Condenado a 28 anos de prisão, PM que matou adolescente em 2018 é promovido e segue na ativa

Foto: Vanessa Goudim

Manaus (AM) – Familiares e amigos de Hering Silva Oliveira, jovem de 16 anos morto a tiros por um policial militar em 2018, segue clamando por justiça. O PM Erivelton de Oliveira Hermes, condenado a 28 anos de prisão, em inicial regime fechado.

A sentença foi proferida em julho de 2024, pelo homicídio qualificado, Erivelton foi condenado a 24 anos de reclusão; pelo porte ilegal de armas, a quatro anos e seis meses. Erivelton também foi condenado a dois anos e quatro meses de detenção por fraude processual e à perda do cargo público.

Porém, a família, revoltada, afirma que o PM cumpriu somente quatro meses de prisão, agora solto, foi promovido na corporação e ainda atua na formação de novos agentes de segurança no Amazonas.

Alciclei Ribeiro, amigo da família do jovem que faleceu com um tiro nas costas, concedeu entrevista exclusiva ao Portal Amazonas1, e relatou que não entendeu esse episódio que mostra que não existe justiça para a população.

“Ele tá treinando formação de outros policiais, agora, a gente quer entender como que ele tá trabalhando na corporação se ele foi condenado há 28 anos de prisão e tá solto? A gente, que é família, que é amigo, a gente quer resposta. Ele não forjou uma arma na mão de um adolescente de 16 anos que, em si, era uma criança?!”, declarou Ribeiro.

Durante a entrevista, o amigo Alciclei lembrou que o policial tentou forjar a cena do crime, alegando que o jovem teria recebido o PM a tiros.

“A perícia prova ao contrário do que ele falou, que foi recebido a tiros, que o exame da perícia não foi encontrado nenhum vestígio de pólvoras. O que a gente quer é que ele saia do cargo dele e pague pelo que ele fez, pagar pela injustiça dele. Ele não tirou a vida de um cachorro, tirou a vida de um jovem, cidadão de bem”, disse Ribeiro.

O caso

Hering Silva Oliveira foi morto em 25 de outubro de 2018, na Minivila Olímpica do bairro Santo Antônio, zona Oeste de Manaus. Segundo testemunhas, o adolescente jogava futebol quando a ação policial começou. Durante a abordagem, Hermes atirou contra o jovem, que foi atingido pelas costas e morreu no local.

A versão oficial apresentada à época foi contestada por familiares e amigos da vítima. O Ministério Público do Amazonas denunciou o policial por homicídio qualificado e fraude processual, acusando-o de tentar modificar a cena do crime para justificar o disparo. Um exame feito durante as investigações comprovou que não havia marcas de pólvoras nas mãos do jovem.

Detalhes da condenação

Segundo o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o policial militar Erivelton de Oliveira Hermes foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão, em inicial regime fechado, pela morte do adolescente Hering Silva Oliveira, ocorrido na tarde de 25 de outubro de 2018, na Minivila Olímpica do bairro Santo Antônio, na zona Oeste de Manaus, durante o atendimento de uma ocorrência policial. A vítima foi morta com um tiro nas costas.

O réu foi condenado, também, a outros 2 anos e 4 meses de reclusão por fraude processual.

Pelo homicídio qualificado, Erivelton foi condenado a 24 anos de reclusão; pelo porte ilegal de armas, a quatro anos e seis meses. Erivelton também foi condenado a dois anos e quatro meses de detenção por fraude processual e à perda do cargo público.

Com a condenação, o policial teve a prisão decretada em plenário para o imediato cumprimento provisório da pena.

Outros dois policias (já aposentados) – Ivanildo Rosas de Oliveira e Marcelino Brito de Freitas – que figuravam como réus na mesma ação, foram inocentados pelo Conselho de Sentença da 3.ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus.

A reportagem solicitou uma nota como resposta da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno; atualizações em breve.

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