Manaus, 18 de abril de 2024
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Cidades

Ação de venda de gasolina a R$ 4,40 para motoristas de app é cancelada em Manaus

O 'Dia Nacional da Gasolina sem PPI' ocorre simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e deveria acontecer em Manaus nesta quinta-feira (25)

Ação de venda de gasolina a R$ 4,40 para motoristas de app é cancelada em Manaus

Petrobras reduziu o preço médio da gasolina em R$ 0,40 por litro (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Manaus, AM – O que seria uma ajuda de custo para os motoristas de aplicativo e entregadores, infelizmente, acabou ficando apenas na vontade. Nesta quinta-feira (25), essa classe seria contemplada com a venda do litro da gasolina a R$ 4,40, em uma ação organizada pelo Observatório Social da Petrobras (OSP) e Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), em Manaus, sendo monitorada pelo Sindicado dos Petroleiros (Sindipetro).

A ação intitulada de “Dia Nacional da Gasolina sem PPI” ocorre simultaneamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e deveria acontecer em Manaus. Segundo o diretor do Sindipretros, Bruno Terribas, o objetivo da ação é denunciar a política de Preços de Paridade de Importação, a qual é adotada para determinar o preço dos combustíveis no Brasil.

“É uma política que o governo federal impôs à direção da Petrobras, de que a formulação de preço de combustível no Brasil, fosse determinada a partir do preço internacional do barril do petróleo, vinculado ao dólar”, explicou. Ele ressaltou que a ação é financiada pelos trabalhadores, por meio da Federação Nacional dos Petroleiros.

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Para ajudar a classe dos trabalhadores de aplicativo, Terribas explicou que o Sindicato buscou parceria com diversos postos de gasolina, mas muitos não aceitaram. O único posto que eles conseguiram fechar parceria foi com um do bairro Alvorada, zona Oeste de Manaus, o qual foi feito o pagamento antecipado de R$ 6.590,00.

Faltando menos de 24 horas para a realização do projeto, eles foram surpreendidos com a informação de que o posto de gasolina não estaria mais em parceria com eles, e não deu motivos do cancelamento. Apesar da suspensão, o dinheiro pago pelo Sindicato foi devolvido, mas houve prejuízo com faixas e vouchers que seriam utilizados, além da divulgação já ter sido feita.

Na manhã desta quinta-feira (25), diversos motoristas e entregadores chegaram a procurar o Sindicato para comprar os vouchers e ter direito à gasolina por R$ 4,40, mas foram surpreendidos pela não realização do projeto. “É um público bastante sensível, hoje em dia, até comentamos que temos o desemprego do desempregado, muita gente desempregada foi trabalhar com esse tipo de iniciativa, e hoje está parando porque não consegue viver pagando a gasolina”, lamentou.

Cancelamento

O diretor do Sindicato acredita que a suspensão do contrato entre eles e o posto aconteceu por motivação política. Por meio da página do Observatório Social da Petrobrás, diversas denúncias são feitas, inclusive contra a Atem no Amazonas.

Isso porque a página acusa uma série de irregularidades na venda da Refinaria Isaac Sabbá, no Amazonas, tendo como compradora a Ream Participações, constituída por sócios da Atem Distribuidora. Entre as denúncias, eles citam o presidente Miquéias de Oliveira Atem, o qual foi condenado pela formação de cartel no setor de vendas a varejo de combustíveis e derivados de petróleo no Amazonas.

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“O que não podemos deixar de imaginar é que isso tenha uma relação política de boicote, porque a Atem é uma empresa que comprou a refinaria de Manaus e a nossa campanha, além de denunciar a política de preços que tem levado as pessoas a pagar quase R$ 7 num litro de combustível e mais 100 num botijão de gás, ela também tem relação com a política de privatização”, disse.

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Em relação à privatização, Terribas afirmou que o projeto também é contra o processo, inclusive defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. “É só lembrar que a BR, que é uma distribuidora braço direito da Petrobras nos postos de combustível, foi vendida há 2 anos e a gente só viu o preço aumentar”, destacou.

De acordo com ele, a Atem está sendo processada por sonegação de impostos, formação de cartel, situações que são denunciadas na página do Observatório. O diretor acredita na possibilidade de alguém ter olhado as publicações e, assim, chegou à conclusão que era melhor desfazer o acordo.

Terribas lamentou que isso tenha acontecido, e espera que em outro momento, a ação possa ser feita para ajudar os trabalhadores. “Infelizmente por uma questão política, a Atem boicotou a nossa ação, mas espero que em outro momento a gente consiga fazer uma ação desse tipo, nacionalmente e em Manaus também”, disse.

Outro lado

O Portal Amazonas1 entrou em contato com a empresa que assessora a Atem, para solicitar informações sobre as alegações de boicote e do processo de compra da refinaria. Em resposta, a empresa afirmou que “ofereceu o melhor preço dentro de processo competitivo amplo e transparente, promovido pela Petrobras. O processo competitivo ocorreu dentro dos mais rigorosos parâmetros legais e melhores práticas de mercado, contando com a participação de múltiplos interessados, além de ter sido conduzido por renomados assessores jurídicos e financeiros e chancelado por diversos órgãos de controle internos e da Administração Pública”.

Sobre a denúncia feita pelo Sindicato da prática de cartel, a Atem destacou que “as acusações de prática de cartel contra a Atem sempre tiveram e têm motivação comercial e política. Sobre essas denúncias, a Atem passou por uma CPI da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, na qual foi totalmente isenta”.

Em relação ao “Dia Nacional da Gasolina sem PPI”, a empresa afirmou que desconhece qualquer tratativa com o Sindicado. ” A Atem informa desconhecer quaisquer tratativas que tenham sido feitas a respeito de utilização de espaço em posto de combustível para a realização de atos sob iniciativa de entidades”.

Veja a reportagem: www.facebook.com.br/portalamazonas1

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