A família de Priscila Souza de Vasconcelos, de 22 anos, está revoltada com o descaso da equipe médica da Maternidade Estadual Balbina Mestrinho, localizada no bairro Praça 14, zona Centro-Sul de Manaus. A jovem sofreu um aborto na semana passada e até hoje, 16, aguarda para realizar o processo de curetagem.
De acordo com a irmã, Karol Vasconcelos, Priscila estava com 3 semanas de gestação quando deu entrada na unidade, na última quinta-feira(13), após começar a sangrar. A jovem passou por exames e foi constatado, pela equipe médica, que o bebê já estava morto há um mês e iniciaram o procedimento para limpar o útero.
“Ela chegou a tomar medicamentos, mas a placenta e partes do feto ainda não saíram. Todos os dias, eles dizem que a minha irmã vai fazer a curetagem, mas nunca dá certo porque os médicos alegam que não tem leito para ela ficar após o procedimento. Essa é a justificativa deles, além disso, ainda teriam outras 4 mulheres na frente dela, aguardando também”, disse Karol.
Ainda segundo Karol, a irmã está sendo privada de alimentação por ter que atender os requisitos básicos pré-operatórios para realizar a curetagem, fazendo com que ela fique mais debilitada. “Todo dia falam que ela vai fazer o processo na ‘manhã seguinte’, ela não janta e passa o dia todo com fome esperando, porque precisa estar em jejum. Minha outra irmã teve que fazer um barraco [neste domingo(16)] para liberarem um lanche, ela está muito fraca e corre risco de infecção porque a placenta ainda está no corpo”, enfatizou.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) assumiu que não havia leitos disponíveis na maternidade e que foi providenciada a transferência da paciente.
“Como não havia vaga no centro cirúrgico, devido à alta demanda do fim de semana, foi providenciada a transferência por duas vezes (no dia 14 e no dia 16), via Núcleo de Regulação Hospitalar, para a Maternidade Chapot Prevost, mas a mesma não aceitou. Em nova tentativa, na manhã desta segunda-feira, ela aceitou ser transferida para a Maternidade Ana Braga, onde passa pelo procedimento”, escreveu em nota.
Maternidade tem histórico de descaso
Essa não é a primeira vez que a unidade de saúde é alvo de denúncias. Em fevereiro deste ano, a dona de casa Ila Arantes Fernandes, 35, e o bebê dela, morreram após trabalho de parto da maternidade.
O marido e pai das vítimas, Fábio Viana Barbosa, 35, denunciou o caso como negligência médica. A esposa passou mais de 24 horas na unidade para receber atendimento, que resultou na morte da mãe e do bebê .
Já em abril, o caso de outra jovem de 22 anos veio à tona. Ela chegou em trabalho de parto na unidade, na noite de quarta-feira(3), e foi internada sem receber qualquer atendimento médico.
Na época, o centro cirúrgico foi interditado e muitas pacientes foram transferidas para outras unidades. Já a jovem, só foi acompanhada na sexta-feira(5), quando também foi transferida para maternidade na Alvorada após ficar três dias na unidade, sentindo fortes dores.
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