Foto: Reprodução
Membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Combustíveis, na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE/AM), o deputado e empresário Roberto Maia Cidade Filho (PV) é ligado a duas empresas que têm como principais insumos a gasolina e o diesel e, juntas, elas faturaram quase R$ 30 milhões com o governo do Estado e com os próprios parlamentares da ALE/AM, este ano.
A CPI investiga a prática de cartel entre postos de combustíveis. Denúncias apontam que os donos desses estabelecimentos combinam o tabelamento de preços dos combustíveis, principalmente, a gasolina, independentemente, dos reajustes feitos pelas petrolíferas.
Tendo com um dos sócios o pai do deputado, Roberto Maia Cidade, a Navegação Cidade Ltda., recebeu do governo R$ 29,6 milhões, no período de 1º. de janeiro de 2018 a 30 de julho deste ano, para executar o serviço de transporte escolar, conforme dados do Portal Transparência do governo do Estado.
Na Assembleia Legislativa, outra empresa ligada à família de Roberto, a Cidade Comércio Derivados de Petróleo e Transportes Ltda, obteve cerca de R$ 170 mil, no primeiro semestre deste ano, com a Cota para o Exercício de Atividade Parlamentar (Ceap), que cada um dos deputados tem direito, como apontam informações dos gastos dos parlamentares, no site da ALE/AM.
Roberto Cidade passou a integrar a CPI dos Combustíveis no 4 de junho, mais de três meses após a comissão ser criada, 28 de março. Ele substituiu o deputado e empresário Abdala Fraxe (Podemos), que foi obrigado a deixar a comissão, depois da repercussão negativa de sua condenação por prática de cartel nos postos de gasolina.
Fornecedor próprio
O grupo empresarial ligado ao pai do deputado Roberto Cidade Filho fornece para si próprio o combustível que é usado no transporte escolar, por meio da empresa Cidade Comércio Derivados de Petróleo. Isso lhe permite obter uma margem de lucro maior, se considerado o preço dos combustíveis.
Quanto maior o valor do diesel, por exemplo, mais a Navegação Cidade pode cobrar do governo, e o grupo lucra duas vezes: primeiro com o serviço e, segundo, com o fornecimento do combustível para executar o contrato.
No dia 8 de janeiro, logo no primeiro mês do governo Wilson Lima (PSC), a empresa ligada ao deputado Roberto Cidade, aliado do governo, no Parlamento, faturou uma nota fiscal e recebeu o valor de R$ 2,954.770,84, referente a um dos contratos com a pasta. No total, foram mais R$ 9,2 milhões pagos à Navegação Cidade este ano e R$ 20,3 milhões, no ano passado, no governo de Amazonino Mendes (PDT).
Fornecedor dos colegas
Além de comercializar combustíveis aos motoristas de Manaus, a empresa Cidade Comércio Derivados de Petróleo não só atende negócios da família como, também, aparece na relação de gastos dos deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas, que são colegas de Parlamento de Roberto Cidade Filho.
De acordo com registros da Ceap, foram R$ 169 mil, entre janeiro a junho de 2019, para a conta da maioria dos parlamentares, pagos com dinheiro público. O valor é 30% de todo o montante gasto pelos deputados no mesmo período. Entre os que decidiram não comprar gasolina e diesel da Cidade Comércio está o próprio Roberto Cidade. O fornecedor de combustíveis do deputado, na ALE, é a empresa de Luiz Monteiro da Costa.
Sem resultados concretos
Indo para o quinto mês de implantação, a CPI dos Combustíveis na ALE/AM não apresentou, até agora, um resultado concreto. A presidente da comissão, Joana Darc, já admitiu que a CPI não vai diminuir o preço do combustível, “como algumas pessoas pensam.”
“Na CPI vamos ser éticos e transparentes, para que tenhamos um trabalho exemplar e darmos um direcionamento. Porque a CPI faz isso: dá um direcionamento para que o Ministério Público faça o seu posicionamento”, afirmou a parlamentar.
A reportagem tentou, mas não conseguiu ouvir o deputado Roberto Cidade Filho. Além dele e Joana Darc, integram a CPI dos Combustíveis, na Assembleia Legislativa do Estado, os deputados Fausto Jr. (PV) e Alessandra Campelo (MDB).
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