
(Fotos: Divulgação/Instagram e Assessoria)
Manaus (AM) – Nos últimos dias, Manaus foi inundada por diversas pesquisas eleitorais. A maioria indica empate técnico entre os candidatos David Almeida (Avante) e Alberto Neto (PL), apontando que a concorrência pela Prefeitura de Manaus está acirrada e esta deve ser disputada voto a voto, repetindo o cenário de 2020, quando David foi eleito pela primeira vez, superando Amazonino em uma vitória apertada com diferença de cerca de 23 mil votos.
Na época, David teve 466.970 votos, o que representa 51,27%, enquanto Amazonino Mendes obteve 443.747 votos, ou seja, 48,73% do total. No entanto, em relação às pesquisas, o cenário atual é diferente de 2020, pois as projeções apontavam ampla vantagem do candidato do Avante.
Neste pleito, a enxurrada de pesquisas chamou a atenção dos eleitores. Na terça-feira (22), por exemplo, foram divulgadas pelo menos três pesquisas. A Paraná Pesquisas apontou vitória do candidato à reeleição, David Almeida (Avante), com 46% das intenções de voto. Capitão Alberto Neto aparece com 45,5%.
No mesmo dia, a Marca Pesquisas mostrou vantagem de Alberto Neto (PL). Considerando apenas os votos válidos, o levantamento apurou que o deputado federal tem 51% das intenções de voto, enquanto David Almeida tem 49%.
Ainda na terça-feira, o cenário projetado pela AtlasIntel apontou David com 50,2% de intenções de voto, enquanto Alberto Neto registrou 48,7%.
Todas essas pesquisas possuem margem de erro de 3,5 pontos percentuais, indicando uma disputa ainda indefinida.
No sábado (19), o primeiro levantamento da Quaest no segundo turno apontou David Almeida com 43% e Alberto Neto com 41%. A margem de erro do estudo foi estimada em 3%.
Uma das únicas pesquisas que apontou uma diferença mais significativa foi a da Projeta, divulgada nesta quinta-feira (24), que mostrou David Almeida com 55,56%, 11,12 pontos à frente do adversário, que registra 44,44%. O mesmo instituto, no último dia 17, também apresentou um levantamento em que David se destacava com 56,11% contra 43,89% de Alberto Neto.
Pesquisas de 2020
Em comparação às pesquisas do segundo turno da última eleição, o Portal AM1 analisou que as projeções não mostravam um cenário tão acirrado como no pleito deste ano.
Por exemplo, a Pesquisa Ibope divulgada pela Rede Amazônica, no dia 21 de novembro de 2020, apontava David Almeida com 47% contra 32% de Amazonino. Outro levantamento, este divulgado pelo Instituto Perspectiva Mercado e Opinião, a três dias da eleição, também indicava uma boa vantagem de Almeida sobre Amazonino, sendo 55% contra 45%, uma diferença de 10 pontos percentuais.
Outro detalhe analisado é que o número de pesquisas foi bem menor em relação à eleição deste ano. O motivo, segundo o cientista político Helso Ribeiro, é que em 2024 há uma maior quantidade de institutos de pesquisa atuando em Manaus. A outra questão foi a pandemia da Covid-19, que levou a capital amazonense a viver momentos críticos.
“Em 2020, estávamos no auge da pandemia, o que complicou a situação. A eleição foi adiada para novembro devido à delicadeza do momento, tornando difícil para os institutos realizarem pesquisas de campo. Portanto, essa é uma característica relevante a ser levada em conta”, pontua.
Cenário pode mudar
De acordo com Helso Ribeiro, as pesquisas refletem apenas um momento e o cenário pode mudar rapidamente. Ele destaca que uma pesquisa é como uma fotografia de um instante. Por exemplo, a pesquisa da Quest foi realizada até as 17 horas. No entanto, nada impede que, às 21 horas, essa “foto” tenha mudado.
“É como se você estivesse em uma varanda, tira uma foto do céu e, ao voltar mais tarde, pode encontrar uma cena completamente diferente. As nuvens podem ter aparecido ou desaparecido, e o clima pode mudar de chuva para sol”, explica.
