Manaus, 26 de abril de 2024
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Manaus, 26 de abril de 2024

Brasil

Bolsonaro diz não ter evolvimento no caso Marielle e ataca Globo e governador Witzel

Por meio de uma transmissão nas redes sociais, o presidente fez duras críticas pelas reportagens que envolvem não apenas ele, mas também seus familiares

Bolsonaro diz não ter evolvimento no caso Marielle e ataca Globo e governador Witzel

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), respondeu hoje à reportagem da Rede Globo que divulgou uma menção ao seu nome na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), do Rio de Janeiro, e do motorista dela, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018.

Em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro se isentou de responsabilidade pelo crime e fez duras críticas à imprensa, sobretudo a TV Globo, pelas reportagens que envolvem não apenas ele, mas também seus familiares. Ele ainda insinuou que as informações do processo, que está sob sigilo, teriam sido vazadas pelo governador Wilson Witzel (PSC-RJ).

O porteiro do condomínio onde morava Bolsonaro à época disse em depoimento que alguém com a voz “do seu Jair” autorizou a entrada de um dos suspeitos da morte da vereadora no dia do crime. Bolsonaro, no entanto, neste dia estava na Câmara dos Deputados, segundo registro de presença da Casa consultado pela reportagem da Globo.

De acordo com o telejornal da Globo, o caderno da única portaria do Vivendas da Barra foi analisado pela polícia e apontou um visitante no local na noite do crime. No mesmo condomínio vivia o policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Civil como o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. O suspeito teria anunciado ao porteiro que visitaria Bolsonaro, mas se direcionou para a casa de Lessa

“Estou à disposição para falar nesse processo, conversar com esse delegado sobre esse assunto, pra começar a colocar em pratos limpos o que está acontecendo no meu nome. Por que estão querendo me destruir?”, questionou Bolsonaro durante a transmissão desta noite.

Ele disse que não conhecia Marielle e que não tinha nenhum motivo para querer matar alguém. O presidente afirmou ainda que o porteiro pode ter assinado o depoimento sem ler.

“O que parece? Ou que o porteiro mentiu, ou que induziram o porteiro a cometer um falso testemunho, ou que escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu e assinou na confiança. A intenção é sempre a mesma”, afirmou.

‘Patifaria’, diz Bolsonaro

Na live de hoje, gravada por volta das 4h da manhã em Riade (Arábia Saudita), onde o presidente está como parte de sua viagem por países do Oriente Médio, Bolsonaro mostrou grande indignação com a reportagem, chegando a gritar e falar palavrões.

“Qual é a intenção da Globo fazer isso ai? Nós estamos vendo problemas ocorrendo na América do Sul. Argentina, Chile, Venezuela, Bolívia, Peru… Será que a Globo quer criar uma narrativa, ou que o povo deveria ir à rua para pedir meu afastamento? É o tempo todo isso”, afirmou Bolsonaro, que aproveitou e criticou a revista Época (do Grupo Globo) por reportagem em setembro sobre a atuação de Heloísa Wolf Bolsonaro mulher do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), como psicóloga.

“Por que, TV Globo? Por que, revista Época? Essa patifaria por parte de vocês. Deixe eu governar o Brasil. Vocês perderam. Vocês vão renovar a concessão em 2022, e o processo está limpo. Vocês estão apostando em me derrubar no primeiro ano”, disse.

“Eu estou fazendo uma viagem de 10 dias (pela Ásia). E vocês, TV Globo, o tempo todo infernizam minha vida. Onde vocês querem chegar, eu sei. Essa patifaria, 24 horas?”, acrescentou.

Acusação contra Witzel

Ainda em sua live, Bolsonaro insinuou que o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, teria vazado as informações do inquérito para a Rede Globo. Ele atribuiu a insinuação a uma reportagem da revista Veja. Segundo o presidente, Witzel teria interesse em atacá-lo de olho nas eleições de 2022.

“O senhor só se elegeu governador porque ficou o tempo todo colado com o [senador] Flávio Bolsonaro, meu filho. Ao chegar à presidência (sic), a primeira coisa que o senhor fez foi se tornar inimigo dele, para concorrer à presidência em 2022”, disse.

“Esse inquérito do caso Marielle deixa claro que tem algo muito errado no caso desse processo. Eu gostaria muito de muito de falar nesse processo, conversar com o delegado desse assunto, para colocar em pratos limpos o que está acontecendo com o meu nome”, completou.

(*) Conteúdo UOL