Na missa matinal de ontem (sábado) o papa Francisco rezou pedindo proteção aos líderes mundiais e que se unam pelo bem do povo. Disse o pontífice:
“Para que, quando houver diferenças, eles entendam que em tempos de crise devem estar muito próximos para o bem do povo, porque a unidade é superior ao conflito”.
Como tem força ouvir “a unidade é superior ao conflito” e “unir pelo bem do povo”!
Parece tão óbvio que as diferenças e disputas políticas pelo poder fiquem de lado quando o que está em jogo é o desafio de combater uma pandemia e salvar vidas, que o simples fato do Papa precisar fazer esse apelo demonstra que em algum momento os líderes da política desviaram do caminho da fraternidade e do amor ao próximo.
A política exercida pelo simples e nobre desejo de servir foi sendo substituída por uma disputa insana pelo controle do Estado e pela necessidade insaciável que cada um tem de impor a sua verdade.
Onde deveria haver tolerância, prevalece a vingança e o ódio. Onde deveria haver solidariedade, prevalece o egoísmo. Onde deveria haver paz, prevalece conflito.
Onde deveria haver união, prevalece a discórdia. Onde deveria haver humildade, prevalece a arrogância.
Vivemos uma pandemia e o Amazonas tem a situação mais dramática do país.
Já são quase 500 famílias enlutadas vendo seus entes queridos enterrados em covas coletivas e sem direito a despedidas, mais de 400 profissionais da saúde diagnosticados com coronavírus, as cenas de pessoas desesperadas por atendimento na porta das unidades de saúde nos comovem.
Na economia são empresários que veem a falência bater as suas porta e trabalhadores que perdem seus empregos e o direito de com dignidade colocar um prato de comida na mesa da sua família.
Não estávamos preparados para enfrentar tudo isso – o mundo não estava – nosso sistema de saúde que já vivia no limite colapsou muito rápido, a contaminação dos profissionais de saúde por fará de EPIs diminuiu mais ainda nossa capacidade de atendimento e a maior parte da população simplesmente ignorou a necessidade de isolamento social estimulando a proliferação do vírus.
É diante desse cenário que as palavras do papa Francisco clamando por “união pelo bem do povo” e superado das diferenças para que a “unidade seja maior que o conflito” se impõem aos governantes, legisladores, juízes e fiscalizadoras do nosso Estado.
Não é hora de vaidades, de conspirações.
Não é hora de luta pelo poder que ressalta as divergências e nos afasta das necessárias convergências. Não é hora de aumentar a instabilidade.
É hora de deixar as diferenças pra depois. De pensar e agir pelo bem do povo.
É hora de união e atitude colaborativa entre os homens públicos num verdadeiro pacto em defesa da saúde e da vida.
O povo espera e precisa tanto de nós, não é hora de decepcioná-lo.
Marcelo Ramos, deputado federal
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