
Alfabetização (Foto: Reprodução/Freepik)
Manaus (AM) – Dados levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apontam que, em 2022, a taxa de analfabetismo na Amazônia Legal – estados de Maranhão, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Rondônia, Acre, Amapá e Roraima – chegou a 7,6% da população com 15 anos ou mais. A Amazônia Legal ocupa o segundo lugar do país em índices de analfabetismo, ficando atrás apenas da Região Nordeste.
Conforme a projeção desenvolvida pela PNAD Contínua, a pretensão é de que a taxa de analfabetismo no país seja reduzida nos próximos anos. Até 2030, a tendência é que a taxa de analfabetismo na Amazônia Legal alcance os 5,30%.
Ana Beatriz Prudente Alckmin, pedagoga pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisadora no Instituto de Biociências da USP, educadora ambiental e investidora em empreendimentos femininos, explica que o analfabetismo no Brasil existe devido a inúmeras razões, sendo elas sociais ou econômicas.
“As causas do analfabetismo no Brasil são múltiplas e interligadas. Uma das principais causas é a desigualdade social, que força muitas crianças e adolescentes a abandonar a escola para ajudar no sustento familiar. Além disso, a falta de investimentos adequados na educação resulta em escolas com infraestrutura precária, falta de materiais e merenda escolar insuficiente, o que desmotiva os alunos a permanecerem na escola.”, explica a pedagoga.
A pedagoga aponta que escolas municipais de Presidente Prudente, município no Interior de São Paulo, adotaram o método sociolinguístico, inspirado nas ideias de Paulo Freire, e esse método propõe uma conexão mais significativa entre o dia a dia dos alunos e a vida no ambiente escolar.
“Observações nas aulas dessas escolas indicam resultados positivos com o método sociolinguístico. Crianças de seis e sete anos demonstraram progresso significativo na alfabetização, aprendendo a ler e escrever de maneira mais eficaz e engajada. No entanto, a implementação desse método requer um planejamento cuidadoso e a colaboração entre professores para garantir sua eficácia em diferentes contextos educacionais.”, pontua Alckmin.
Segundo Ana Alckmin, o combate ao analfabetismo precisa ser combatido com investimentos no setor educacional e atentar-se à valorização dos professores e a modernização das metodologias de ensino.
“Para combater o analfabetismo e melhorar a educação no Brasil, é essencial aumentar os investimentos no setor educacional e priorizar a valorização dos professores e modernizar as metodologias de ensino, incorporando tecnologias que tornem o aprendizado mais atraente e eficiente. A parceria entre o governo, empresas privadas e a comunidade escolar é fundamental para criar um ambiente propício à educação de qualidade”, conclui.
O professor da Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc), Cleyson Carvalho, aponta uma deficiência na infraestrutura de ensino e pontua a realidade imposta aos estudantes que precisam, desde cedo, trabalhar para garantir a sua sobrevivência.
“Crianças aprendem desde cedo a ter que se virar. Então entre comer e estudar, o que será que vai ser escolhido por essa pessoa? Eu vejo que essa busca pelo trabalho cedo e a falta de incentivo dos pais faz com que isso [taxa de analfabetismo funcional] se torne uma crescente.”, esclarece o professor.
O professor Cleyson Carvalho acredita que é necessário, primeiramente, atentar-se às demandas do ensino fundamental para futuramente alterar a estrutura do ensino médio.
“Pensou-se na mudança do novo ensino médio e gastou-se com planos, projetos e matérias para explicar essa nova estrutura, mas os problemas educacionais são antigos. Como posso pensar em mudar a estrutura do ensino médio se a educação do ensino fundamental está defasada? Acredito que os processos de ensino deveriam ser revisados e trabalhados juntamente com os pais, até porque não posso cobrar mudança de um órgão político se a família não dá esse apoio.”, esclarece Carvalho.
Apesar do índice de analfabetismo entre a população de 15 anos, ou mais, ser elevado, o cenário aponta um futuro esperançoso para estudantes no ensino fundamental. Dados de 2023 do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Ministério da Educação (MEC) indicam que o Amazonas superou a meta estadual de crianças alfabetizadas até o 2º ano do Ensino Fundamental em 2023, com o crescimento de 79,3% em relação a 2021.
LEIA MAIS:
- Decreto cria Pacto Nacional pela Superação do Analfabetismo
- Brasil ainda não conseguiu cumprir meta de redução do analfabetismo
- Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.