Os aprovados no concurso público da Secretaria Municipal de Educação (Semed), que atualmente estão no cadastro reserva, totalizando aproximadamente, 1.600 profissionais, cobram do atual secretário Pauderney Avelino, a promessa feita em agosto do ano passado, de que enviaria para a Câmara Municipal de Manaus (CMM), um projeto de lei que destina 3.500 vagas de professores, e com isso, a possibilidade de convocação e nomeação dos profissionais.
Com a saída de Pauderney, anunciada no último dia 16, a comissão teme que o processo em busca das nomeações retroceda e os professores sejam prejudicados, uma vez que segundo eles, o PL está tramitando há sete meses na Casa Civil da Prefeitura de Manaus, e ainda não foi enviado à CMM para análise e aprovação.
A comissão do cadastro reserva afirma que a Semed alega falta de vagas e ausência de cargos criados, o que para eles é um equívoco, uma vez que mesmo com profissionais na lista de espera, a Prefeitura já realizou processos seletivos, após o certame de 2018. Diante do impasse, o secretário teria se comprometido com a categoria em criar o projeto e resolver a situação.
De acordo com Bruno Gomes, professor classificado em história para a zona ribeirinha de Manaus, as justificativas da pasta não são verdadeiras.
“Como faltam vagas se fazem processos seletivos e existem professores atuando em carga dobrada atualmente? O projeto foi criado após promessa do secretário Pauderney acompanhado do prefeito, mas ele está parado, esse impasse se arrasta há três anos. Nós queremos ser recebidos, queremos ser ouvidos, queremos que esse projeto seja aprovado para sermos convocados, nós passamos no concurso público e estamos aguardando a nossa vaga”, desabafou Bruno.
Pressão na CMM
No último dia 14, a comissão foi até a CMM e após muita insistência e intervenção do vereador Amom Mandel (Sem Partido) foi recebida pelo presidente da Casa, vereador David Reis, que segundo a comissão prometeu intervir e resolver o impasse.
O professor Deleon Araújo, classificado para a disciplina de educação física, afirmou que, ele e seus colegas têm recebido relatos de crianças voltando das escolas por falta de professor.
“Nós estudamos, nos formamos, pagamos uma taxa, passamos num concurso público e a prefeitura simplesmente ignora a gente. Nós gostaríamos de chamar atenção dos tribunais, dos vereadores. Essa semana gente esteve na Câmara, tivemos uma conversa o vereador David Reis, que nos prometeu que buscaria uma resposta junto à prefeitura”, enfatizou.
Os professores que aguardam a convocação demonstram descontentamento com o não cumprimento de promessas e temem que prazo de expiração do concurso, previsto para o dia 23 de janeiro de 2023, vença e todo o esforço tenha sido em vão.
“Gostaríamos que o prefeito tivesse a sensibilidade de olhar para a nossa situação e desse celeridade nesse processo, a mesma celeridade que foi dada para a taxa de iluminação pública, a mesma celeridade que é dada a tantos outros processos que são de interesse da prefeitura”, disse Deleon.
Ilegalidade
A comissão dos aprovados, lembra ainda que em novembro do ano passado, o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), barrou a renovação de contratos de professores temporários para a Semed, uma vez que existe uma lista no cadastro reserva aguardando convocação.
A reportagem ouviu Lambert Melo, coordenador de comunicação do Sindicato dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas do Ensino Básico de Manaus (Asprom Sindical) e o mesmo enfatizou que não concorda com a justificativa para a não convocação dos aprovados.
“Estivemos em uma reunião, em fevereiro agora, com o secretário Pauderney, na qual ele nos informou, que as áreas que precisam de professores são ciências e matemática e que no cadastro reserva não têm mais profissionais dessas áreas, o que não concordamos, pois temos conhecimento de relatos de professores em carga dobrada, sim. Os temporários são amparados pela Constituição, mas os contratos não podem ser prorrogados, uma vez que ao fazer isso, o ato não se configura mais como caráter de urgência’, explicou Lambert.
Manifestação
No próximo dia 31 de março, às 7h, a comissão realizará uma nova manifestação na frente da sede da Prefeitura em busca de uma resposta concreta, segundo os organizadores. “Faremos uma manifestação pacífica e ordeira, mas precisamos de uma resposta, estamos cansados de promessas”, destacou um dos profissionais.
Em tom de desabafo, um dos professores abriu o coração para a reportagem e contou um pouco da luta diária que enfrenta, afirmando que a espera já o levou a desenvolver um quadro de depressão.
“Enquanto esperamos pela boa vontade dessas pessoas que deveriam nos ajudar, eu saio de casa às quatro da manhã para trabalhar de Uber para não deixar faltar comida na mesa dos meus filhos e com a gasolina do jeito que está, estou vivendo igual bicho, trabalhando só para comer. Essa situação me levou a ter depressão, pelo fato de ter estudado, me formado, feito concurso, e hoje, não consigo ser o que estudei, não consigo dar uma qualidade de vida digna pra minha família e temos vários relatos de colegas na mesma situação”, disse o professor.
O vereador Rodrigo Guedes (PSC), se manifestou na última sexta-feira (17), na tribuna da CMM, cobrando que o secretário de educação do município, cumpra a promessa e envie o projeto para a Casa. O vídeo foi publicado nas redes sociais do parlamentar.
“De uma vez por todas temos que resolver a questão dos professores do cadastro de reserva, é um direito deles, é um direito da sociedade, eles precisam ser chamados. Ainda vão fazer estudo, reunião? Não teve tempo ainda? Isso é inadmissível, dizer que um ano e três meses não é suficiente para fazer um estudo básico e enviar para cá. O secretário falou que enviaria em agosto de 2021, estamos em março de 2022”, cobrou Rodrigo.
O Portal AM1 questionou a comunicação da Semed se há alguma novidade sobre a situação do projeto que permitirá a convocação dos professores, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.
Mas, conforme mostras os vídeos a seguir, fica claro a sequência de promessas feitas por Pauderney e até pelo líder do prefeito David Almeida, o vereador Marcelo Serafim.
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