Manaus, 4 de maio de 2024
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Manaus, 4 de maio de 2024

Cidades

Assessoria da Ufam desmente a própria versão de que aluno tinha bomba

A jornalista que integra a assessoria de comunicação da Ufam alegou que o aluno detido pela PF, em manifestação na instituição, teria uma bomba caseira. Mas, depois, voltou atrás e desmentiu a própria declaração.

Assessoria da Ufam desmente a própria versão de que aluno tinha bomba

(Foto: Reprodução/Redes sociais)

Manaus (AM) – Um estudante de 27 anos foi detido pela Polícia Federal (PF) por desacato enquanto participava de um protesto na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) na tarde desta quinta-feira (10).

Inicialmente, a assessora da Ufam, jornalista Carla Santos, informou ao Portal AM1 que o homem possuía uma bomba caseira durante a manifestação, mas, depois voltou atrás e desmentiu a própria versão*.

Segundo a assessoria de comunicação da instituição, nesta quinta, estava sucedendo um evento sobre empreendedorismo em Israel, no qual um palestrante, de origem israelita, era o convidado principal. Porém, a presença do convidado teria desagradado a presidência do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Ufam, que, conforme a própria assessoria da Ufam, possui integrantes convertidos ao Islamismo.

“Ela [presidente] fez uso do DCE, em função de uma questão geopolítica e princípios particulares, a mesma gostaria que o evento não acontecesse, sendo que o evento era sobre empreendedorismo, realizado na faculdade de estudos sociais. Ela convocou todo o alunado do DCE para que o evento não acontecesse”, disse a assessoria.

Ainda conforme Carla Santos, assessora de comunicação da Ufam, a manifestação não foi pacífica como deveria ser, já que o estudante possuía uma bomba caseira.

Ufam

Obs: a informação sobre a bomba caseira é falsa e foi desmentida horas depois pela própria assessora da Ufam ao Portal AM1.

Além disso, conforme a jornalista, os manifestantes teriam batido nos vidros do auditório e haviam arremessado ovos, o que fez com que a confusão se intensificasse.

“O próprio palestrante saiu de lá escoltado pela Polícia Federal, até por se tratar de evento que coloca as relações internacionais da universidade em foco, inevitavelmente, precisaria de a PF estar lá, para nossa própria segurança, porque eles [manifestantes] estavam muito alterados”, relatou Carla Santos.

Mesmo com toda a confusão, o palestrante israelita conseguiu realizar a palestra e precisou sair escoltado pela PF.

Enquanto o palestrante caminhava em direção ao carro que o transportaria, a assessora disse ao Portal AM1 que ela e a filha foram agredidas pelos manifestantes.

Carla Santos diz que registrou boletim de ocorrência contra os agressores, além de abrir processo administrativo contra eles.

O que disse a Polícia Federal?**

Em nota enviada à imprensa, a PF disse que foi “acionada pela reitoria da Ufam”. Conforme o órgão de segurança, um aluno foi levado para a sede da PF para “esclarecer sobre eventual crime de desacato” e, em seguida, foi liberado.

Associação fez apelo a reitor da Ufam por liberdade de estudante***

A associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua) divulgou uma nota em que fez um apelo para que o reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, intercedesse junto à Polícia Federal pela soltura do estudante. Veja aqui a nota publicada no perfil da Adua no Facebook ou leia abaixo a íntegra da nota:

“A Diretoria da ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN vem publicamente repudiar a atitude truculenta da Polícia Federal na prisão do estudante do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas (PPGE-Ufam) e membro do Conselho Universitário (Consuni), C. S. da R., que, juntamente com outros e outras estudantes, exercia o direito constitucional de livre manifestação política por ocasião da realização do “I Simpósio Ajuricaba de Liberdade na Amazônia”, no auditório Rio Amazonas da Faculdade de Estudos Sociais (FES), no campus da Ufam em Manaus. Ao mesmo tempo solicitamos ao reitor da Ufam, professor Sylvio Puga, que interceda junto à Polícia Federal pela imediata liberação do estudante.”

Liberdade de expressão?

Embora manifestações sejam uma forma de liberdade de expressão em universidades, há uma diferença para atos que ferem a pacificidade, ou seja, quando a manifestação fere o direito de ir e vir do outro, não se pode considerar tal ação como liberdade de expressão.

A liberdade de expressão é garantida a todo e qualquer cidadão brasileiro, conforme o artigo 5º da Constituição Federal, porém, esse direito não é ilimitado. Nesse caso, todo abuso e excesso, principalmente quando verificada a intenção de injuriar, caluniar ou difamar alguémpode ser punido conforme a legislação Civil e Penal.

(*) Matéria atualizada às 8h do dia 11/08 para corrigir a informação falsa que a assessoria divulgou envolvendo o aluno e uma bomba que não existiu.

(**) Inclusão das notas da Polícia Federal e

(***) inclusão da nota da ADUA

OBS: Mudança no título de “PF prende estudante durante protesto na Ufam; ele possuía bomba caseira” para “Assessoria da Ufam desmente a própria versão de que aluno tinha bomba”