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Cenário

Crimes famosos: relembre os casos que chocaram Manaus

O Portal Amazonas 1 relembra três casos que tiveram repercussão internacional

Crimes famosos: relembre os casos que chocaram Manaus

Foto reprodução

MANAUS – De herói a vilão, de filho querido a algoz e de príncipe encantado a assassino, esses adjetivos foram usados em casos policiais que voltaram os olhos do mundo para a capital amazonense, o Portal Amazonas 1 relembra três casos que tiveram repercussão internacional.

Segundo o sociólogo e professor Alan Oliveira, o crime está presente na sociedade desde o início da civilização e se tornou um fato social. “Essa atitude é tomada porque motivos pessoais influenciaram tal indivíduo. Nos casos de crimes perversos, a principal questão se dá pelo meio social que a pessoa estava inserida e também pelas motivações pessoais para que tais atos sejam praticados”, afirmou o professor.

Caso Wallace

Sem dúvidas, os irmãos Souza levaram o nome da cidade além das fronteiras nacionais, tendo direito até a uma série em um dos maiores streamings do mundo, a Netflix.

Wallace Souza apresentava um dos programas líderes de audiência no estado: o ‘Canal Livre’, que era exibido pela antiga TV Rio Negro. Com um jeito único de confrontar a ‘bandidagem’ e as chamadas ‘galeras’, o formato era extremamente radical. O ex-policial civil se tornou uma espécie de herói para a população. Chegando a se candidatar a deputado estadual e ser eleito como o mais votado na primeira campanha.

Foto divulgação Netflix

A vida de herói amazonense acabou quando ele foi acusado de arquitetar as mortes divulgadas com exclusividade, ou em primeira mão, em seu programa. Wallace passou a ser investigado pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de drogas, ameaça a testemunhas e porte ilegal de armas de fogo. Os irmãos dele passaram a apresentar o programa para que Wallace se dedicasse à vida política. Eles também foram acusados de associação ao tráfico e de ordenar mortes de alguns chefes do tráfico na capital.

Quando o ex-policial militar Moacir Jorge, vulgo ‘Moa’, foi preso por tráfico de drogas, ele disse que seu “chefe” seria o próprio Wallace. O deputado sempre negou todas as acusações, mas uma foto dos dois juntos em uma piscina na casa do deputado fez a defesa do criador do Canal Livre enfraquecer.

Foto reprodução

Os policiais não podiam fazer nada contra Wallace, então resolveram seguir investigando o filho mais velho, Raphael Souza. Após revista na casa da família, foram encontrados cápsulas de munições deflagradas e uma lista com uma espécie de esquema, onde estava escrito alguns nomes. O mais surpreendente é que na lista haviam os nomes de alguns dos mortos que apareceram no programa.

Foto reprodução

Conforme a polícia progredia nas investigações, Wallace tinha seus direitos políticos revogados. A cada dia, ele estava mais perto de responder na Justiça como uma pessoa comum. No dia 1º de outubro de 2009, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) iniciou o processo de cassação do mandado do então deputado.

Wallace teve sua prisão preventiva decretada no dia 5 de outubro, por associação ao tráfico após ficar quatro dias foragido. O ex-deputado não aguentou e se entregou à polícia no dia 9 de outubro.

Foto divulgação

No dia 7 de julho, Mauro Antony, juiz responsável pela investigação do ‘Caso Wallace’, declarou que o processo estava perto de chegar ao fim. Até aquela data, foram ouvidos 12 réus e testemunhas de defesa. Mauro esperava encerrar o caso em dezembro daquele ano, mas Wallace Souza morreu no dia 27 de julho de 2010 após sofrer uma parada cardíaca.

O Amazonas1 conversou com policiais que acompanharam o caso de perto. Segundo eles, Wallace tinha contato em todos os poderes; seja do bem ou do mal. Além de interagir diretamente com bandidos que dominavam o crime organizado à época, ele mantinha um bom relacionamento com políticos, juízes, desembargadores e demais autoridades do Estado. O objetivo dele era só um: ser o novo secretário de segurança de Amazonas. Um cargo que atrairia todos os holofotes e o levaria à cadeira de governador do Estado. O uso do poder paralelo, de acordo com os policiais, mancharia a corporação e isso era inaceitável para eles.