Embora exista uma margem de erro e variações na confiabilidade das pesquisas, o especialista enfatiza que o mais importante é que as pessoas votem não apenas porque um candidato está na frente nas pesquisas, mas pela convicção que possuem em suas escolhas.
Pesquisa é ciência
O cientista político, sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas, Luiz Antônio, explica que pesquisa eleitoral é uma área da ciência que combina métodos científicos validados universalmente. Quando esses métodos são corretamente aplicados, os resultados tendem a refletir a realidade com precisão.
“Por isso, falamos em grau de certeza e grau de fidelidade. Qual é o grau de certeza? Por exemplo, tenho 95% de probabilidade de que essa pesquisa esteja correta, com uma margem de erro de X pontos percentuais para mais ou para menos. Se, ao final de uma pesquisa, o candidato A tem 20% de intenção de voto, e os resultados variam entre 18% e 22%, a pesquisa está correta. Isso porque ela indicou 20% com uma margem de erro de dois pontos percentuais. Portanto, não se pode falar em erro se o resultado está dentro da margem”, afirma.
Confiabilidade
Segundo Luiz Antônio, há um ponto interessante a destacar: muitas pessoas que desconfiam da ciência e das pesquisas costumam argumentar que, com um milhão de eleitores, ouvir apenas 1.250 ou 1.300 indivíduos não é suficiente para obter resultados precisos. A resposta, segundo ele, para essa preocupação é simples.
“Temos, em média, 6 litros de sangue no corpo. Quando fazemos um exame para detectar malária ou diabetes, quantos litros de sangue são necessários? Nenhum; normalmente, é apenas uma gota. Isso ocorre porque o nosso sangue é homogêneo. Com uma pequena amostra, é possível chegar a resultados confiáveis. O mesmo princípio se aplica às pesquisas eleitorais. O pesquisador extrai uma amostra representativa da população, estratificando-a para garantir diversidade. Ele pode decidir ouvir, por exemplo, 53% de mulheres e 47% de homens, assim como considerar diferentes faixas etárias, classes sociais e grupos religiosos. Dessa forma, a pesquisa consegue refletir a realidade da sociedade”, pontua.
Assim como Helso destacou, Luiz Antônio enfatiza que tudo pode mudar de um levantamento para o outro. “Se, durante uma eleição, surge um escândalo ou uma revelação positiva sobre um candidato, a opinião pública pode mudar rapidamente. Além disso, muitos eleitores de direita e extrema direita, especialmente os de classes A e B, tendem a se esconder em relação às pesquisas. Eles habitam condomínios e entram e saem de seus locais de carro, dificultando o acesso dos pesquisadores. Os bons institutos de pesquisa têm métodos para calibrar essa discrepância”, diz.
Eleição ainda não está decidida
O sociólogo frisa que, com base nas pesquisas divulgadas até o momento, é evidente que nenhum dos candidatos está eleito.
“A primeira conclusão que podemos tirar das pesquisas publicadas até agora é que ambos os candidatos ainda têm muito a lutar. Imagino que a ansiedade esteja alta, e eles devem estar com os batimentos cardíacos acelerados. O que realmente vai decidir a eleição será a urna, voto a voto. A diferença deve ficar entre 1% e 2%, o que se traduz em aproximadamente 15 a 20 mil votos para o vencedor, desde que não ocorram mudanças significativas até lá”, prevê.
Para o sociólogo, um ponto importante a ser considerado é que também pode haver um alto número de votos em branco, nulos e abstenções, que podem influenciar o resultado final da eleição. “É uma possibilidade que não deve ser subestimada”, ressalta.
LEIA MAIS:
- A 4 dias da eleição, TSE alerta para consulta ao plano de governo dos candidatos do 2º turno
- Pesquisa Ivéritas coloca Alberto à frente de David no 2⁰ turno
- Action Pesquisa afirma novo empate técnico entre David e Alberto Neto
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.