
(Foto: Divulgação)
Manaus (AM) – Ao longo da história da política amazonense, a mídia sempre foi uma forte aliada e serviu de trampolim para profissionais da imprensa alcançarem mandatos políticos. Um dos exemplos mais notáveis é o atual governador do Amazonas, Wilson Lima, que antes de ingressar na política foi apresentador de TV.
Nas eleições deste ano, se observa um aumento no número de jornalistas que se lançam como pré-candidatos a uma das 41 cadeiras na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Um dos nomes em destaque é o do jornalista Clayton Pascarelli. O apresentador de televisão se filiou este ano ao Partido Progressistas, de centro-direita, surpreendendo os colegas comunicadores por sua posição política.
Pascarelli ganhou notoriedade em 2017, após ser demitido da Rede Amazônica, afiliada da Globo, por fazer duras críticas ao então governador José Melo durante a apresentação do programa ‘Bom Dia Amazonas’.
A comunicadora Paloma Souza, conhecida popularmente como Lomittas, também anunciou pré-candidatura a vereadora pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB). Ela é apresentadora da Rede Onda Digital.
Seguindo a mesma linha, o repórter policial Eudógio Gonçalves também é pré-candidato pelo Progressistas, assim como Clayton Pascarelli. Eudógio é conhecido no jornalismo amazonense por suas reportagens policiais sensacionalistas.
Outro jornalista que disputará pelo Progressistas é o ex-deputado estadual Álvaro Campelo, conhecido pelo trabalho voltado à Defesa e Direito do Consumidor. Álvaro já passou pelo Legislativo municipal duas vezes, sendo eleito vereador em 2012 e reeleito em 2016. Em 2018, assumiu como deputado estadual, permanecendo até dezembro de 2022 no cargo.
O repórter Raphael Tavares, conhecido como “Fofinho”, vai disputar pelo Partido Agir. Com mais de 10 anos de experiência na profissão, seis deles na televisão, Raphael ganhou destaque significativo no meio jornalístico ao integrar a equipe do programa de Sikêra Júnior, na TV A Crítica.
A disputa também inclui outros jornalistas, como Diana Rodrigues, da Rádio Rios, e André Moreira, ex-diretor de redação do Jornal Amazonas Em Tempo.
A força da mídia na política
A televisão já elegeu vários nomes para a política. Um dos casos mais relevantes é o do governador Wilson Lima, que disputou a primeira eleição em 2018 e venceu, sendo reeleito em 2022. Wilson Lima apresentava o programa Alô Amazonas, da TV A Crítica. O mesmo programa elegeu Mário César Filho como deputado estadual em 2022, que assumiu o comando do programa após a saída de Wilson.
Além desses nomes, é impossível não citar Wallace Souza, Carlos Souza e Fausto Souza, os “Irmãos Coragem”, que marcaram uma era migrando da televisão para a política. Famosos por apresentarem o programa “Canal Livre”, os irmãos foram eleitos deputados estadual, federal e vereador. Da mesma forma, Sabino Castelo Branco é outro nome da mídia que fez a transição para a política, sendo vereador e deputado federal. Sua popularidade foi tanta que ele conseguiu eleger o filho, Reizo Castelo Branco, como vereador, e a esposa, Vera Castelo Branco, como deputada estadual.
Outro exemplo é o atual vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta, conhecido por apresentar o programa “Exija Seus Direitos”, focado nos direitos do consumidor. Rotta utilizou a influência e popularidade para ingressar na política, sendo eleito deputado estadual por três mandatos consecutivos e deputado federal por um mandato. A força do programa era tão grande que também elegeu a sucessora de Rotta, a jornalista Mirtes Salles, como vereadora de Manaus.
As irmãs, Conceição e Socorro Sampaio, também entraram na política por meio de programas de televisão. Conceição foi eleita vereadora, deputada estadual e deputada federal. Socorro conseguiu entrar na CMM e tentará retornar à Câmara dos Vereadores neste ano.
Tendência
Juliana Fratini, cientista política, observa que o aumento de jornalistas pré-candidatos a vereador em Manaus é um reflexo de uma tendência de longa data, na qual a visibilidade midiática se converte em capital político.
“Existem vários fatores que podem estar contribuindo para o aumento das candidaturas de jornalistas. Primeiro, a exposição constante na mídia cria uma conexão direta com a população, gerando confiança e familiaridade. Jornalistas que cobrem pautas de comunidade, em particular, tendem a ganhar a simpatia do público ao abordar questões do dia a dia que afetam diretamente os cidadãos”, analisa.
Além disso, segundo a especialista, o conhecimento profundo dos problemas locais e a habilidade de comunicação são grandes vantagens para os jornalistas na arena política. Eles já possuem uma plataforma estabelecida para divulgar suas propostas e são vistos como vozes autênticas e comprometidas com a verdade.
“Acredito que os jornalistas, especialmente aqueles que cobrem pautas comunitárias, ainda têm um forte apelo junto à população. Eles são vistos como defensores dos interesses públicos e capazes de compreender e responder às necessidades locais. Essa proximidade com a comunidade e a capacidade de articular soluções para problemas reais os tornam candidatos viáveis e, muitas vezes, preferidos pelo eleitorado”, pontua.
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