Manaus, 6 de dezembro de 2024
×
Manaus, 6 de dezembro de 2024

Brasil

Casos de câncer colorretal crescem no Amazonas em três décadas, com maior incidência entre homens

Taxa de incidência para homens subiu de 15,64 em 1990 para 27,22 em 2024. Entre as mulheres, o crescimento foi de 18,1 para 23,83 no mesmo período.

Casos de câncer colorretal crescem no Amazonas em três décadas, com maior incidência entre homens

(Foto: Reprodução/Freepik)

Manaus (AM) – O número de casos de câncer colorretal (câncer de intestino) aumentou no Amazonas ao longo das últimas três décadas, especialmente entre homens. De acordo com dados de um estudo, a taxa de incidência para homens subiu de 15,64 em 1990 para 27,22 em 2019. Entre as mulheres, o crescimento foi de 18,1 para 23,83 no mesmo período.

Os dados do estudo foram publicados nesta quarta-feira (27) na revista científica Saúde em Debate. O estudo foi conduzido por cientistas das universidades federais de Goiás (UFG), Minas Gerais (UFMG) e Rio de Janeiro (UFRJ). Ele analisou taxas de prevalência, incidência, mortalidade e anos de vida ajustados por incapacidade, entre brasileiros com 30 anos ou mais, ao longo de 30 anos, segmentados por sexo e unidade da federação.

Os pesquisadores destacaram que as taxas de incidência de câncer colorretal são consistentemente mais altas em homens e que houve aumento em ambos os sexos em todas as regiões do país. Além disso, as tendências de mortalidade foram mais acentuadas nas regiões Norte e Nordeste.

Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, o câncer colorretal, no Brasil, é o segundo câncer mais comum em homens e mulheres, com 45.630 novos casos anuais. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 44 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal, no Brasil, com 70% concentrados nas regiões Sudeste e Sul.

Enquanto no Amazonas, a estimativa é de 300 novos casos de câncer de intestino para 2024, conforme alertou a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).

O estudo

O Portal AM1 conversou com a pesquisadora Anelise Schaedler, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), para compreender os fatores que explicam o aumento nos casos de câncer colorretal, além do envelhecimento populacional.

Schaedler destacou que o consumo de alimentos ultraprocessados pode ter um papel significativo nesse crescimento.

“Quanto aos fatores de risco, além do envelhecimento populacional, temos a questão dos alimentos ultraprocessados. A nutrição é o principal fator, além do envelhecimento, claro, para o câncer colorretal. É importante pensar que, há 20 anos, o acesso a alimentos ultraprocessados passou por uma grande mudança. Nos últimos 30 anos, conforme apontam estudos, políticas de incentivo a indústrias nas regiões Norte-Nordeste contribuíram para essa transformação. Antes, essas regiões eram predominantemente agropecuárias e não contavam com muitas indústrias. Com a migração dessas indústrias para o Norte-Nordeste, houve um aumento na produção de alimentos ultraprocessados nessas áreas, o que facilitou o acesso a esses produtos”, explicou a pesquisadora.

Entre os principais fatores relacionados ao aumento dos casos de câncer colorretal, a alimentação ocupa lugar de destaque. A pesquisadora Anelise Schaedler adverte que o alto custo de alimentos saudáveis no mercado dificulta o acesso da população a uma dieta balanceada, contribuindo para o crescimento de hábitos alimentares inadequados.

“Outro ponto relevante é a questão dos valores de mercado: atualmente, alimentos saudáveis estão mais caros que os não saudáveis, o que acaba influenciando as escolhas alimentares da população. Isso contribui para o aumento das taxas relacionadas a doenças como o câncer colorretal”, alertou Schaedler

Câncer colorretal

Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, o câncer colorretal inclui tumores que afetam o cólon (parte do intestino grosso) e o reto. É considerado tratável e frequentemente curável se detectado precocemente, antes de se espalhar para outros órgãos.

O estudo apontou que o número total de casos da doença em uma população específica, conhecido como prevalência, passou de 83 casos por 100 mil mulheres em 1990 para 145 casos por 100 mil em 2019, registrando um aumento médio de 1,9% ao ano. Entre os homens, a prevalência subiu de 83 casos por 100 mil habitantes em 1990 para 174 casos por 100 mil em 2019, correspondendo a um crescimento médio anual de 2,6%.

 

Edição: Hector MS Silva

 

LEIA MAIS: