Manaus, 1 de maio de 2024
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Cenário

Bolsonaro deve visitar comunidade indígena em São Gabriel da Cachoeira

O Planalto confirmou apenas a visita de Bolsonaro a uma cidade do Amazonas, mas um avião da Presidência já teria aterrissado no município

Bolsonaro deve visitar comunidade indígena em São Gabriel da Cachoeira

Foto: Agência Senado

MANAUS/AM- O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) planeja visitar à comunidade Maturacá, que fica no município de São Gabriel da Cachoeira, nesta quinta-feira (27). A informação foi divulgada pela Folha de São Paulo.

Próxima do Pico da Neblina e da fronteira com a Venezuela, Maturacá tem 2 mil habitantes e é distante da comunidade Palimiú, alvo de constantes ataques armados de garimpeiros ilegais nas últimas semanas.

Segundo a reportagem, o Planalto confirmou apenas a visita de Bolsonaro a uma cidade do Amazonas, mas um avião da Presidência já teria aterrissado em São Gabriel no domingo (23). O presidente deve chegar lá em outro avião e depois pegar um helicóptero até Maturacá, a cerca de meia hora de voo. Esta será a primeira vez que a comitiva de Bolsonaro visita terras indígenas.

A visita foi informada aos yanomamis por militares do 5ª PEF, vizinho da comunidade Maturacá, e não foi bem recebida por líderes locais, que publicaram uma carta de repúdio à presença de Bolsonaro.

“Reiteramos nossa posição legítima de repudiar a visita do presidente, senhor Jair Messias Bolsonaro, no nosso território yanomami”, diz o documento, assinado pelo presidente da Ayrca (Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes), José Mario Góes, pela presidente da Kumirayoma (associação de mulheres), Erica Figueiredo, e por outros quatro líderes locais.

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Para eles, a visita é para “tratar e tentar acordar conosco a legalização de mineração no território yanomami, portanto, essa não é a nossa ansiedade yanomami”. “Ao contrário disso, exigimos que o governo deve implementar ações de fiscalização de forma contínua nos entornos e limites dos territórios indígenas já demarcados”, diz a carta.

“Governo deve retirar invasores dos nossos territórios em caráter urgente como tentativa de garantir a nossa saúde e a da mãe terra.”

No documento, os yanomamis também exigem mais recursos para o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena), que registra falta de medicamentos, de estrutura e de pessoal em meio ao aumento dos casos de malária falciparum, a variedade mais letal, e de crianças com quadro grave de desnutrição. “Informamos ainda que, na política tradicional yanomami, só um cacique, só um líder, não deve tomar decisão antecipada sem consentimento coletivo”, diz a carta. “Essa diferença de organização social e governança do território deve ser respeitada pelo governo.”

Recentemente, as duas associações também publicaram uma carta denunciando ações truculentas do 5º PEF e exigindo a retirada de casas de militares construídas fora do perímetro da base do Exército.

No início do mês, quando a visita ainda estava em especulação, cinco associações yanomamis e ye’kwanas , entre as quais a Hutukara, de maior abrangência, já haviam se oposto à presença de Bolsonaro: “Não estamos interessados em discutir sobre garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, não queremos negociação de legalização de garimpo, somos contra a exploração de mineração nas terras indígenas”.

 

(*) Com informações da Folhapress