Manaus, 1 de maio de 2024
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Cidades

Mães indígenas criam filhos sozinhas em meio à pandemia no AM

Conheça a realidade das mães que estão se virando sozinhas na pandemia

Mães indígenas criam filhos sozinhas em meio à pandemia no AM

Foto Divulgação

MANAUS, AM – O Brasil possui, atualmente, pelo menos 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva aponta, ainda, que 35% dos lares chefiados por mães solteiras nesta pandemia, em algum momento, sofreu com a falta de alimentos ou produtos de higiene básica. No Amazonas, os dados alcançam famílias de diferentes realidades; conheça algumas histórias dessas mães e como elas estão lidando com a pandemia no Amazonas.

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Para Elizete Tuirima Ribeiro, da etnia Tikuna, moradora do Parque das Tribos e mãe de 4 filhos, a pandemia causou a necessidade de uma readaptação em casa. Trabalhando como artesã e também tendo trabalhos voltados para a música e teatro, Elizete não teve mais como sair para vender seus materiais e precisou fazer adaptações no modo de venda.

“Eu vendo artesanato para sustentar minha família, com a pandemia, precisei me readaptar em casa. Passei a vender meus colares por WhatsApp e Instagram. Antes, conseguia trazer dinheiro para casa com shows e teatro também”, declarou.

Os shows e as vendas eram feitos na Galeria Amazônia, no Centro de Manaus. Sem Auxílio emergencial e sem Bolsa Família, a indígena afirmou que a cultura foi a única maneira que ela encontrou para sustentar os filhos. “Eu não passei em nenhum auxílio, nem emergencial, nem Bolsa Família. Tenho sustentado meus filhos somente com a minha arte, artesanato e música”, declara.

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O Parque das Tribos também tem outra mãe indígena que passa por situações semelhantes. A estudante de enfermagem Clotilde Mendes também é mãe solo e explica que a cena, nessa pandemia, foi de desespero; principalmente com o risco de não conseguir levar recursos para dentro de casa.

“A dificuldade é a mesma que todo mundo sabe, de uma mãe sozinha. Agora, com a pandemia, é ainda pior, pois o Bolsa Família diminuiu muito, auxílio emergencial não chega até nós. As mães estão fazendo bico, se virando como podem aqui na comunidade, mas o desespero aumentou muito!”, declarou a mãe.

Clotilde é mãe de 9 filhos, destes, 4 são crianças e dependem diretamente dela. Assim como a Elizete, Clotilde sobrevive com as crianças com a renda de artesanato e arte indígena. Neste Dia das Mães, o melhor presente para a mãe é ter os filhos ao lado e com saúde.

 

Mãe amazonense passa dificuldades com filho autista

Larissa e o filho. Foto: Arquivo pessoal

Outra mãe que tem enfrentado desafios nessa pandemia é a Larissa Cristiana, de 26 anos. Mãe de um filho autista, Larissa explica que a situação da pandemia junto ao dever de cuidar de uma criança com Transtornos do espectro autista sozinha tem causado até problemas emocionais.

“Antes, eu trabalhava, estudava, fazia curso era bem agitada. Hoje em dia só igreja e casa. E ajudo meu filho que faz acompanhamento, no momento, ele não estuda, só faz terapia e tem psicólogo. Não coloquei ele para estudar este ano porque ele teve várias terapias e também por conta da pandemia”, disse a mãe.

A mãe não recebe auxílio emergencial e sobrevive com Bolsa Família e a ajuda do ex-companheiro para o tratamento do filho. Com o filho, Larissa mora e divide o aluguel de um apartamento com o irmão, além das dificuldades financeiras, a preocupação da mãe é com o menino.

“A minha única preocupação é só com ele mesmo, porque, no isolamento, não dá para levar ele para parques nem para brincar fora. Em casa, ele fica muito agitado, muito ansioso, não dorme sem o remédio dele e tem crises e se morde. O que mais me afeta é a pandemia, tudo isso mexe com a gente”, desabafou a mãe.