Manaus, 28 de abril de 2025
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Manaus, 28 de abril de 2025

Cidades

Aumento do bullying no Brasil liga alerta no AM: especialistas apontam causas e soluções

De acordo com a Comissão “OAB Vai à Escola”, os tipos mais relatados de bullying são: apelidos ofensivos, exclusão social, disseminação de boatos e, cada vez mais ataques virtuais.

Aumento do bullying no Brasil liga alerta no AM: especialistas apontam causas e soluções

Foto: freepik

Manaus (AM) – O Brasil está enfrentando um crescimento de violência no ambiente escolar, de acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) as denúncias de casos envolvendo violência nas escolas subiram cerca de 50% em 2023.  De 2013, quando foram registradas3,7 mil vítimas de violência nas escolas, o número subiu para13,1 mil, em 2023.

Ainda de acordo com o MDHC, as formas mais comuns de violência na escolar são de natureza emocional, incluindo bullying, tortura psíquica, ameaça, constrangimento e injúria. Os dados acendem um alerta para o Amazonas, que segundo a Associação dos Notários e Registradores do Estado do Amazonas (Anoreg-AM), registrou um crescimento de 2,96% durante o último ano, 2024.

Bullying no Amazonas

A neuropsicóloga Aline Padilha, entrevistada pelo Portal AM1, ressalta que por termos uma diversidade cultural e linguística no Amazonas, o bullying acaba sendo mais propício.

“Quando olhamos para o contexto do Amazonas, precisamos considerar outros fatores que agravam a situação: preconceito linguístico, desigualdade social, racismo, religião entre outros fatores. Muitas vezes, as violências simbólicas são ainda mais sutis, mas deixam marcas profundas na vítima,” explica.

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(Neuropsicóloga Aline Padilha / Foto: arquivo pessoal)

Vítimas possuem perfil padrão

Segundo a neuropsicóloga Aline Padilha, explica que as crianças e adolescentes que geralmente sofrem bullyng, possuem um perfil padrão, são tímidas e a maioria tem dificuldade em interação social.

“O que a gente observa com frequência são justamente aqueles que têm um perfil mais tímido, com dificuldades de socialização ou uma forma diferente de se expressar, sendo alvos constantes de piadas, exclusão ou humilhações. É como se, por serem mais sensíveis ou introvertidos, o grupo entendesse que tem “direito” de ridicularizar, e isso é gravíssimo,” pondera a especialista.

 

Terapia Cognitiva-Comportamental

“Uma criança ou adolescente que sofre bullying, pode desenvolver pensamentos como “eu não sirvo pra nada”, “ninguém gosta de mim”, “é melhor eu me calar” e esses pensamentos alimentam sentimentos de tristeza profunda, medo, vergonha, ansiedade, e até levam ao isolamento. Nosso trabalho em psicoterapia é, antes de tudo, acolhimento e reconstrução. A gente ajuda esse jovem a identificar esses pensamentos automáticos negativos, compreender de onde vêm, e substituí-los por ideias mais realistas e fortalecedoras. Eu trabalho com a Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), uma abordagem que entende que nossos pensamentos influenciam diretamente nossas emoções e comportamentos. O tratamento é fundamental, mas a prevenção é urgente! Precisamos de escolas mais conscientes, famílias mais atentas,” declarou a neuropsicóloga.

 

“OAB Vai à Escola”

Segundo a advogada Rosana Léa Antony, Conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas, (OAB-AM), embora não exista uma política específica voltada exclusivamente ao bullying, foi criada a Comissão “OAB Vai à Escola” para se dedicar a levar palestras no ambiente escolar.

“A Comissão “OAB Vai à Escola” desenvolveu uma palestra dedicada ao tema, atendendo à demanda de várias instituições de ensino que solicitavam uma abordagem acessível e jurídica sobre o assunto. Essa palestra busca sensibilizar os jovens sobre a gravidade do bullying, inclusive esclarecendo que, dependendo das circunstâncias, essas condutas podem ser enquadradas como crime, conforme previsto no artigo 186-A do Código Penal,” destaca Antony.

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(Advogada Rosana Léa Antony / Foto: arquivo pessoal)

A missão

“A Comissão “OAB Vai à Escola” tem como missão levar temas de relevância social e jurídica às instituições de ensino, por meio de palestras ministradas por advogados voluntários. Entre os assuntos abordados estão: exploração sexual de crianças e adolescentes, direitos e deveres à luz da Constituição Federal, violência doméstica, uso de drogas e, atualmente, o tema mais requisitado — o combate ao bullying”, disse Rosana.

 

Principais tipos de bullying

A advogada Rosana descreve os principais tipos de bullying relatados pelas crianças nas escolas. “Entre os tipos mais relatados estão: apelidos ofensivos, exclusão social, disseminação de boatos e, cada vez mais, ataques virtuais,” afirma.

 

Importância das políticas públicas

De acordo com Antony, é importante a atuação de políticas públicas para trabalharem a prevenção do crime de bullyng que gera sérios traumas em crianças e adolescentes.

“A atuação da comissão é voltada para toda a comunidade escolar, explicando os riscos e consequências legais, mas principalmente promovendo uma cultura de empatia e respeito. O conhecimento é a chave para combater práticas que colocam em risco a saúde emocional e psicológica dos nossos jovens,” salientou.

 

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