Manaus, 1 de maio de 2024
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Cidades

Acusado de matar miss, Rafael Fernandes confessa autoria do crime

Rafael chegou por volta das 21h39, ao prédio da DEHS, após quase dez horas de viagem de Boa Vista até a capital amazonense.

Acusado de matar miss, Rafael Fernandes confessa autoria do crime

Rafael chegou a Manaus após ser preso em Pacaraima (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

O analista judiciário Rafael Fernandes Rodrigues, 31, apontado pela polícia como principal assassino de Kimberly Karen Mota de Oliveira, 22, chegou na noite deste sábado, 16, em Manaus, para depor sobre a morte da namorada na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Rafael estava foragido e foi preso na tarde sexta-feira, 15, por volta das 16h, no município de Pacaraima, ao norte do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, após uma força-tarefa montada por Polícia Civil, Polícia Militar, Divisão de Inteligência e Captura (Dicap), Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.

Após quatro dias fugindo, Rafael tentou ingressar na Venezuela duas vezes, mas foi impedido pela Guarda Nacional, na cidade de Santa Elena de Uairén, capital do município de Gran Sabana. Na terceira tentativa, ele foi reconhecido e jurado de morte por venezuelanos. Para não ser morto, ele pagou R$ 1,5 aos rebeldes e retornou para Pacaraima.

Rafael chegou por volta das 21h39, ao prédio da DEHS, após quase dez horas de viagem de Boa Vista até a capital amazonense. Ele seguiu direto para uma sala reservada sem falar com os jornalistas, onde já estava sendo aguardado por um advogado, que não teve o nome revelado, para fazer sua defesa.

A Polícia Civil do Amazonas reuniu a imprensa para uma coletiva na DEHS para dar detalhes sobre os passos de investigação que levaram à prisão de Rafael.

Segundo o delegado Paulo Martins, titular da DEHS, Rafael confessou que matou Kimberly Karen após ter lido mensagens no celular dela com outros homens. Em seguida, ele pegou uma faca na cozinha e escondeu atrás das costas.

“Enquanto Kimberly estava no banheiro, Rafael conseguiu desbloquear o celular dela e leu as mensagens. Enfurecido, ele armou-se de faca e questionou a jovem que já estava deitada na cama. Na discussão, Kimberly acabou levando o primeiro golpe no pescoço e caiu desfalecida. Em seguida, ele desferiu mais dois golpes, sendo um tórax e outro no pescoço. Rafael lavou a vítima no banheiro, mas como sangrava muito ele desistiu. Rafael tinha a intenção de sair com o corpo e abandonar em algum lugar de Manaus”, explicou o delegado Paulo Martins.

Fuga

A autoridade policial ressaltou, ainda, que após confirmar a morte de Kimberly, Rafael ligou para o pai e relatou que havia feito. O pai, por sua vez, pediu que ele se entregasse à polícia, mas Rafael preferiu não ouvir o conselho.

Na manhã de sexta-feira, 15, data em que Rafael foi preso, o pai foi encontrado morto no trilho do metrô, em São Paulo. A morte por suicídio aconteceu na noite de quinta-feira, 14. A mãe de Rafael, que também mora em São Paulo, e realiza tratamento contra um câncer, revelou para a imprensa local que o filho não era capaz de cometer crime e afirmou que Manaus era “pobre” e que Rafael havia sido sequestrado.

Assustado, Rafael decidiu fugir para a Venezuela e seguiu por alguns quilômetros pela rodovia AM-010, que liga Manaus a Itacoatiara. Ao perceber que tinha errado o trajeto, Rafael retornou e no percurso da BR-174, ele arremessou o celular de Kimberly Karen.

Após passar na barreira de fiscalização de triagem em razão coronavírus, na Vila do Jundiá, em Rorainópolis, que fica na divisa com o Amazonas, onde preencheu uma ficha epidemiológica, Rafael perdeu a direção do veículo de luxo Audi, modelo A5, de cor branca, de placa PHH-7B39, vindo a capotar nas proximidades do Parque Nacional do Viruá, na cidade de Caracaraí, ao Sul do estado de Roraima.

Com a carona de um caminhoneiro, Rafael conseguiu chegar à cidade de Caracarí, onde pegou um táxi para sacar dinheiro em um caixa eletrônico 24h e seguiu para Boa Vista. Sem levantar suspeitas da condição de procurado, Rafael pegou outro táxi e viajou para Pacaraima.

Prisão

Rafael confessou que matou Kimberly após ler mensagens no celular da namorada (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

Rafael foi localizado após denúncias anônimas no Morro do Quiabo, na zona rural de Pacaraima. Ele estava em cabana feita de bambu, onde estava sendo protegido por dois venezuelanos, que foram pagos. Os dois venezuelanos, de 24 e 17, foram detidos pelo crime de favorecimento pessoal e liberados depois de assinar o termo de comparecimento na Justiça.

Após ser recambiado do 2º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Boa Vista, Rafael afirmou cooperar sobre a dinâmica do crime. Rafael afirmou está arrependido pelo crime e disse está também muito triste pela morte do pai. Dois advogados foram disponibilizados para sua defesa, sendo um do Sindicato e outro enviado pela mãe, mas o analista judiciário dispensou e contratou um advogado pessoal.

Rafael será encaminhado neste domingo, 17, para o Centro de Recebimento de Triagem (CRT), no quilômetro 8 da BR-174, onde passará por audiência de custódia por vídeo conferência.