Manaus, 28 de abril de 2025
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Cidades

Criança não larga o celular? Excesso de telas na infância dispara casos de ansiedade

A exposição prolongada às telas na infância pode contribuir para o diagnóstico de ansiedade, que disparou nos últimos anos entre crianças e adolescente.

Criança não larga o celular? Excesso de telas na infância dispara casos de ansiedade

(Foto: Arquivo/EBC)

Manaus (AM) – Atualmente, crianças e adolescentes passam horas em frente a telas de celulares, tablets e televisores. O uso excessivo desses dispositivos pode agravar problemas como ansiedade. Nos últimos dez anos, o diagnóstico cresceu 1.575% entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.

Especialistas alertam que a exposição prolongada às telas desde a infância pode contribuir para o desenvolvimento desses sintomas.

O levantamento é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece diretrizes sobre o uso de telas para crianças de 2 a 5 anos. A análise mais recente revela que menos de 1/4 das crianças menores de 2 anos e apenas 1/3 das crianças entre 2 e 5 anos cumprem o tempo máximo diário recomendado para o uso de dispositivos eletrônicos.

A advogada Jaqueline Ferreira, mãe de Lucas Ferreira, de 3 anos, relata que tem notado sinais de ansiedade no filho sempre que ele utiliza dispositivos eletrônicos.

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Lucas Ferreira, de 3 anos (Foto: Arcevo da família/imagens cedida pela mãe de Lucas)

“Quando ele está assistindo à televisão ou mexendo no celular e precisa parar, ele fica ansioso, irritado, faz birra e chora”, conta.

Para evitar os impactos negativos, Jaqueline busca alternativas, como incentivar a leitura e selecionar cuidadosamente os conteúdos que Lucas consome.

Aumento da ansiedade

A psicóloga Maira Barreto afirma o mesmo posicionamento apontado no levantamento da OMS, de que a exposição excessiva às telas pode aumentar os níveis de ansiedade nas crianças.

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(Foto: Arcevo da família/imagens cedida pela mãe de Lucas)

O excesso de estímulos digitais sobrecarrega o sistema nervoso, dificultando a autorregulação emocional. A profissional alerta para alguns sinais aos quais os pais devem ficar atentos:

  • Se a criança fica nervosa quando o celular é retirado ou tem dificuldade para esperar, isso pode ser um sinal de ansiedade;
  • Se ela se torna mais impulsiva ou dependente do celular para se acalmar, pode estar enfrentando dificuldades para gerenciar as emoções negativas;
  • Se a criança passa muito tempo na tela e evita brincar ou conversar, pode estar se sentindo isolada;
  • Se demonstra angústia quando não pode usar o celular, isso pode ser indicativo de um padrão de uso prolongado.

Especialistas recomendam que os pais estabeleçam limites claros para o tempo de tela e incentivem atividades fora do ambiente digital, como brincadeiras ao ar livre, esportes e leituras. Essas práticas ajudam no desenvolvimento saudável das crianças e podem prevenir os efeitos negativos da superexposição às telas.

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Psicóloga Maira Barreto (Foto: Arquivo Pessoal)

Casos de ansiedade entre jovens disparam

Os atendimentos por transtornos de ansiedade dispararam no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 10 anos, especialmente entre crianças e adolescentes.

Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre crianças de 10 a 14 anos, o crescimento foi de 1.575%. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o aumento foi ainda mais expressivo, chegando a 4.423%.

Especialistas associam esse avanço a fatores como pressão escolar, uso excessivo de redes sociais e insegurança sobre o futuro.

O crescimento da demanda pressiona o sistema de saúde pública, que precisa ampliar o atendimento especializado para lidar com o problema.

Pandemia acelerou uso de celulares entre crianças

Um estudo inédito, feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, mostra que, nos últimos dez anos, o uso de internet e a posse de aparelho celular cresceram entre as crianças brasileiras de até 8 anos de idade. Um dos fatores que contribuíram para esse aumento foi a pandemia de covid-19.

Na faixa etária de 0 a 2 anos, por exemplo, a proporção de crianças usuárias aumentou de 9%, em 2015, para 44% no ano passado. Já na faixa etária de 3 a 5 anos, o salto foi de 26% para 71% no mesmo período e, entre 6 e 8 anos, o uso dobrou, passando de 41% para 82%.

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