing digital das lives que irão sobreviver e continuar em evidência pós-pandemia, mas nada vai impedir as pessoas de continuarem compartilhando os seus vídeos em tempo real nas mídias sociais.

 

A liberdade na produção de conteúdos é uma das vantagens da internet, mas como educador preocupa-me o alcance da influência de falsos especialistas nas diversas áreas. Saber filtrar o que é positivo ou negativo na cultura digital também é uma forma de educação.

Imagem: Menara Grafis/Shutterstock

Na área educacional, seria recomendável na reabertura das escolas a utilização pedagógica do recurso das lives em aulas e atividades complementares aos alunos (de forma opcional), na formação continuada de professores e nas reuniões com os pais, além de outros eventos. A escola terá a oportunidade de mudança, além da necessidade de seguir os novos protocolos sanitários, evitando as aglomerações e descentralizando assim as suas ações.

 

 

[1] Em relação às lives de opinião, o que inclui os webinários ou seminários online 
(gravados ou ao vivo), é importante lembrar que a palavra webinar foi registrada em 1998.