Amazonas tem potencial em energia solar e setor cresce 528% em três anos

Manaus (AM) – Considerado um dos maiores potenciais em desenvolvimento de energia fotovoltaica do Norte do Brasil, o Amazonas vem se destacando com o crescimento de geração de energia renovável a partir de painéis solares. Segundo os dados da Aneel, o mercado solar no estado cresceu 528% de 2021 a fevereiro de 2024.

Somente nesse período, o setor já movimentou R$ 250 milhões em investimentos. Atualmente existem 10.024 usinas solares instaladas no Amazonas. Desse número, 6 mil projetos foram desenvolvidos por empresas que fazem parte da Associação Amazonense de Energia Solar (Amesolar).

Mais de cinco mil clientes são atendidos pelas 26 empresas associadas à Amesolar, que geram em torno de 200 postos de trabalho. No geral, o uso da tecnologia já gerou mais de 2 mil empregos na região desde 2012, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar).

Para a presidente da Amesolar e Ceo da Future Solar, Helane Souza, o Amazonas pode dar um salto e ser mais expressivo em termos de geração de energia limpa e renovável.  Isso por meio de políticas fiscais que atraiam novos investimentos em grandes plantas de energia solar.

“Ser o maior estado em território dentro da Amazônia com referência em geração de energia limpa atrai investimentos oriundos de fundos internacionais que buscam investir em energia renovável, maior arrecadação fiscal para investir em projetos sociais”, diz Helane sobre os benefícios que o Amazonas pode obter ao se tornar uma referência nacional na produção de energia limpa e renovável.

Helane Souza destaca que energia elétrica é um item essencial para o avanço social e econômico de qualquer estado e país. Ter empresas preparadas e comprometidas com a prestação de serviços com qualidade e garantia é fundamental para entregar o resultado que o cliente busca.

“Uma usina solar mal dimensionada, mal instalada, e sem a presença de profissionais legalmente capacitados para o desenvolvimento do projeto irá comprometer os resultados em termos de geração. Por isso, a Amesolar assegura que as empresas associadas estão preparadas para entregar um projeto que efetivamente gerará economia, liberdade energética e sustentabilidade para o consumidor”, explica.

O proprietário da Ita Solar, que está no mercado há quatro anos com localização em Itacoatiara, Franciedson Santos, esclarece que as placas solares precisam de manutenção, limpeza periódica e reaperto dos conectores e verificação na parte elétrica de seis em seis meses.

“O maior benefício da energia solar é que ela é uma energia limpa. O melhor retorno é a redução na conta de energia. Por exemplo, uma pessoa que está pagando R$ 1 mil passa a pagar mais ou menos R$ 180, ou R$ 190. E se o cliente optar por um sistema híbrido, ele não vai mais ficar sem energia na residência. Mesmo que a energia vá embora, como tem um banco de bateria de lítio, a residência do cliente ou no comércio vai continuar funcionando normalmente”, explana.

Destaque em produção de energia solar

Vale destacar que a primeira usina solar flutuante do mundo está localizada no Amazonas, na Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, que conta com 5 MW de capacidade energética, fornecendo energia elétrica para mais de 9 mil residências.

O estado também conta com a maior usina fotovoltaica da Região Norte, que ocupa uma área de 20 mil metros quadrados e possui 4.960 placas, que irão gerar 3,7 GWh por ano. Para se ter ideia do impacto ambiental, este volume de energia limpa reduz a emissão de 2,6 toneladas métricas de carbono. É como se 560 automóveis deixassem de circular durante um ano.

Localizada no ramal da Fazenda da Esperança, na BR-174, a usina, inaugurada em 2023, é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Manaus, a concessionária Águas de Manaus e duas empresas voltadas para o setor de energia fotovoltaica, a Brasol e a Expertise Energia Solar.

Além disso, o estado também conta com 12 mini usinas, todas localizadas nas comunidades de São Sebastião do Rio Preto, no município de Autazes.

Já em todo o Brasil, a energia solar fotovoltaica beneficia mais de 3,5 milhões de consumidores, com 2,4 milhões de instalações em empresas e residências que representam quase 28 GW de potência operacional.

