Manaus, 3 de julho de 2025
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Manaus, 3 de julho de 2025

Cenário

‘Cobra que não rasteja, não pode engolir sapo’, diz Menezes sobre pré-candidatura ao Senado

Menezes afirma que as eleições deste ano serão uma espécie de plebiscito, onde o povo verdadeiramente vai decidir entre direita e esquerda

‘Cobra que não rasteja, não pode engolir sapo’, diz Menezes sobre pré-candidatura ao Senado

Foto: Divulgação Instagram

MANAUS, AM – Com uma frase bem emblemática para explicar suas idas e vindas ao interior do Amazonas, em busca de tornar seu nome conhecido para concorrer ao cargo de senador, em 2022, Coronel Alfredo Menezes disse que “cobra que não rasteja, não pode engolir sapo”.

A frase foi dita em entrevista exclusiva ao Portal Amazonas1, ao qual Menezes falou sobre o cenário das eleições no Amazonas, estratégias para sua pré-campanha rumo à disputa deste ano, da sua filiação ao PL, bem como a relação entre política e religião. O nome dele entrou em polêmica neste fim de semana, após defender o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes, que decidiram reduzir o IPI e viraram alvo de críticas no Amazonas.

Em viagens pelas cidades do interior desde o ano passado, Menezes afirmou que ele já conhecia 60% das cidades do estado, pois esteve no Exército Brasileiro e também trabalhou em uma instituição financeira privada que o fez conhecer a realidade amazônica, porém, revelou que precisa estar presente em algumas delas e que ainda não as conhecia.

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Menezes afirma, ainda, que as eleições deste ano serão uma espécie de plebiscito, onde o povo verdadeiramente vai decidir entre direita e esquerda. “O Brasil está em um processo de mudança! Ou a população brasileira vai seguir pela esquerda ou seguir pela direita. Que Deus possa iluminar a maioria da população brasileira, estou falando de maioria, porque a democracia representa a maioria para que a gente possa escolher candidatos que tenham crença em Deus, Pátria e família e lutam pela defesa da nossa liberdade”, disse.

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Política X religião

Sobre a questão da discussão sobre política nos espaços religiosos, Menezes disse que é de extrema necessidade que o debate aconteça, pois segundo ele, “quando o bem se omite, o mal toma conta”, defendendo que todos os segmentos do Estado, que é laico, devem ter sua representatividade.

Fora da batalha

Fora do campo político e militar, Menezes disse que é de fato um “caboclo da terra” e sua alimentação é toda baseada em peixes amazônicos e não janta. Acorda às 5h para fazer atividades físicas, dorme depois das 22h e não tem sábado e domingo. No café da manhã, todos os dias come pão com ovo e tucumã.

Menezes disse que não tem vícios, é casado há 40 anos, tem duas filhas, cristão e diferentemente do que aparenta ser “turrão”, por ser reservado, ele adora contar piadas, gosta de leitura, vive para família e acredita em Deus. Além de se aventurar sobre duas rodas.

Menezes
Menezes já organizou motociata para o presidente, porém ele não participou por problemas de saúde. Foto: Instagram

“Sou homem de trabalho e gosto muito dessa passagem bíblica: ‘Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem’ (Salmos – 128:2). Quando tem problema nós vamos levantar e não ficar dentro da casa da gente”, disse Menezes, criticando adversários políticos sem citar nomes.

Confira mais detalhes da entrevista:

AM1: Quem é o coronel Menezes?

CM: Coronel Menezes, em primeiro lugar, é militar, amazonense, nascido em Manaus. Eu verifiquei que pouca gente sabe disso. Eu sou da terra e nasci no bairro da Cachoeirinha e fui criado no [bairro] Alvorada, lá em 1970, quando o Alvorada era o final da cidade, como se fosse o último ponto, antiga cidade das palhas. Eu cheguei até aqui pelo ensino, pela qualidade do ensino, eu tive uma educação, uma formação, uma base boa. Estudei no Colégio Militar (CMM) por sete anos e de lá fui cursar a Academia Militar dos Agulhas Negras (AMAN), no Rio de Janeiro, e conheci o capitão Bolsonaro. No Exército Brasileiro, a minha formação é de oficial de Armas de Engenharia. Os engenheiros são aquelas pessoas, que na Amazônia, nós construímos portos, aeroportos. Nós somos os militares da infraestrutura, coisa que é extremamente importante para o desenvolvimento do nosso Estado. Na mesma cadeira que eu me sentei, lá na Academia Militar [na faculdade], 10 anos depois veio o nosso atual ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura. Pois bem, passei 30 anos no Exército Brasileiro, lá solidifiquei meus valores morais, familiares, a disciplina, a resiliência, o Exército lapidou esses valores e me deu outros e desses que eu ganhei, o mais importante é a meritocracia.

