Manaus, 16 de março de 2025
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Manaus, 16 de março de 2025

Economia

Cesta básica: amazonenses sentem impacto da alta nos preços de produtos essenciais da alimentação

Café, leite e ovos estão mais caros e consumidores sentem dificuldades de fechar a conta do supermercado, muitos recorrem a “famosa” pesquisa na hora da compra.

Cesta básica: amazonenses sentem impacto da alta nos preços de produtos essenciais da alimentação

Foto: divulgação / arquivo pessoal

Manaus (AM) – Consumidores do Amazonas têm sentido no bolso o aumento no preço dos itens da cesta básica. Produtos essenciais como café, ovos e leite estão mais caros, tornando o orçamento das famílias ainda mais apertado. Para muitos, os valores não acompanham o salário mínimo, comprometendo o poder de compra.

O Portal AM1 ouviu consumidores que relatam a dificuldade de manter as compras do mês no orçamento, muitos recorrem à “famosa” pesquisa. É o que relatou o casal Jonas Maciel e Samara Maciel. Jonas é quem faz as compras para a casa, ele compartilha que é sempre uma luta, afinal, sempre precisa ir a diversos supermercados e, a cada quinzena, gasta cerca de R$ 700,00 em alimentação.

Pesquisa de produtos

“Está muito caro, de verdade! A cesta básica de uns tempos pra cá, está mais cara. Quando eu vou, tenho que ir no mínimo em dois ou três supermercados fazer aquela pesquisa básica. Hoje em dia, o que tá mais caro: café, leite, o leite tá caríssimo, R$ 15, tem supermercado que é R$ 16, R$ 17, e R$ 18. O café é a mesma coisa. A minha opinião é que não tá num preço justo, temos que ir a vários lugares pra poder comprar tudo”, informou Maciel.

Samara afirma que quem faz as compras de casa é o marido, mas que observa o marido se queixar dos preços elevados.

“Quem faz as compras de casa é o Jonas, meu esposo, mas sempre ele comenta que muitos produtos estão caros e isso complica na hora de comprar”, disse.

 

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Samara Maciel e Jonas Maciel (Foto: arquivo pessoal)

O dinheiro não rende

Para autônoma Beatriz Pedrosa, com o aumento dos preços dos produtos, o dinheiro não rende no fim do mês.

“Os preços da cesta básica estão cada vez mais altos, e isso tem impactado muito o dia a dia das pessoas. Antes, era possível fazer compras para o mês inteiro com um valor razoável, mas hoje, mesmo comprando só o essencial, o dinheiro não rende. Produtos básicos como arroz, feijão e leite tiveram aumentos significativos, e quem ganha um salário mínimo sente isso diretamente”, relatou.

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Beatriz Pedrosa (Foto: arquivo pessoal)

O que ganhamos em um produto, perdemos em dez

A dona de casa e autônoma, Sandy Mendes, mora com o esposo e a filha de cinco anos. Ela fala que alguns produtos até estão em conta, mas a maioria do que é essencial para uma mesa está caro. “Os valores em alguns lugares podem até ser justos, porém, não estamos falando somente de um alimento, mas sim de uma cesta. Então o que estaríamos ganhando em um, estamos perdendo em dez. É sempre uma surpresa fazer a compra de uma cesta básica; porém, pra mim, não é uma surpresa boa. Acho um absurdo!”, afirmou.

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Sandy Mendes (Foto: arquivo pessoal)

Real desvalorizado

Jessie Silva, jornalista, avalia o cenário afirmando que um dos motivos da alta da cesta básica é a desvalorização da moeda.

“Olha, a cesta básica está realmente muito cara, pesando no bolso. Não está nada fácil. Mas acredito que isso é reflexo de vários motivos. O real está desvalorizado, o que incentiva a exportação e reduz a oferta aqui dentro, importar também ficou mais caro”, afirmou.

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Jessie Silva (Foto: arquivo pessoal)

Preço atual não condiz com a realidade

O Portal AM1 consultou a advogada Samantha Messias, que destacou que a pesquisa realizada pelo Proncon-Manaus não condiz com a realidade da população.

“Infelizmente cada vez mais o preço das cestas básicas tem aumentado, isso afeta diretamente todos os consumidores amazonenses, pois o poder de compra fica cada vez mais reduzido. Principalmente, as famílias de baixa renda que, para ter o básico, precisam se esforçar além do normal. Se pegarmos os valores apresentados na pesquisa do Procon-AM, é nítido que esses valores não estão de acordo com a realidade pesarosa que vivenciamos para ter o alimento à mesa. Ainda que usemos adaptações estratégicas na hora das compras, sentimos as consequências desses aumentos cada vez mais frequentes”, explicou Messias.

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Samantha Messias (Foto: arquivo pessoal)

Pesquisa valor cesta básica em Manaus

O Procon Manaus divulgou, no dia 6 de fevereiro, a primeira pesquisa de preços de 2025 da cesta básica. Conforme o levantamento, o valor médio da cesta encontrado foi de R$ 280,54. A pesquisa foi realizada em 10 supermercados da cidade, incluindo grandes redes como Nova Era, Carrefour e Assaí, e abrangeu 16 produtos.

Entre os produtos estão:

  • arroz;
  • feijão;
  • açúcar;
  • macarrão;
  • óleo;
  • ovos.

O levantamento, baseado na metodologia do Dieese e em decreto federal de 2024, mostrou uma variação entre os preços, com a cesta básica mais barata sendo encontrada por R$ 263,40 e a mais cara por R$ 306,38. O supermercado Rodrigues, na zona Norte, teve a cesta básica mais cara, enquanto o Nova Era, na zona Leste, apresentou o preço mais baixo.

Entre os itens, o sal refinado foi o mais barato, variando de R$ 1,19 a R$ 2,79, e a caixa de ovos, de 30 unidades, foi o produto mais caro, variando de R$ 16,99 a R$ 26,90.

Analisando os valores da cesta em 2023 e 2024

De acordo com a pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA) em 2023, o valor médio da cesta básica em Manaus era de R$ 615,26Esse valor representava 50,39% da renda mensal de um trabalhador que recebia o salário mínimo bruto de R$ 1.320,00. A variação de preços de alguns produtos deixou a cesta básica mais cara no Amazonas.
Em 2024, pelo segundo ano consecutivo, o valor da cesta aumentou, custando R$ 814,28, na época, Manaus ocupou a quarta posição no valor médio da cesta básica no Brasil.
Vale ressaltar que, a disparada nos preços da cesta básica de alimentos na capital amazonense se deu por conta da grande seca histórica que aconteceu nos dois anos seguidos. Manaus viveu uma crise logística causada pela seca, que encareceu os alimentos transportados fluvialmente.

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