Brasília (DF) – O Amazonas é o segundo Estado do Norte com o maior número de mamógrafos. O aparelho é essencial para detectar o câncer de mama em mulheres entre 50 e 69 anos, quando o tumor ainda não é palpável. Segundo o Ministério da Saúde, no Amazonas, 101 aparelhos estão divididos entre os 62 municípios da Região. Em todo o Brasil, 6.334 mamógrafos são utilizados para fazer o exame.
Na Região Norte, 419 estão sendo utilizados pelos profissionais de saúde, 257 são de comando simples, 58 estereotaxia e 104 são computadorizados.
O Portal AM1, tenta contato com a Secretaria de Saúde do Amazonas para obter dados sobre o número de exames realizados para esse público, e em que cidades estão alocados os aparelhos, e aguarda retorno.
Casos da doença no Brasil
Dados do Instituto Nacional do Câncer mostram que em 2023 a estimativa de casos de câncer de mama ultrapassou 73 mil, com risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
Além disso, o câncer de mama ocupa a primeira posição em casos de morte por câncer em mulheres no Brasil, com mais de 18 mil óbitos em 2021.
Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:
- caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor;
- pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja;
- alterações no bico do peito (mamilo); e
- saída espontânea de líquido de um dos mamilos.
Além disso, podem surgir pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas.
PL para unidades móveis com mamógrafos
Na Câmara dos Deputados, um projeto discute a instalação dos aparelhos em unidades móveis fluviais e terrestres para atender mulheres ribeirinhas.
A proposta é do deputado federal Henderson Pinto (MDB-PA) que inclui na lei 11.664/2008 mamógrafos em unidades de atendimento móvel fluvial. Ele destaca as dificuldades deste grupo em fazer o exame de prevenção ao câncer.
“Quando falamos de mulheres ribeirinhas, a situação é muito mais complexa, uma vez que temos a distância como o principal fator limitante. A logística até esses lugares é muito difícil, os atendimentos que chegam até lá são básicos, não tem estrutura adequada e nem atendimento diferenciado que precisa,” disse o parlamentar.
O texto permite que as mulheres sejam atendidas nas comunidades em que residem ampliando a atuação dos profissionais de saúde e levando exames específicos a população ribeirinha.
“As moradoras de Tabatinga, município do Amazonas que fica perto da fronteira com Peru e Colômbia, precisam viajar por 1,6 mil km durante sete dias para poderem realizar exames de prevenção do câncer em Manaus, na capital do Estado. A proposta de inclusão do § 4º no art. 2º na Lei nº 11.664, de 2008, visa a garantir que as mulheres ribeirinhas e rurais tenham acesso integral à assistência à saúde, o que inclui a realização de mamografias de forma tempestiva e regular,” diz a justificativa do texto.
A proposta aguarda relator na Comissão de Povos Originários, e deve ser discutido em breve pelos parlamentares da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Treinamento de agentes de saúde nas comunidades
Em contrapartida, o mastologista Dr. Ruffo Freitas, da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), destaca que o uso do aparelho é importante na detecção do câncer quando o nódulo não é palpável, mas em outros casos existe outra alternativa sem o uso excessivo do dinheiro público.
“A mamografia é considerada o método padrão no diagnóstico precoce porque consegue detectar tumores que ainda não são palpáveis unicamente que as nossas mãos ainda não conseguem detectá-lo pela polpação. (…) Mas 70% dos tumores de mama são palpáveis a própria mulher palpa seu tumor. Então, antes da gente investir mais em mamógrafos, nós temos que dar acesso a essas mulheres (…), Se por ventura essas comunidades dos postos de saúde forem treinados, dará muito resultado.”
O médico pontua que burocracia do Sistema Único de Saúde (SUS) causa uma baixa produtividade na realização dos exames e destaca que a ação de agentes de saúde podem auxiliar na descoberta da doença.
“Essa baixa produtividade, faz com que haja uma redução, né da chance da mulher ter o exame feito. E além disso também dentro do Sistema Único de Saúde, nós temos um outro problema que faz com que haja uma redução do número de mamografias esse problema chama-se a burocracia.”
Do modo tradicional entre o momento em que a paciente realiza o exame e o retorno médico podem se passar até seis meses. Em Goiás, existe um estudo com as agentes de saúde do município de Itaberaí, onde um treinamento é realizado para auxiliar as mulheres na detecção do câncer de mama por meio do exame físico, caso seja identificado o nódulo, uma consulta é agendada por meio de um aplicativo na unidade de saúde.
“Em vez de fazer mamografia, quando o tumor é palpável mesmo, já faz biópsia e já colhe o material para biópsia e só depois é que vai fazer a mamografia. Por que? enquanto vai sair o resultado dessa biópsia que perde esse tempo da mamografia.
O câncer de mama é o segundo câncer mais incidente na mulher amazonense, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Mas tem cura na maioria dos casos quando diagnosticado precocemente, daí a necessidade do diagnóstico precoce.
A médica mastologista e gerente do serviço de Mastologia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Hilka Espírito Santo, destaca que o Amazonas já registra 500 novos casos de câncer de mama neste ano, e a mamografia é um exame essencial para o diagnóstico precoce e cura da doença.
Mesmo com a alta incidência de casos da doença, vale destacar que no Amazonas o câncer de colo de útero ainda é o que mais mata as mulheres, sendo 31 a cada 100 mil mulheres, entre 20 e 49 anos, quase o triplo da média nacional.
(*) Colaborou Conceição Melquíades
LEIA MAIS:
- FCecon e Sociedade Brasileira de Mastologia promovem capacitação sobre câncer de mama
- Amamentar mais de um ano reduz risco de câncer de mama
- Partículas poderão diagnosticar câncer de mama
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.