Como a luz do sol se transforma em energia?

O engenheiro elétrico Lucas Silva explica que a energia solar é convertida em eletricidade através do processo de colisão das partículas de luz solar com os átomos nos painéis fotovoltaicos. Esse processo gera movimento de elétrons, resultando na produção de corrente elétrica na forma de energia solar fotovoltaica.

A partir disso as placas solares enviam a energia para o inversor solar, fornecendo eletricidade para o imóvel. Além de oferecerem energia limpa e renovável, os sistemas fotovoltaicos produzem créditos energéticos se conectados à rede quando a energia gerada for maior do que a consumida.

Os créditos energéticos, por sua vez, podem ser utilizados em até 60 meses, sendo aproveitados em períodos chuvosos ou noturnos, quando não há incidência solar. Além disso, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), o convênio ICMS 16/2015, que isenta o imposto sobre a energia gerada que volta para o consumidor por meio desses créditos.

Apesar de não atingir os níveis de incidência solar do Nordeste, por exemplo, o Amazonas tem os maiores índices de desenvolvimento de energia renováveis, configurando uma radiação solar global de 5,5 kWh/m², conforme aponta o Atlas Solarimétrico do Brasil.

No entanto, as características geográficas até podem impedir o estado de atingir grandes níveis de radiação, mas há outros elementos que proporcionam eficiência na produção desse modelo.

“O território do Amazonas, por si só, que é de tamanho continental, já é algo muito positivo. O fato do estado ser caracterizado pelo tempo firme na maior parte do ano também é outro fator que reforça o potencial”, pontua.

Realmente compensa financeiramente?

Conforme apurado pelo Portal AM1, o preço de instalação de placas solares varia de acordo com o tamanho e consumo de energia dos imóveis ou estabelecimentos.

Por exemplo, uma família que gasta, em média, R$200 de energia deverá desembolsar ao menos R$ 20 mil para a implementação de um sistema de energia solar. Apesar do alto custo, especialistas apontam que o investimentos retornam com o passar dos anos, já que o preço dos gastos pelo consumo mensal com eletricidade despencam.

Há também empresas que instalam painéis em parques solares, e fornecem energia diretamente às residências e empresas, onde não há viabilidade para abrigar os painéis.

O motorista Adriano Souza, morador do município de Itacoatiara, garante que vale o investimento.  Ele decidiu investir em energia solar para se libertar da dependência da companhia energética, que constantemente lhe cobrava tarifas variáveis. Por mais que tentasse economizar, a fatura sempre parecia aumentar. Esse foi o ponto de partida para a aquisição das placas solares.

Desde o final de 2021, Adriano utiliza o sistema em sua residência e afirma que o investimento realmente vale a pena. Ele conta que no primeiro mês viu o retorno financeiro. O consumo de energia, que antes variava entre R$ 500 e R$ 570 por mês, reduziu drasticamente para R$70 mensais desde a instalação.

Atualmente, Adriano conta que desfruta não apenas de economia, mas também de benefícios adicionais. Sua fatura detalha os quilowatts de energia que ele acumula como bônus.

“Hoje eu tenho uma sobra de benefícios. Vem na fatura detalhando quantos kilowatts eu tenho de bônus, que eu uso sempre quando recebo visitas para proporcionar um conforto melhor para quem chega, permitindo usar ar-condicionado, chuveiro elétrico, air fryer, micro-ondas a vontade. Hoje temos ar- condicionado até na sala. E isso usando o mesmo kit de energia que eu fiz aquisição há dois anos atrás”, afirma Adriano.

Financiamento

O alto custo assusta os consumidores, mas é possível fazer um financiamento para adquirir linhas de crédito para projetos de energia solar e renovável. Confira algumas das instituições que ofertam linhas de financiamento para a aquisição de equipamentos de energia solar.

Meu Financiamento Solar

O Meu Financiamento Solar, uma solução do banco BV, é uma fintech de financiamento para energia solar.  Com atuação nacional, atende condomínios e negócios, desde pequenos comércios até grandes indústrias.

