MANAUS (AM) – As divergência de alianças entre os deputados federais Alberto Neto e Silas Câmara poderão provocar um racha no partido político dos parlamentares, o Republicanos, e resultar em rumos distintos para as eleições gerais de 2022.
No último fim de semana, a agenda dos deputados federais evidenciou uma possível divergência entre Silas e Alberto.
Enquanto Silas Câmara visitava os municípios de Silves, Itacoatiara e Itapiranga ao lado de seus aliados, senador Eduardo Braga (MDB) e deputado Pablo (PL), seu ex-pupilo decidiu seguir uma agenda diferente e participar da manifestação a favor do voto impresso em Manaus.
Alberto aproveitou a oportunidade para abraçar seus os amigos que não possuem mandato, porém, sonham em seguir os caminhos do presidente da República, no caso, Romero Reis e Chico preto (sem partidos).
Questionado sobre um possível racha na sigla devido às suas divergências políticas com Alberto Neto, Silas destacou que não sabe informar a posição do deputado, uma vez que o parlamentar não se comunica com o Republicanos.
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“O Alberto Neto é um deputado que não se comunica com o Republicanos, não há diálogo. Ele prefere dialogar com outros partidos e com o governador Wilson Lima. Neste fim de semana, de fato, tivemos agendas diferentes; ele estava apoiando o Bolsonaro eu estava no interior, pois preciso trabalhar onde o povo está, ouvindo demandas da população. Não posso falar pelo Alberto, mas posso afirmar que, para as eleições do ano que vem, o Republicanos continuará buscando uma representatividade das pautas conversadoras, com a defesa da família, da pátria e de Deus. Eu defendo a bandeira conservadora desde o meu primeiro mandato, hoje existe um movimento da “nova direita”, mas os princípios já são defendidos por mim há anos”, destacou.
Em justificativa à sua agenda, Neto afirmou que estava exercendo a autonomia já acordado com o partido e continuará seguindo a favor do presidente Bolsonaro.
“Quando entrei no Republicanos, o partido me aceitou com essa condição: apoiar e seguir com a minha independência a favor do presidente; tenho essa autonomia. Em um momento tão importante como a manifestação do voto impresso, eu não poderia deixar de participar. Eu vou seguir a política que o presidente decidir para mim, seguirei com a minha independência junto a ele. Por isso, não cumpro as mesmas pautas que o partido, isso acontece desde o início do meu mandato”, argumentou.
Ao analisar o cenário de 2022, Silas revelou que a sigla apoiará Eduardo Braga no pleito eleitoral no Amazonas. A divergência pode resultar na saída de Neto do partido Republicanos, uma vez que Braga faz parte dos senadores que criticam a atuação de Bolsonaro na CPI da Covid, no Senado Federal.
“O Republicanos acredita no senador Eduardo Braga e marchará junto a ele nas eleições do ano que vem, eu garanto. Acredito que o Eduardo sabe o que é melhor para o Amazonas, já demonstrou isso várias vezes no Congresso”, anunciou.
Mesmo com discrição, Neto disse que não compactua com essa decisão do partido e que deve seguir a escolha que Bolsonaro fizer.
“Hoje, eu sou alinhado com o presidente Bolsonaro, que, inclusive, tem sido covardemente criticado pelos senadores Braga e Omar Aziz na CPI; não compactuo com isso e nem apoio os senadores. Sou grato ao Republicanos pelas oportunidades, conquistei muitos espaços graças ao apoio que o partido me deu, mas a mudança de partido é uma possibilidade com a abertura janela partidária no ano que vem. Porém, eu não estou trabalhando nisso agora, continuo meu trabalho com o presidente, esse não é o momento de conversar com outros partidos sobre filiações”, revelou o deputado.
Busca de poder
Segundo Carlos Santiago, cientista político, o racha de alianças e pautas já faz parte da política amazonense, no caso de Alberto Neto e Silas Câmara, as divergências visam suas próprias reeleições.
“Coerência partidária, coerência eleitoral e ideológica, não são atributos dos políticos do Amazonas. A busca e a manutenção do poder são molas das ações e decisões. Alberto Neto e Silas Câmara, embora do mesmo partido, estão envolvidos com diversos políticos de partidos diferentes para conquista de suas reeleições. E, ainda, o fortalecimento de grupos sociais que eles representam: evangélicos e policiais. O caminho fácil para Silas é estar com o Eduardo Braga no interior e Capitão Alberto Neto quer votos do eleitorado bolsonarista e de policiais. Ambos querem manter o poder, mas escolheram públicos e estratégias diferentes”, explicou.
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