Até hoje, muitos defendem um lado, outros acreditam que ele foi injustiçado. Sem maiores provas efetivas, o caso caiu em descrédito na Justiça, mas não sai da cabeça dos amazonenses. A verdade foi para o caixão junto com Wallace. O filho mais velho dele desfruta da liberdade.

Caso Belota

Outro crime que ganhou grande repercussão foi o ‘Caso Belota’ que ocorreu dia 21 de janeiro de 2013. Jimmy Robert, Rodrigo Moraes Alves e Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães foram apontados como assassinos de Maria Gracilene Roberto Belota, 55, Gabriela Belota, 26, e Roberval Roberto de Brito, 63. O que chocou o país foi o fato de que o mandante dos assassinatos era filho, primo e sobrinhos das vítimas.

Os cúmplices se entregaram e assumiram que Jimmy seria o autor dos crimes ocorridos, porém, mesmo preso, ele se negou a falar.

Foto Divulgação

Os três autores do crime foram condenados pela Justiça e continuam presos no Centro de Detenção Provisória Masculino II, localizado no quilômetro 8 da rodovia BR-174.

O assassinato teria sido motivado por uma herança, que Jimmy não queria dividir com mais ninguém. Na época do ocorrido, a empregada da família encontrou os corpos de Maria e Gabriela já sem vida. Logo as suspeitas se voltaram para Jimmy, que tinha as chaves do apartamento, pois era uma das pessoas de confiança de Maria Gracilene. O país se voltou para a história que ocorreu dentro de um pequeno apartamento no condomínio Parque Solimões, no bairro da Raiz.

A princípio, a polícia notificou à imprensa que o crime tinha características de latrocínio. Porém, a dedução foi descartada após a Polícia Militar encontrar, no mesmo dia, o corpo de Roberval Roberto de Brito, pai de Jimmy, na sua casa, no bairro São Raimundo, zona centro-oeste da capital,

O delegado Divanilson Cavalcanti, titular da Delegacia de Homicídios e Sequestros (DEHS) na época, presidiu as investigações do caso. Após constatarem que os três corpos encontrados naquele dia eram da mesma família e foram assassinados da mesma forma, os investigadores levantaram a possibilidade do assassino ser uma pessoa que convivia com as vítimas. Essa possibilidade foi confirmada no mesmo dia do crime.

Foto família Belota

Jimmy alegou que matou o pai por conta de uma antiga mágoa e também pela herança de aproximadamente R$ 200 mil. A tia e a prima foram assassinadas porque as duas tinham parte no patrimônio. O publicitário pretendia receber e dividir o dinheiro com a dupla, que o ajudou na execução do assassinato.

Segundo o TJAM, atualmente, Jimmy, Rodrigo e Ruan, continuam presos e cumprem pena no sistema prisional da capital amazonense.

Caso Kimberly

Kimberly Karen Mota de Oliveira, 22, conhecida por ter sido eleita Miss Manicoré, foi encontrada morta na madrugada do dia 12 de maio do ano passado dentro do apartamento do namorado Rafael Rodrigues, 31. A última vez que a família teve contato com a jovem foi no dia 10, quando ela disse que estava com o companheiro.

Na noite do dia 11, familiares foram até o apartamento do suspeito, mas não foram atendidos. Durante a madrugada de terça, a família recebeu a ligação da polícia informando que ela havia sido encontrada morta no local. Na varanda do apartamento do suspeito, a polícia encontrou a faca usada no crime.

Foto Divulgação

Rafael e Kimberly se conheceram em uma boate de Manaus, mas, segundo a investigação, ele já acompanhava a miss pelas redes sociais antes de se relacionarem. Kimberly cursava odontologia da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro) e tinha planos de fazer outros concursos de beleza.

De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, Rafael – que é natural de São Bernardo do Campo (SP) e se mudou para Manaus em 2017, confessou o crime e contou aos investigadores todos os detalhes da morte da miss. Ele a atacou quando estava deitada na cama, logo após ele ler uma mensagem no celular dela. os dois haviam terminado a relação há pouco tempo, mas o auxiliar jurídico do Tribunal Regional do Trabalho não aceitava perdê-la para outro homem.

A jovem teve a vida interrompida muito cedo e o rapaz cumpre pena em Manaus, enquanto aguarda o julgamento.