Contando com o financiamento para energia solar BV, é possível financiar 100% do valor dos equipamentos e da instalação. Para pessoa jurídica, o limite de crédito disponibilizado é de até R$ 3 milhões. Já para pessoa física, o limite de crédito é de até R$ 500 mil.

O número de parcelas é estabelecido em até 96 meses, com carências de 30, 60, 90 ou 120 dias para começar a pagar.

Santander

O Santander disponibiliza linhas de financiamentos para que pessoas e empresas, correntistas ou não, instalem sistemas de energia solar. O banco financia até 100% do projeto, incluindo a instalação, em até 96 meses e carência de até 120 dias.

Caso seja o cliente seja correntista Santander, poderá pagar por boleto ou débito em conta corrente. Caso não seja, o pagamento é por meio de boletos

Sicredi

O Sicredi é um sistema de cooperativas de crédito com forte atuação no agronegócio. A instituição oferece linhas de financiamento para energia solar. O valor é creditado diretamente na conta do fornecedor e o cliente conta com prazo de até 120 meses para pagar.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil conta com o BB Crédito Energia Renovável, que possibilita financiar até 100% do projeto de energia solar, incluindo equipamento e instalação. O prazo é de até 96 meses, com até 180 dias de carência. O limite de contratação é de R$ 100 mil.

Solfácil

A Solfácil é uma startup brasileira que atua no financiamento de energia solar. A empresa atende projetos em todo o Brasil para residências, comércios, empresas, indústrias e propriedades rurais, com limite de R$ 200 mil por projeto para pessoas físicas e de R$500 mil por projeto para pessoas jurídicas.

Todas as linhas e projetos tem opções de prazos de pagamentos de 24 a 144 meses, e opções de carência de 1 a 6 meses.

Bradesco

O Bradesco oferece uma linha de financiamento para compra e instalação dos equipamentos geradores de energia solar para correntistas do banco. A solução conta com parcelamento em até 60 meses, carência de até 90 dias.

Banco do Nordeste

O FNE Sol é o programa de financiamento para energia solar do Banco do Nordeste (BNB). A solução atende empresas e produtores ruais, com prazo de 12 anos e 36 meses de carência, e pessoas físicas, com prazo de 8 anos e até 6 meses de carência.

O programa financia até 100%, dependendo do porte do cliente, localização e garantias, com limite máximo de financiamento de R$ 100 mil para pessoa física.

Caixa Econômica Federal

O crédito pessoal Caixa Energia Renovável é destinado ao financiamento para compra e instalação de sistemas de geração fotovoltaica residenciais. O prazo é de até 60 meses, com carência de até 6 meses para o vencimento da primeira parcela.

BTG Pactual

O BTG Pactual Empresas oferece o financiamento solar para pessoas físicas e entidades jurídicas. A linha cobre o custo total do projeto, incluindo equipamento e serviço de instalação. O pagamento pode ser parcelado em até 96 vezes, com até 180 dias de carência.

Políticas de incentivo

Embora ainda haja um caminho a percorrer até alcançar um cenário ideal, o Amazonas tem conquistado um aumento significativo no apoio à legislação voltada para o incentivo das energias renováveis.

No final de 2020, o governo estadual sancionou a Lei Nº 5.350, um marco importante que visa fomentar a utilização de fontes renováveis de energia. Esta lei oferece concessões e isenções financeiras e tributárias para empresas envolvidas na fabricação e comercialização de tecnologias relacionadas às energias renováveis, com um foco especial na eficiência energética.

Em seguida, em 2021, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), em resposta a uma iniciativa da Sedecti, aprovou a Lei Nº 5.420. Esta legislação estabelece um novo paradigma legal para o gás natural no estado, não apenas promovendo o seu uso, mas também garantindo segurança jurídica ao setor. Isso tem atraído o interesse de empresas que desejam explorar essa matriz energética no Amazonas, contribuindo assim para a diversificação e sustentabilidade do fornecimento de energia na região.

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