AM1: A amizade com Bolsonaro o influenciou a entrar na política?

CM: Quando eu cheguei, em 1983, eu fui em uma igreja e conheci nessa igreja o capitão Bolsonaro, aí vem o meu relacionamento com o presidente, então praticamente já são 40 anos. E, sim, me influenciou na política. Eu nunca tive a intenção de ser político, nunca procurei a política. Depois que eu saí do Exército pautei a minha vida na iniciativa privada […] eu acho até que eu cometi um deslize, porque tem uma regra que diz que “quando os bons se omitem o mal impera, toma conta”. Eu, como toda a maioria dos brasileiros, procurei me afastar ou me manter afastado pelo perfil, pelo estereótipo negativo que o político tem. Mas hoje, eu reconheço que cometi um erro, eu devia ter começado muito antes.

Menezes
Menezes disse que com toda certeza a amizade com o presidente, desde os tempos de Exército, o influenciou para ser político. Foto: Divulgação / Instagram

AM1: Como o senhor, que tem um nome novo na política, tem feito para conquistar futuros votos no interior, onde eles fazem a diferença para o cargo escolhido?

CM: Os caciques do Estado, os “políticos velhos”, mas os caras que estão na política não querem perder sua majestade e quando sempre vem uma nova liderança eles sempre falam: o cara é novo, mas eles esquecem de mencionar o preparo do novo. Eu fiz todos os cursos de alto nível do Exército, representei meu país lá fora por duas vezes. Cursei a Escola Superior de Guerra, que te dá uma visão de mundo e de Brasil, demonstrando a importância da Amazônia e do Amazonas no contexto nacional e internacional. Fui diretor de banco e tenho formação em Administração Financeira, então esse pessoal, ele omite isso, ele diz que o cara é novo, e eu duvido se tem hoje, aqui, algum político com toda humildade eu falo isso, que tenha o perfil nosso de formação acadêmica e profissional. Então eu acho que é isso que nós temos que fazer as pessoas do Amazonas conhecerem. Nesse contexto, eu já tinha 12% de conhecimento em Manaus, mas era desconhecido no interior. Então eu comecei a visitar os municípios do interior, conversar com as lideranças, conversar com os apoiadores do presidente, conversar com as lideranças de todos os segmentos da sociedade que me recebessem: religiosas, políticas, de segurança, do comércio. Por eu trabalhar no Exército e no banco eu já conhecia 60% do interior, mas tem cidades que eu nunca estive, como Guajará muito distante, Ipixuna e Itamarati, que eu nunca estive lá. Agora eu tive a oportunidade de estar em quase todos eles e vou focar, a partir de março, nos dez maiores.

Menezes
Menezes durante campanha para prefeito de Manaus, em 2020: Foto: Divulgação

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AM1: Política e religião, como o senhor vê essa relação?

CM: “Eu vejo o seguinte, é… e eu ainda vou acrescentar aí, eu vejo que tem que estar envolvido sim, baseado naquilo que eu acabei de falar: quando o bem se omite, o mal toma conta. Então o Estado é laico, mas todos os segmentos do Estado têm que ter a sua representatividade na política. Porque se você não se faz presente, a oposição a esse Estado e a esse segmento, ele vai ditar normas que vão contrariar os interesses dessas pessoas, essa é a lógica. Eu sou a favor sim, que a igreja participe da política para defender seus interesses, porque senão, vamos ter uma sociedade que daqui a pouco vai estar mudando a nossa Carteira de Identidade, tirando a filiação de pai e mãe, colocando filiação 1 e filiação 2 e por aí vai. Então nós temos, sim, que ter representatividade, não vejo nada ruim. O que eu vejo é que dentro da igreja tem que defender os interesses dela e ela tem que tomar cuidado para que segmentos sectários e ideológicos de esquerda, que são contra a crença na divindade possam contaminar a igreja. Então, por exemplo, o socialismo, a base dele é o ateísmo, então as pessoas vão, assim, com capa de cordeiro, os socialistas puros de alma, o comunista, que isso faz parte da índole deles, tá lá no Manifesto de Marx, de Hegel e no Manifesto Comunista de 1848. Eles se dizem cristãos e quando eles tomam o poder, a primeira coisa que eles fazem é tirar a capacidade de crença em Deus, porque quando o homem não tem crença neste Ser Superior, ele fica fácil de ser domado.