Manaus, 30 de abril de 2024
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Cultura

‘Cabaré Chinelo’ estreia neste mês em Manaus; confira

A apresentação é sobre prostitutas que viveram em Manaus na época da borracha

‘Cabaré Chinelo’ estreia neste mês em Manaus; confira

Foto: Reprodução

O Ateliê 23 apresenta ao público a história da belle époque manauara não contada nos livros, com o espetáculo “Cabaré Chinelo”, em novembro. Inspirado na pesquisa do historiador Narciso Freitas, e em parceria com a companhia de teatro argentina, García Sathicq, o enredo fala sobre prostitutas que viveram para Manaus na época do período áureo da borracha.

A temporada estreia no dia 8 de novembro, às 20h, no Teatro Gebes Medeiros, que fica na Avenida Eduardo Ribeiro e segue todas as terças e quartas deste mês, com classificação para 18 anos.

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Os ingressos antecipados estão à venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Nos dias de apresentação, os bilhetes vão ser vendidos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), na entrada.

Em cena, o espetáculo de teatro musicado traz uma denúncia, 100 anos depois, sobre mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX. Segundo o diretor do Ateliê 23, Taciano Soares, o projeto abre a programação de dez anos da companhia, celebrado em agosto de 2023, com uma série de novos projetos e também revisitação de trabalhos conhecidos pelo público cativo do grupo.

“O ‘Cabaré Chinelo’ é um grande convite para que possamos falar sobre vidas que importam. Essa proposta vai ao encontro do que o Ateliê 23 tem apresentado todos esses anos, com base em material biográfico e documental, com fatos históricos, de alguém ou de uma situação real, o que chamamos de bionarrativas cênicas”, explica o artista.

Enredo

Taciano destaca que o projeto tem a expectativa de desmistificar o ideal romantizado que ainda existe sobre a belle époque em Manaus.

“Na verdade, a belle époque foi um produto de alguns poucos homens que detinham poder e dinheiro na época da borracha e que fizeram com que a cidade fosse uma espécie de cartão postal, quando por trás disso, havia muito suor e sangue”, comenta o diretor.

“Essa é a história real que, inclusive, perpetua até hoje, visto que temos no centro ruas ao redor do Hotel Cassina, onde era o Cabaré Chinelo, que ainda sustenta uma subvida, mulheres prostituídas em condições sub-humanas, herança direta daquele período e do modo pelo qual homens trataram corpos e vidas de mulheres como se fossem mercadorias”.

Registro histórico

Conforme o diretor, o espetáculo, que acontece entre 1900 e 1920, traz recortes dos jornais da época, com registros como tabela de valores de quanto cada uma mulher valia em ruas como Epaminondas, Dez de Julho, Itamaracá, Lobo D’Almada, Saldanha Marinho e Porto de Manaus. O material vai ser distribuído durante a peça.

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“Os jornais da época foram fundamentais para entender como tudo se dava, porque é através das manchetes que temos acesso aos nomes das mulheres, as personalidades e a histórias muitos tristes”, informa Taciano.

“Outra questão dessa pesquisa são as ISTs, infecções sexualmente transmissíveis vinculadas a presença das prostitutas e registradas em fichas de cadastro de saúde, que também vamos distribuir para a plateia. São documentos que constam nomes, origem e o termo deflorada para se referir a primeira vez dessas mulheres”.