
(Foto: Arquivo/EBC)
Manaus (AM) – Atualmente, crianças e adolescentes passam horas em frente a telas de celulares, tablets e televisores. O uso excessivo desses dispositivos pode agravar problemas como ansiedade. Nos últimos dez anos, o diagnóstico cresceu 1.575% entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Especialistas alertam que a exposição prolongada às telas desde a infância pode contribuir para o desenvolvimento desses sintomas.
O levantamento é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece diretrizes sobre o uso de telas para crianças de 2 a 5 anos. A análise mais recente revela que menos de 1/4 das crianças menores de 2 anos e apenas 1/3 das crianças entre 2 e 5 anos cumprem o tempo máximo diário recomendado para o uso de dispositivos eletrônicos.
A advogada Jaqueline Ferreira, mãe de Lucas Ferreira, de 3 anos, relata que tem notado sinais de ansiedade no filho sempre que ele utiliza dispositivos eletrônicos.
“Quando ele está assistindo à televisão ou mexendo no celular e precisa parar, ele fica ansioso, irritado, faz birra e chora”, conta.
Para evitar os impactos negativos, Jaqueline busca alternativas, como incentivar a leitura e selecionar cuidadosamente os conteúdos que Lucas consome.
Aumento da ansiedade
A psicóloga Maira Barreto afirma o mesmo posicionamento apontado no levantamento da OMS, de que a exposição excessiva às telas pode aumentar os níveis de ansiedade nas crianças.
O excesso de estímulos digitais sobrecarrega o sistema nervoso, dificultando a autorregulação emocional. A profissional alerta para alguns sinais aos quais os pais devem ficar atentos:
- Se a criança fica nervosa quando o celular é retirado ou tem dificuldade para esperar, isso pode ser um sinal de ansiedade;
- Se ela se torna mais impulsiva ou dependente do celular para se acalmar, pode estar enfrentando dificuldades para gerenciar as emoções negativas;
- Se a criança passa muito tempo na tela e evita brincar ou conversar, pode estar se sentindo isolada;
- Se demonstra angústia quando não pode usar o celular, isso pode ser indicativo de um padrão de uso prolongado.
Especialistas recomendam que os pais estabeleçam limites claros para o tempo de tela e incentivem atividades fora do ambiente digital, como brincadeiras ao ar livre, esportes e leituras. Essas práticas ajudam no desenvolvimento saudável das crianças e podem prevenir os efeitos negativos da superexposição às telas.
Casos de ansiedade entre jovens disparam
Os atendimentos por transtornos de ansiedade dispararam no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos 10 anos, especialmente entre crianças e adolescentes.
Dados do Ministério da Saúde revelam que, entre crianças de 10 a 14 anos, o crescimento foi de 1.575%. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o aumento foi ainda mais expressivo, chegando a 4.423%.
Especialistas associam esse avanço a fatores como pressão escolar, uso excessivo de redes sociais e insegurança sobre o futuro.
O crescimento da demanda pressiona o sistema de saúde pública, que precisa ampliar o atendimento especializado para lidar com o problema.
Pandemia acelerou uso de celulares entre crianças
Um estudo inédito, feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, mostra que, nos últimos dez anos, o uso de internet e a posse de aparelho celular cresceram entre as crianças brasileiras de até 8 anos de idade. Um dos fatores que contribuíram para esse aumento foi a pandemia de covid-19.
Na faixa etária de 0 a 2 anos, por exemplo, a proporção de crianças usuárias aumentou de 9%, em 2015, para 44% no ano passado. Já na faixa etária de 3 a 5 anos, o salto foi de 26% para 71% no mesmo período e, entre 6 e 8 anos, o uso dobrou, passando de 41% para 82%.
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