
(Foto: Hudson Fonseca/Aleam)
Brasília (DF) – Enquanto presidente de seu partido chama Fernando Haddad de ministro fraco, o senador Omar Aziz (PSD) fecha os olhos para o aumento em escala do preço dos alimentos e critica a COP 30.
“O que as COPs trouxeram de bom para o Brasil? Quantos empregos foram gerados? Matou a fome de quem?”, disse Aziz ao Portal AM1.
Na última semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, destacou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é fraco e não consegue se impor.
“Hoje o que a gente acaba vendo é uma dificuldade do ministro de comandar. Ele prioriza convicções, projetos, que não acabam se tornando realidade, porque ele não consegue se impor no governo. Um ministro da Fazenda fraco sempre é um péssimo indicativo”, disse Kassab em evento em São Paulo.
Até o presidente Lula não poupou as cobranças a Haddad no mês passado. O petista passou a criticar o alto preço dos alimentos e cobrou do governo medidas para garantir comida acessível aos trabalhadores, reforçando a necessidade de alinhar os preços aos regulamentos.
Já Omar Aziz, não tem sido visto adotando um tom crítico às ações do ministro Fernando Haddad e a crise que se instala na economia com o governo Lula no poder.
Parcialidade
Para o cientista político Helso Ribeiro, políticos que compõem a base do governo, como é o caso do senador do PSD, tentam minimizar o impacto da atuação econômica no Brasil.
“Políticos que simpatizam com o governo Lula vão tentar minimizar os males e tudo que ocorre com o governo federal e os que fazem oposição vão tentar enaltecer”, explicou o especialista.
Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os preços dos alimentos subiram 7,69%, enquanto a inflação cresceu 4,83%. O aumento da carne chegou a 20,84%, a maior alta desde 2019.
Até o momento, o senador amazonense não comentou o aumento da cesta básica em Manaus que, atualmente, pode chegar a R$ 306,38, segundo uma pesquisa do Procon Manaus divulgada na última quarta-feira (4).
Alta dos preços
O preço do ovo, por exemplo, passou de R$ 18 para R$ 37, a cartela com 30.
Mas, na última segunda-feira (3), o senador disparou contra a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), nesta semana. O evento acontece entre os dias 10 e 21 de novembro deste ano, em Belém, no Pará.
Para Aziz, as movimentações nunca geraram emprego e renda para a população.
“Os Estados Unidos acabam de sair do tratado de Paris, é muito fácil o presidente da França mandar a gente proteger tudo, não poder explorar nada enquanto ele, na França, emite mais CO² do que nós”, disse o parlamentar.
Para outro senador do Amazonas, Plínio Valério (PSDB), este é um ‘movimento de hipócritas’. Segundo o senador, são eventos onde “colonizadores insistem em nos tratar como colonizados”.
“Não vai trazer dinheiro para absolutamente nada, só tarefa, eles estão terceirizando o remorso deles, querendo vir aqui (no Brasil) nos dar lições”, disse o parlamentar.
O governo do estado já investiu R$ 4 bilhões em 30 obras estruturantes para a cidade de Belém. O Itaipu também assinou convênios de infraestrutura no valor de R$ 1,3 bilhão.
Em contrapartida, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) destaca que este é um evento histórico para a capital paraense, e “uma chance para Belém se projetar internacionalmente”.
“A COP 30 não é apenas um encontro global, mas uma chance única para Belém se projetar internacionalmente, atrair investimentos e impulsionar sua economia. Além disso, representa um marco para o desenvolvimento da infraestrutura da cidade, deixando um legado duradouro para a população”, destacou o paraense.
A COP 30 deve trazer ao Brasil representantes de 190 países para discutir os assuntos climáticos como desmatamento, poluição, transição energética e poluição.
Exploração de petróleo
O atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), conversou nesta semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a exploração de petróleo na bacia da foz do Amazonas, há 530 quilômetros do rio Amazonas.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é contra a exploração do petróleo, mas Lula deu aceno positivo à exploração, tomando para si a responsabilidade das liberações ambientais.
“Por que a Guiana Francesa está explorando o petróleo na foz, e o Brasil não? É porque a Marina não deixa? Não, o Lula tem que explorar o petróleo, tem que explorar nossas riquezas. Ninguém tem esse direito de dizer não a um povo como o Amapá, que também protege a nossa floresta e não tem outros meios econômicos a não ser essas riquezas que a natureza nos deu”, enfatizou Aziz.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, já afirmou ao jornal Valor Econômico que a licença ambiental para a perfuração pode ser emitida a partir de março de 2025.
O senador Plínio Valério (PSDB) destacou ao Portal AM1 que a chegada de Alcolumbre pode beneficiar as pautas voltadas para a Região Norte do País, inclusive, a liberação para a exploração de petróleo.
“O Davi é muito prático, e não é bom apenas para o Amapá, é muito bom para o Brasil. Eu tenho esperanças, até porque não é favor algum, nós merecemos. O problema é o aparelhamento que as ONGs promoveram”, disse Valério.
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